domingo, agosto 24, 2025

Portugal, Agosto de 2025

 

Fonte da imagem:https://rdpinternacional.rtp.pt/portugal/portugal-sem-chamas-lanca-linha-de-apoio-para-vitimas-dos-incendios

 



Mais do mesmo, incêndios e mais incêndios, o Centro de Portugal arde há semanas, as críticas sucedem-se em barda, diz-se mal dos politiqueiros, aqueles nos quais votam e a quem nada exigem, faltam meios humanos e materiais, falta água, faltam pessoas no Interior completamente abandonado, apenas uns poucos de velhos habitam as berças, velhos demais para cuidar, ignorados pelos doutos das governanças, mais do mesmo, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Nada de novo portanto, sucedem-se os governos, nada muda, todos os velhos novos problemas ressurgem a cada dificuldade, a cada fogacho, nada parece funcionar com o mínimo de tino e ou de lógica, há demasiadas capelinhas, todos querem mandar, vestir coletes cor de laranja e andar por ali a cirandar ajudando ao caos, pobres patetas, demasiada incompetência, demasiado laxismo demasiada corrupção e bandalheira, demasiado abandono, pelas televisões vamos assistindo a essa indesmentível realidade – parecem baratas tontas – dizia alguém um destes dias, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Ministros de férias, vão a festarolas das cáfilas politiqueiras apresentar eventos entre risos e sorrisos efusivos, depois sentindo a estupidez do acto apressam-se a vir às televisões dizer barbaridades, ministras, caladas já nada dizem, não tem nada para dizer, excepto patetices que estamos fartos de ouvir, já vimos isto, eles e elas, falhos de educação, já vimos isto, aparecem pelos monitores das televisões de cenho franzido, tentando mostrar aquilo que não sentem, medíocres miseráveis, estes actuais mais os outros e demais que se seguirão, gentalha, pouco vale estar neles a zurzir, que podemos esperar deste rebotalho ou de que vale dizer que não prestam, isso é a única certeza disto tudo, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Especialistas disto daquilo e daqueloutro enchem-nos o bicho do ouvido com velhas novas soluções requentadas que repetem há décadas e às quais ninguém presta a mínima das atenções, nada muda porém, e quando surge alguma mudança é inevitavelmente e quase sempre para pior, como aos dias de hoje verificamos, aqueles que ontem gritavam – demissão, demissão – hoje que no poleiro estão atalham – que não é bem assim. - Entretanto o Centro de Portugal arde há semanas

Será que este país alguma vez conseguirá sair deste “fado” desta maldição que nos persegue, um terço do país vegeta ao sabor do abandono, mercê de muitas condicionantes que agora não importa trazer aqui, não se vive, sobrevive-se. E o pouco que tinham, essas gentes para sobreviver, esfumou-se desfez-se e cinzas, quando tudo serenar, lá virão as lágrimas de crocodilo, os “inquéritos”, as “comissões” e demais inquirições que nada vão esclarecer e muito menos inquirir, falar-se-á disto até que um qualquer clube sofra um penálti e ou ganhe o campeonato, para o ano logo se verá, empurra-se com a barriga, doutor pra lá doutor pra cá, corja de inúteis, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Condolências às famílias daqueles que faleceram, condolências a um país que está morto e ainda não deu por isso, talvez seja melhor assim, veremos se daqui resultará algo de melhor, uma lição porém podemos reter, - estamos sozinhos- como se ouviu a muitas daquelas pobres gentes que viu arder as parcas posses, essa é grande lição meus caros, estamos mesmo sozinhos temos de nos bastar a nós mesmo, já pouca coisa neste país funciona, a Saúde é o que bem sabemos, a Justiça morreu, a Educação deixou há muito de o ser, a segurança do pobre cidadão já ninguém garante, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia 

quarta-feira, agosto 06, 2025

Povo manso que rumina

 

Fonte da imagem:https://www.marones.pt/conteudo.php?idm=31

  

O tempo corre quente, tão quente que nas árvores os passaritos desfalecem com a canícula, e o manso povo rumina. É Verão, partem a banhos os notáveis, cansados e de algibeiras fartas, cansados partem igualmente alguns dos menos notáveis, mas esses partem só cansados, que vão arejadas as algibeiras, e o manso povo rumina.

Há meses que nos entopem as vistas com não uma, mas duas campanhas eleitorais, há meses que desfilam por cima e por baixo de toda a folha, da maior das urbes até ao mais singelo lugarejo perdido nos confins das berças, cartazes, prospectos e demais poluição visual esborratados com as medonhas carantonhas associadas com as infindáveis listas dos putativos candidatos e demais matilhas de avençados, concorrentes aos lugares, bastante disputados, apesar de muito mal pagos, dizem alguns, dos municípios e juntas de freguesia, é um fartote este desfile de horrores, no entanto o povo manso rumina.

Pelos mágicos panos electrónicos, vão aparecendo em poses mais ou menos marciais os candidatos à presidência desta chafarrica a que gostamos de chamar país, entre almirantes títeres e farsantes, escolheremos lá para o início do próximo ano o senhor que se segue no cadeirão presidencial, entretanto entre esgares e encolher de ombros vamos enchendo as esplanadas, deslumbrados com o caracol e o espectáculo do fogo, a tal época de incêndios, maravilhosa invenção lusa, que nestes meses de estio, em que o futebol está de molho e o resto lhe segue o caminho, vai distraindo a maralha, no entanto o povo manso rumina.

Migrantes pra cima, refugiados para baixo, emigrantes e assim, culturas avessas à cultura, misturas de elementos que não se misturam mas que alguns pobres de espírito insistem em misturar, - somos todos humanos – gritam uns, -abaixo as portas escancaradas – vociferam outros, entretanto o povo manso rumina, apático incapaz de uma reacção, ah, e amamentar só dentro da Lei, sim porque havia aí muita teta seca ainda a dar leite, temos de atalhar à malandragem da mamoca, essa bandidagem que põe em causa o bom nome do país, gosto de governos assim, fortes, que não tem pejo de atacar as mamas da Nação, à bravos de Chaimite, à bravos navegantes que singravam o não conhecido, calem-se as musas que cantaram tais feitos menores, mais os feros Afonsos, tudo é ofuscado por este governo que ataca as bandidas das tetas amamentadoras e ó Deuses, quanta glória há em atacar mamas, no entanto o povo manso continua a ruminar.

Neste seráfico país dos bons costumes, nestas eiras povoadas de mansidão, onde urgências hospitalares abertas, enfrentam probabilidades mais ínfimas que vos sair o euromilhões, o povo manso rumina, embascacado, ultrapassado por uma voragem de um tempo demasiado rápido, cheira demasiado a extinção, a tugúrios de rapinadores e a mediocridade, mas não temam, chegando à hora de almoço, liguem-se os ecrãs, - que estará hoje a arder? – perguntam-se.

Lá fora está um calor de gelar a alma, num inferno de labaredas caindo em cascata de um fiorde dos mares lá do Norte, imutável o povo manso rumina.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia 

sexta-feira, julho 18, 2025

Os trotineteiros

 

Fonte da imagem:https://www.deco.proteste.pt/sustentabilidade/artigo/trotinetes-eletricas-como-circular-em-seguranca

 

A terreola onde habito, permitiu que se criassem, nas últimas duas décadas, hábitos cada vez mais perniciosos e medíocres, mercê de um abandalhamento colectivo que congregou na mesma espiral os vários elementos da sociedade local, desde logo os meus caros concidadãos, as autoridades locais e os restantes representantes da quase inexistente autoridade do Estado.

Este laxismo conjuntural, onde uns se queixam dos outros, sendo ao mesmo tempo pilares de suporte uns dos outros, fez com que se criasse uma incubadora perfeita para este estado de miséria que por cá se vive, uma coisa que vou apelidar de “labreguismo laxista”, cujas características principais passam essencialmente por um respeito muito liberal e comedido pelas leis do país além de uma sui generis abordagem ao cumprimento dessas leis.

O “labreguismo laxista” tem então produzido pérolas de comportamento deveras inclassificáveis que nem o adjectivo “simiesco”, traduz nem quadra bem, com o que por aqui se passa, correndo eu o risco de algum símio cumpridor ver a sua honra ofendida ao ser comparado com esta verdadeira horda de babuínos boçais, recorrendo, e bem, aos tribunais para apresentar a sua queixa contra a minha torpe comparação.

Há uns anos a esta parte, e disto já vos dei notícia amiúde, os passeios desta localidade, servem para tudo. Primeiramente passaram a parque de estacionamento de todo o tipo de veículos, depois para ser deposito de todo o tipo de materiais, equipamentos e sinais, mais recentemente começaram a servir de ciclovias, velhos e novos, homens e ou mulheres, por vezes até de gente que mercê da sua actividade profissional em funções públicas, que deveria dar o exemplo, assistimos a alegres cavalgadas ciclistas por cima dos passeios, isto tudo com a mansa complacência de quem de direito.

Entretanto ganhámos uma outra tendência, os trotineteiros, esta novel "raça" segue a velocidades quase alucinadas por cima dos passeios como se nada fosse, com a maior das displicências, aquilo é tudo deles, permitindo-se até, pasmem-se, invectivar o pobre peão, para arredar do passeio para que eles, os trotineteiros, possam passar, fazem lembrar o famoso “Arreda”1 que qual foguete faíscava pelas ruas de Lisboa nos finais do século XIX e princípios do século XX na sua caranguejola motorizada, gritando para os transeuntes,“arreda...arreda…”.

Eis meus caros o estado da nação, o pobre peão que habita aqui por estas berças, que saído à rua, faz verdadeiras gincanas para atravessar as vias desta gaiola de malucas, tendo de estar sempre alerta, porque de uma qualquer esquina pode surgir um bicicleteiro e ou um trotineteiro tresloucado, por isso caros leitores se vierem a esta terra tenham cuidado, ao dobrar da esquina pode vir um trotineteiro desvairado que vos passa por cima sem mais aquela, sendo que aquilo que mais dói, é a falta de respeito além do laxismo de todos aqueles que deveriam fazer respeitar a Lei.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

1https://sinalaberto.pt/o-arreda/

 

sexta-feira, julho 04, 2025

UM ESPINHO NA GARGANTA

Fonte da imagem:https://www.medicalnewstoday.com/articles/shingles-in-throat
 

 

Não é segredo para ninguém a minha opinião sobre a qualidade do actual Primeiro-ministro, o senhor Montenegro, uma patética criatura, com o carisma de uma fatia de queijo flamengo deixada ao Sol, o pobre do homem não tem ponta por onde se lhe pegue, as suas opções e governação têm demonstrado que estou inteiramente correcto e mais ainda veremos.

Mas não é nem das opções políticas nem da governação do senhor Montenegro que vos quero hoje falar, o meu objectivo é zurzir na atitude medíocre e quase mafiosa do senhor Montenegro na abordagem que escolheu para lidar com um problema chamado Spinumviva, ao condicionar o acesso à informação, ao impor sigilo e sonegar informação, o homem revela maus fígados e pior revela uma tremenda falta ética .

Há uns meses discutia este mesmo tema com alguns amigos, centrada a questão, nessa dia, na legalidade ou falta da mesma de o senhor Montenegro ser dono da tal empresa de consultadoria, enquanto era ao mesmo tempo Primeiro-ministro, por um lado entretido em negociatas por outro a fazer de conta que governa o país, nada de novo portanto, já vimos esta pulhice, porque sejamos honestos esta trapalhada toda nada mais é que uma pulhice, daquelas à portuguesa, uns advogavam que o homem não deveria ser privado da empresa, noutros países incivilizados são obrigados a venderem participações em negócios privados, não apenas por uma questão de princípio mas até para defesa do próprio, coisa que o senhor Montenegro na sua parca capacidade intelectual parece não ter intuído.

A Spinumviva 1 é uma empresa de consultoria de gestão, o que quer que isso seja, oferece orientação e assistência operacional às empresas e ou a organismos públicos, tendo também um pezinho no comércio e gestão de bens imóveis, próprios e ou de terceiros, incluindo claro está a aquisição para revenda, arrendamento e outras formas de exploração económica dos ditos bens imóveis, nada como no fim do dia beber um copo para relaxar, a Spinumviva disponibiliza igualmente serviços no domínio agrícola, em particular a viticultura, turístico e empresarial bem como a exploração de recursos naturais, ou seja é uma verdadeira empresa “faz tudo”.

Nos dois anos de actividade que leva, a Spinumviva fundada pelo senhor Montenegro em 2021, actualmente pertencente à esposa e filhos do senhor Montenegro, não se percebendo bem como é que a esposa e os putos asseguram essa “consultadoria” dado que a senhora é Educadora de Infância, e ou putos, um tem 20 anos e o outro 23 e recém licenciado, mas andando, deve ser por osmose, quase de certeza.

A Spinumviva apresentou nos dois anos de actividade uma facturação de 650 mil euros e lucros de 345 mil euros 2. Nada de novo, estas coisas são feitas para fazer dinheiro, este pobre país está cheio de “spinumvivas”, há décadas que este tipo de organizações quasi mafiosas se dedicam a viver do tráfico de influências, do compadrio e dos “amiguismos” politiqueiros, que servem para sorver os dinheiros públicos, sim porque eles são todos muito liberais, querem todos menos Estado, mas vivem quase todos do esburgar do erário público com negociatas da treta.

Para ajudar ainda mais a compor o quadro negro de pulhice que este caso configura, o senhor Montenegro diz que pediu uma “impugnação parcial” da sua declaração de rendimentos 3, condicionando assim a sua consulta, importa aqui dizer que em países civilizados as declarações desta gentalha politiqueira, além de obrigatórias, são totalmente públicas sendo renovadas anualmente, por cá é o que se vê. O senhor Montenegro declarou em entrevista a um jornal diário 4 que no que concerne a esta tentativa clara de condicionar o acesso à informação, “...se opôs apenas à divulgação da lista de clientes.”

Resumindo, toda esta trapalhada já seria de muito mau gosto e ainda pior índole se o actor principal fosse um qualquer cidadão, sendo o seu principal envolvido o primeiro-ministro deste pardieiro que insistem em chamar país, notem porém, as semelhanças com o outro caso, que anda aos caídos pelas amargas ruas da patética Justiça desta terra da fantasia, o conhecido caso de um antigo primeiro-ministro que adorava salgados e fotocópias.

Esta insalúbre palhaçada deveria fazer revoltar o seráfico, castrado e manso povo que por cá reside, mas não, descontando os que até apoiam o senhor Montenegro e acham que está afazer tudo bem, o que explica muito do Portugal mafioso que existe, os restantes estão nas tintas, o que é triste, pois tal como outros casos, este do senhor Montenegro, envergonha-nos enquanto povo, enquanto país e revela quanto de farsa reina nas instituições deste reino do faz de conta.

Assim, meus caros, quando as “elites” políticas apresentam os comportamentos medíocres, patéticos e quasi mafiosos, como aqueles que demonstrou o senhor Montenegro e os seus , apaniguados, que querem vocês que a restante sociedade de patetas faça?

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

1 https://www.racius.com/spinumviva-lda/

2 https://www.paginaum.pt/2025/02/16/so-em-consultas-empresa-familiar-de-montenegro-facturou-650-mil-euros-em-dois-anos

3 https://www.publico.pt/2025/07/01/politica/noticia/declaracao-rendimentos-montenegro-so-pediu-impugnacao-parcial-marcelo-vai-tentar-saber-passou-2138530

4 https://www.cmjornal.pt/politica/detalhe/montenegro-afirma-que-se-opos-apenas-a-divulgacao-da-lista-de-clientes-negando-noticias-equivocas

sexta-feira, junho 20, 2025

10 de quê?

 

Fonte da imagem: https://www.noticiasdecoimbra.pt/comemoracoes-do-10-de-junho-em-lagos-e-macau-presididas-por-lidia-jorge/

 

Fará sentido fazer do 10 de Junho a festarola pateta que hoje é? Pior, os discursos proferidos neste ano de 2025 a propósito dos eventos festivos comemorando essa data, foram, a meu ver, supimpamente patéticos.

A senhora escritora, ilustre que é, produziu uma grande peça literária, quanto à forma nada a objectar, confesso que gostei, bem escrito, escorreito e objectivo, já quanto ao conteúdo, aí já a porca torce o rabo, se a tónica sobre o grande Camões, me pareceu muito bem, apesar de a senhora escritora estar um pouco equivocada sobre as crianças das escolas e as escritas de Camões, a “mesquinha realidade” como disse a senhora escritora a certa altura do seu discurso, essa realidade é porém mui diferente daquela que esplana, na realidade os putos estão nas tintas para Camões que acham uma grande seca, não entendendo muitas das palavras ali usadas, os professores coitados veem-se e desejam-se para lhes enfiar pelo gorgomilo as redondilhas camonianas, mas andando.

A senhora escritora, produziu, com o seu discurso, uma dispensável aula de História, que claramente a ninguém aproveita, em especial aqueles a que se devia dirigir, ao Povo, tal não fez, dirigiu-se à elite, essa não precisa desse tipo de discurso, sabe-o de cor e salteado, e foge como o Diabo da cruz de o aplicar, a lenga-lenga sobre Sagres, Lagos, comércio da atlântico, achei particularmente pateta a referência a uns quantos “...raptados na Costa da Mauritânia…”, não que o tráfico negreiro não tenha sido, para os actuais padrões, algo de abjecto, mas ficar-lhe-ia bem, à senhora escritora, falar também dos muitos milhares de portugueses que os piratas norte africanos raptaram para alimentar os mercados esclavagistas do Norte de África, mas isso se calhar era capaz de ser chato, chatas foram também as alusões a Cervantes, Shakespeare e demais “historices” todas perfeitamente dispensáveis, pior, foi o “nós agora somos outros”, ora se isso é verdade que sentido fará então estarmos a comemorar o 10 de Junho, Camões e as comunidades portuguesas?

Igualmente o discurso de sua excelência o senhor Presidente da Republica soou um pouco a patetice, a dada altura declara Sua Excelência que “...não há quem possa dizer que é mais puro e mais português do que qualquer outro." Se no caso do “puro” concordo em absoluto, porque é minha convicção que um português racista, é apenas um estúpido ignorante que desconhece a enorme mescla de que somos produto, no que toca ao resto da frase “...mais português do que qualquer outro.", tenho muitas dúvidas, e tenho essas muitas dúvidas por muitos e variados exemplos que vou vendo, as mais das vezes a realidade desmente as intenções e os “nobres sentimentos”, basta por exemplo olharmos para os exemplos dos nossos emigrantes, muitos deles nascidos por esse Mundo fora, que são efectivamente muitas vezes mais portugueses do que alguns que nunca saíram de cá.

Resumindo, ambos os discursos ficaram aquém daquilo que eu esperava, o “somos”, o “fomos”, mais a restante verborreia passadista, com navegantes e navegações à mistura, parece aquela cassete daquele putativo partido da Esquerda que só tem vitórias e que continua a insistir nas cantigas do proletariado e tal e coiso, soaram a patetice.

Esperava algo mais na linha da necessidade de realmente construir um país, algo que nos escapa há 50 anos pelo menos, com imigrantes, emigrantes migrantes e mais o que se queira, mas com o máximo de equidade e respeito pela Lei, com informações assertivas sobre Direitos e Deveres, sem deixar margem para dúvidas aos cada vez mais “parasitas” que vivem do trabalho dos outros, esperava um discurso sobre uma Democracia forte onde cabem todos mas com regras claras onde quem prevarica deve ser punido com severidade, para conseguirmos construir um país digno desse nome ao invés desta gaiola de malucas, deste Reino do disparate e do faz de conta que hoje somos, infelizmente ficaram curtos os discursos, demasiado arrastados presos a passadismos, a líricas camonianas e a delírios de habitantes de uma bolha que não é o Portugal que nós o Zé Povinho bem conhecemos ou antes que cada vez mais desconhecemos, não sei se vos assalta esta sensação, mas cada vez mais me sinto estrangeiro no meu próprio país, por isso ao invés de discursos patéticos e patetas, esta gentalha politiqueira deveria estar era a tentar ouvir as pessoas para tentar perceber como é que chegámos a esta miséria moral e a este despertar de extremismos bacocos.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

 

 

 

sexta-feira, maio 30, 2025

E agora...

 


Fomos a eleições, o resultado no dizer de alguns foi uma catástrofe, isto faltando ainda à data em que escrevo este artigo, apurar os 4 mandatos do circulo da Europa. Nada que qualquer um de nós, mais avisado, não estivesse à espera. Era óbvio que iríamos assistir a uma queda da Esquerda, partidos gastos e rotos, arrogantes e surdos, com discursos estafados, ao serviço de agendas que pouco dizem aos eleitores propiciaram esta, no dizer de alguns, hecatombe, não esquecer que novamente o maior partido foi a abstenção com uma percentagem a rondar os 36% .

Nas últimas duas décadas, o PS, o PCP o BE e a restante maralha das Esquerdas, esqueceu-se de ouvir os eleitores, não que a Direita tenha feito um melhor trabalho no que ao ouvir concerne, não fez, mas neste particular momento que atravessamos, prenhe de incertezas, o eleitorado, virou-se para aqueles que lhes parecem mais “atinados”.

O PCP mais o BE, quase desaparecem, da Esquerda o único óbvio vencedor é o Livre, talvez pela coerência com mais siso do discurso, depois de ter dado, anteriormente, tiros em ambos os pés com a eleição de uma deputado que se revelou uma pessoa carregada de ódio e promotora de um racismo primário, o Livre, desta vez corrigiu o rumo, moderou-se e deu-se bem.

No que à Direita concerne, o mais que óbvio vencedor é o Chega, quanto a isso nada a obstar é a Democracia. Quanto à AD, Montenegro vence, mas é um perdedor absoluto, e porque afirmo tal coisa, simples, em 1975, o PPD de Carneiro arrecada sozinho 81 mandatos com menos 400 mil votos que Montenegro, um excelente resultado tendo em conta que estávamos em 1975, em 2025, Montenegro coligado com o cadáver político do CDS, obtém apenas 86 mandatos, chama-se a isto uma vitória pirríca, para não dizer outra coisa.

E porque é que aqui chegámos. Pessoalmente é minha convicção que chegámos a este momento complicado, mercê, de uma terrível falta de capacidade de ouvir as pessoas, de uma inaudita arrogância e falta de empatia com os eleitores, por parte essencialmente, mas não só, da Esquerda. No seu quotidiano ss pessoas veem-se a braços com questões simples, que a Esquerda nunca explicou, nem sequer tentou, das coisas mais simples, como explicar, por exemplo, porque é que os nossos filhos, netos e os jovens em geral têm de sair do país em que nasceram para poderem ter uma vida, tendo Portugal necessidade de importar gente, sem qualificações, de outros países.

Ou ainda porque é que os jovens portugueses, trabalham na agricultura, na indústria e na construção civil no estrangeiro e aqui não o fazem, porquê? Que mistério é este que faz com que mais de 2000 médicos saiam do país.

Como explicar a quem trabalhou uma vida inteira e recebe uns míseros 300 Euros de pensão de reforma, que o vizinho que nunca trabalhou e que diz que é de uma suposta etnia recebe 400.

Estas questões podem parecer comezinhas, podem parecer minudências, nada importantes portanto, isto no modo de pensar e actuar dessa Esquerda arrogante, que sempre desvalorizou e menosprezou estas questões, no entanto menosprezar quem vota pode ser um muito mau passo, como efectivamente se revelou, não governar para as pessoas ou antes governar sem as ouvir atentamente sem perceber as suas sensibilidades, anseios, medos, idiossincrasias e até manias, não tentando posteriormente enfrentar e tratar dessas expectativas de um modo assertivo e simples dá sempre maus resultados, os políticos portugueses mais as instituições de Portugal comunicam muito mal, estas eleições legislativas no que toca aos resultados confirmam-no plenamente.

A Esquerda perde clamorosamente mercê dela própria, mas não só, a Direita dita “tradicional” também não sai muito bem, ambas são responsáveis pelos tais “monstros”, dos quais agora se queixam, não esquecer que todos juntos os tais “monstros” somam cerca de um milhão e meio de votos, e não creio que esses “monstros” desapareçam, pior, a arrogância de personagens como a senhora Mortágua, entre outros patéticos exemplos das gentes de Esquerda, só contribui para que os fanatismos xenófobos e racistas cresçam, há que ter humildade, e se necessário inverter rumos, ter bom senso e sentido de Estado, algo que há muito anda arredado da maioria destas personagens politiqueiras que infelizmente nos calharam em sorte.

Resumindo, os partidelhos racistas, xenófobos e por aí adiante, são fenómenos que devem a sua existência essencialmente a uma Esquerda que se esqueceu de o ser e a uma Direita que se vendeu, ambas as sensibilidades foram nestes últimos 50 anos incapazes de dar segurança, instilar confiança além de promover o patriotismo saudável a um povo cada vez mais inquieto, que vê diariamente as instituições basilares a ruir sem que ninguém perca um segundo a explicar porque é que tal caos sucede, um povo que se sente abandonado, e foi esse povo vítima da arrogância surda das Esquerdas e da inépcia criminosa das Direitas que incapaz de fazer ouvir a sua voz, optou por um voto de protesto, espero que não seja tarde e que Esquerda e Direita aprendam.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

sexta-feira, maio 23, 2025

O Funcionário Público

 


 

Não é de todo fácil definir o que é um “Funcionário Público”, a maralha ignara e invejosa, que não pertence à Função Pública, tem por hábito invectivar de forma depreciativa – ah, os funcionários públicos – como se essa massa de gente, essa imensa serpente nervosa de sensibilidades, gostos e personalidades, fosse uma massa única que se movesse num movimento uníssono sempre que tocasse a rebate, infelizmente não.

O “Funcionário Público” é muita coisa, são várias realidades, as sensibilidades, as carreiras, as aspirações, as agendas e as dependências orgânicas. Militares, calceteiros, polícias, juízes, jardineiros médicos, professores, enfermeiros, pertencentes a ministérios, direcções disto a institutos daquilo ou observatórios daqueloutro, pertencentes a autarquias e ou juntas de freguesia a realidade do tal “Funcionário Público” é portanto muito complexa.

Pessoalmente, para vos enquadrar, vegeto pelo funcionalismo público há um pouco mais de 3 décadas, já passei pelos militares, pelos ministérios, pelos municípios e pelas juntas, ainda assim as realidades que conheço não abarcam todas as singularidades daquilo que significa ser “Funcionário Público”, no entanto as tais 3 décadas de experiência que possuo e o muito cogitar, permitem-me ter algumas convicções, por exemplo.

De todas essas realidades que conheço, os funcionários das autarquias são os mais “mansos”, conheço a realidade de várias autarquias, os funcionários das autarquias das terreolas pequenas, são ainda mais “mansos”, são geralmente uma corja de carneiros seguidistas, de sabujos medíocres e de imbecis, isto sem prejuízo da muita e boa gente que trabalha nos municípios e que consegue colmatar muitas vezes as falhas da escumalha politiqueira que são uma corja de bradar aos céus, muitos nem sequer conseguem perceber o que implica ser funcionário, transformando as instituições em verdadeiras anedotas, em gaiolas de malucas, culpa principalmente, mas não exclusivamente, desses funcionários, falhos que são de tino.

Mais, a realidade da proximidade entre funcionário e o eleito, entre eleito/dirigente e eleitor/funcionário, faz com que o polvo dos compadrios corruptos mais se desenvolva nas autarquias, do que no resto das instituições da Administração Pública, claro está sem prejuízo da endémica corrupção que assola transversalmente todas as instituições nacionais sejam públicas e ou privadas, ela é ainda mais visível no seio das autarquias dado que a prepotência e muitas vezes a incapacidade além da falta clara de competência dos detentores dos cargos políticos promovem a mansidão lacustre dos funcionários, divididos entre uma “corte” que vive apenas com o designado propósito de obsequiar os poderosos locais, de lamber cus para assim obter dividendos, promoções e benefícios directos e ou indirectos, sim, eu bem sei que existe uma coisa chamada SIADAP (1) que supostamente serve para avaliar a qualidade dos funcionários, no entanto o dito SIADAP serve apenas para promover os sabujos lambe cus, servindo só de quando em vez, de longe em longe para realmente premiar pessoas com verdadeiro mérito e capacidade, mas essa é uma ocorrência rara, daí os funcionários das autarquias serem tão propensos à mansidão subserviente.

É assim meus caros, vós tendes essencialmente os funcionários que pagais, esta é a minha convicção das coisas, sois livres de discordar, tanto se me dá, até porque a corja de sabujos lambe cus continuará a fazer gato sapato de tudo quanto é ética, decência e verticalidade, tudo claro está promovido pela corja politiqueira que levou muito a peito o conselho do pai do grande Alexandre, “Divide et impera”.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

1 https://diariodarepublica.pt/dr/legislacao-consolidada/lei/2007-34446375