sexta-feira, outubro 10, 2025

Mas de onde é que vem o dinheiro?

 

Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/Money

 

Um destes sábados, ainda de calor, sentados à roda de uma mesa, discutíamos estas questões das flotilhas de Gaza e da guerra com Israel. Nesta roda de gente que se conhece há muito tempo, existem várias sensibilidades, quer de Esquerda quer de Direita, um ou outro mais extremista, mas no geral gente ponderada e com o siso que o meio século e mais uns trocos de vida de quase todos já permite.

Discutíamos polidamente mas com afinco, quero antes de continuar dizer que pessoalmente estou nas tintas para Gaza, para Israel mais para a Palestina, pessoalmente não quero saber disso para nada, idem para o Darfur mais o Iémen, estimo que tudo isso se lixe, Portugal tem suficientes problemas graves para que se gaste tempo a cogitar sobre os problemas dos outros quando não resolvemos os nossos, pode ser uma opinião retrógrada básica e o mais que queiram mas é a minha e tenho direito a ela.

A meio da conversa já tínhamos retrogradado para  os anos 60 e 70, para os tempos dos grupos "terroristas" palestinos, OLP, Setembro Negro, Fatah, Abu Nidal entre muitos outros percursores das Al Quaedas e das talibanices mais modernas, tratávamos de questões muitas delas sem resposta, porque radicam em “erros” anteriores à criação do Estado de Israel, que pessoalmente acredito que mais não foi que uma espécie de aliviar das consciências da Europa em relação ao povo Judeu. Entretanto alguém, não me recordo quem, atira a questão - Mas de onde é que vem o dinheiro?

Ficámos todos em silêncio a olhar uns para os outros sem resposta, quem timidamente aventou uma resposta, que não sei se é verdadeira, mas é a minha convicção, fui eu, olhei para o grupo e expliquei que na minha opinião, quem, há seis décadas, paga esta palhaçada do terrorismo vindo do Médio e Próximo Oriente somos nós, os Europeus, somos nós que de forma directa e indirecta temos andando a alimentar esta rapaziada toda.

Indirectamente por causa da geopolítica decorrente da Guerra Fria, bem como de outros interesses políticos e estratégicos, financiando grupos como por exemplo os Mujahideen do Afeganistão treinados e financiados pelos Estados Unidos, posteriormente forneceram os quadros para os talibãs e outras excrescências terroristas.

Directamente financiamos isto tudo através do consumo do petróleo, enchendo os bolsos a países que há décadas promovem e apoiam organizações terroristas de índole muçulmana radical, Irão, Siria, Quatar, Coreia do Norte ou Cuba são exemplos conhecidos de grandes financiadores do terrorismo mundial. É daí que lhes vem o dinheiro. Somos nós os europeus que financiamos as próprias armas que nos matam há tanto tempo, somos nós que temos falhado em tomar as rédeas do nosso destino preferindo entregar a terceiros esse onús, mercê dessa atitude, hoje com uns Estados Unidos à beira da implosão geridos por alguém com problemas cognitivos, a Europa vê-se num repente sozinha, perdida, a ter de continuar a sustentar isto tudo sem saber bem como.

Depois olhamos para Portugal, onde mães dão à luz no chão de urgências hospitalares ou em ambulâncias, um país à beira do caos que luta sem sucesso contra a falta de natalidade, onde mães que amamentam e ou ficam grávidas são despedidas, um país em que os politiqueiros medíocres continuam a anunciar construções mirabolantes de campos de futebol mais disto e daquilo numa orgia de megalomania atroz, quando o que faz falta são lares, são instituições de cuidados continuados e ou paliativos, são instituições para crianças e jovens deficientes, anunciam-se e esbanjam-se rios de dinheiro em imbecilidades quando para o que importa nem um tostão aparece.

Ao fim da tarde, depois de uma imperial bem gelada, ficámos ali calados, uns mais introspectivos que outros, brindámos à saúde, mas aquela frase - Mas de onde é que vem o dinheiro? - continuou a ecoar na minha cabeça…

Um abraço deste vosso amigo

Barão da Tróia


P.S. - Ouvi, a propósito da ida a Gaza de uma rapaziada à procura de protagonismo a palavra “coragem”.

Coragem, coragem era ser voluntário num lar, sem parar em Ibiza pra beber uns copos, coragem era ir trabalhar com crianças multideficientes sem parar na Tunísia pra beber mais uns copos, coragem era lutar para que se construam equipamentos que nos fazem imensa falta, como sejam os lares, os CRI's, as instalações de cuidados continuados e paliativos, coragem era pegar numa parte dos lautos ordenados e pagar contas a velhotes que definham com reformas miseráveis, coragem seria lutar por um país onde não existam nem reformas de 300 Euros nem de 10 mil Euros, isso é que era coragem, agora entrar em barcos para ir meter o nariz na vida dos outros quando têm um país de merda pode ser muita coisa mas coragem não é.


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