sexta-feira, setembro 13, 2024

Os Dalton fugiram, stop!

 

Fonte da imagem: https://www.spreadshirt.ie/shop/design/lucky+luke+with+jolly+jumper+oh+so+lucky+tote+bag-D5c0a6c8f5fd3e463bb40aecf?sellable=JkD5Gv7jgkCV1aM5XaeD-56-33

 

 

Quem está familiarizado com o grande ícone da BD internacional, sabe e recorda que, a frase do título deste artigo, que surgia só a forma de um telegrama, era o início de muitas das aventuras do famoso cowboy solitário Lucky Luke e do seu inteligente e fiel cavalo Jolly Jumper. Nessas aventuras os Dalton eram uma família de irmãos, dedicados ao crime, Joe, Jack, William e Averell, que volta e meia fugiam da prisão, cabendo posteriormente, ao nosso herói Lucky Luke, com a prestimosa ajuda de Jolly Jumper, a captura dos Dalton, reenviando-os para a prisão, onde também residia Rantanplan, um cão de guarda que o cão mais estúpido do Oeste, prisão essa governada por incompetentes, são notáveis as parecenças com a realidade, de onde seguramente os Dalton acabariam por se evadir novamente.

Ora e se trago aqui esta memória, apesar de continuar a ler as aventuras Lucky Luke com o maior dos prazeres, é porque de novo a realidade está muita à frente da ficção, como se percebe com esta fuga do EP de Alcoentre.

Portugal, é uma ficção! Portugal, é uma anedota! Realidades que não são de hoje, há muito que, enquanto país, vogamos à deriva, entre a anedota e o surreal, eventos absolutamente absurdos, iguais aos da fuga do EP de Alcoentre, se cuidarmos de ir verificar, são inúmeros, provando que a coisa não é de hoje, poderá é estar a ficar cada vez pior, com novos episódios de absurdos, cada vez menos espaçados, mas vamos por partes, vamos tentar perspetivar isto de forma mais ou menos racional.

Comecemos pela realidade do sistema prisional. Há décadas que lemos, ouvimos e vemos, alertas, artigos e reportagens sobre a degradação, sobre a corrupção, o miserabilismo e a falta de condições que existem nas prisões nacionais, já todos vimos, seguramente, vídeos de festarolas dentro das prisões onde reclusos fumam droga, comem bebem e ouvem música como se estivessem numa qualquer discoteca, há décadas que igualmente ouvimos os representantes dos guardas prisionais, pedir condições de trabalho, note-se que as mais das vezes os guardas prisionais reclamam por melhores condições de trabalho e não de aumento de salários, isto deveria querer significar alguma coisa, motivando a súcia politiqueira a agir, infelizmente não, governo atrás de governo, nos últimos trinta anos, apenas contribuíram para adensar o já miserável estado dos serviços prisionais desta anedota chamada Portugal.

A reabilitação social, peça fundamental dos serviços prisionais pois visa reabilitar os reclusos incluídos na vida normal e longe dos tortuosos caminhos do crime, está para a Justiça como o Ensino especial está para a Educação, uma palhaçada pegada, um faz de conta, que vai fazendo o que pode, e pode muito pouco. As instalações prisionais, estão degradadas, algumas num estado miserável, obrigando as pessoas que lá estão, sejam reclusos e ou sejam funcionários a ter de suportar condições apenas dignas de pardieiros terceiro mundistas, que é aquilo que Portugal na realidade é.

À laia de cereja no topo do bolo, temos esta recente fuga, em que tudo é mau, tudo é anedótico, provando que esta é a terra do faz de conta, começando na inteligente ideia de juntar todos aqueles criminosos perigosos e capazes na mesma prisão, passando à inteligente ideia de deixar a rede eléctrica desligada, para a ainda mais inteligente ideia de demorar horas infinitas até a fuga ser comunicada, tudo cheira a anedota, a desleixo, a miserabilismo intelectual, tudo cheira a corrupção, pior tudo cheira a uma miserável indigência de um Estado que muito presume e pouco já pode.

Somemos a toda esta miséria, a farsa encenada pela senhora Ministra, que em 48h, após ler uns papeluchos, ficou a saber tudo sobre a fuga, além de ter ficado a saber tudo sobre os problemas dos serviços prisionais desta anedota chamada Portugal, resumindo tudo a queixar do governo anterior, o que não sendo mentira é apenas uma parcela da verdade, só me pergunto o que terá andado a senhora Ministra a fazer estes 4 ou 5 meses que já leva de governação, turismo?

Concluindo, há décadas que guardas prisionais, funcionários dos serviços prisionais e associações de reclusos, reclamam por condições dignas nos estabelecimentos prisionais de Portugal, infelizmente, a súcia politiqueira nunca dá ouvidos a ninguém, esquecem-se que apenas governam porque neles o poveco vota, sendo a esse mesmo poveco que devem escutar e dar respostas, infortunadamente, como o dito “poveco” não quer exercer os seus direitos nem cuida de cuidar da Democracia, o politiqueiredo rafeiro faz o que entende. Tudo isto parece uma das histórias do comboy solitário, infelizmente Portugal não tem nenhum Lucky Luke, nem sequer um Jolly Jumper, ao invés Ratanplans temos de abastança.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

 

sexta-feira, setembro 06, 2024

Woke ou Hino aos imbecis

 

Fonte da imagem: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/controversias/a-palavra-woke/5273

 

O Mundo está prenhe de imbecis. Olhamos para a Esquerda, aparecem imbecis, olhamos para a Direita, temos mais imbecis. Quero falar-vos hoje, de um grupo medianamente recente, de imbecis, que se socorre de tácticas antigas, quero então discorrer um pouco sobre uma imbecilidade chamada “Movimento Woke1” ou “Cultura Woke” ou melhor ainda, “A récua das virgens ofendidas” como gosto de lhes chamar.

Ao que parece, esta rapaziada, apropriou-se de conceito de justiça social e da luta contra o racismo, escolhendo como origem de todos os males, o homem “branco”, esse racista malvado, que ao que parece, no dizer dessa récua, é o único que é racista, os das outras “cores” são todos santos, logo aqui vemos a imbecilidade a despontar, como se não fossemos todos humanos e não enfermasse-mos todos dos mesmos males.

Esta récua de “wokeiros”, recorda-me a restante tralha imbecil que pulula por aí, nazis/comunas, escumalha de Direita e escumalha de Esquerda, negacionistas, terraplanistas, escumalha religiosa de vários credos, entre o demasiadamente muito lixo humano que este pobre Mundo infelizmente alberga, pedindo eu desculpa aos restantes grupos, grupelhos e grupúsculos de imbecis que eventualmente me possa ter esquecido.

Exemplos maiores dessa “Era do Imbecilato” em que estamos a viver, vemos, de novo, infelizmente, surgir abastança deles, criaturas da qualidade de um Putin, Orban, Lukashenko, Maduro, Trump, Jinping ou Jung On, para não me alargar muito, alumiando apenas aqueles mais conhecidos, podemos ainda juntar muitos, Imans, Rabinos, Pastores, Bispos e outra tralha religiosa, que qual aves agoirentas ainda trazem mais desgraça a um já muito, cada vez mais, desgraçado Mundo.

Refira-se que todo este lixo, “wokeiros” incluídos, se socorre dos mesmos métodos, de brutalidade e falta de humanidade, que caracterizaram contemporaneamente os regimes gémeos do Nazismo e do Comunismo. Em relação aos “wokeiros” a coisa resume-se a este dogma “quem não é woke, é racista e preconceituoso”.

Para além de muitas outras questiúnculas próprias deste tipo de récuas de indigentes intelectuais, e sem prejuízo de algumas das coisas que advogam até estarem certas e devessem ser discutidas com seriedade, o que acho mais preocupante é o revisionismo histórico e histriónico a que esta rapaziada recorre para fundamentar as suas elucubrações alucinadas, desse revisionismo resultam as patranhas que injectam nas redes sociais e nos média, assim arregimentando hordas de analfabetos funcionais que adoram a papa mastigada que lhes entornam pela goela, adoptando esses discursos como verdades insofismáveis e inatacáveis, condenando ao fogo eterno todos os que ousem questionar as barbaridades imbecis que propalam.

Vimos essa virulência nos discursos racistas, sectários e direi até sediciosos, de uma deputada eleita por um partido de Esquerda, e também por parte de um assessor/activista/woke, igualmente pertencente a um partido de Esquerda, estas duas personagens sinistras eram e se calhar ainda são sustentadas pelo erário público, ou seja pelo dinheirito dos nossos impostos, e acaso, um discurso similar nos conteúdos fosse propalada pelos imbecis da Direita, estou certo que cairia “o Carmo e a Trindade”.

Esta gentalha é na sua essência mais recôndita, completamente racista, fascista, nazi, sectária e abjecta, as suas agendas impostas ao Mundo, de novo volto a frisar que algumas dessas questões, são de facto pertinentes, devendo portanto ser discutidas, infelizmente no meia dessa grande agenda, as questões sensatas são uma mera gota num oceano de imbecilidades, ainda assim essas questões pertinentes devem ser discutidas democraticamente, não do modo fascista/nazi com que esta gente o faz, no que há História concerne, as suas visões distorcidas intelectualmente enviesadas e mentirosas mais não fazem que seguir as premissas dos revisionismos patéticos tão actualmente presentes.

Apesar de aparentemente e felizmente, o wokismo estar em declínio, afirmam-no pessoas1 bem mais conhecedoras do que a minha pessoa, acredito pessoalmente que a récua wokeira está, ao invés, isso sim, a transformar-se em algo ainda pior, mais racista e mais sectário do que já é, esperando na sombra a oportunidade de voltar à mó de cima. Provam esta minha actual afirmação, dois documentos, um de 20233, outro já de 20244, ambos com os mesmos conteúdos estúpidos woke.

O primeiro é um documento produzido por uma caterva de wokeiros com o nome pomposo de “Declaração do Porto: reparar o irreparável”, um chorrilho de imbecilidades, que se podem ter sido elaboradas por gente agindo sob influencia de produtos narcóticos, porque gente normal com os três alqueires bem medidos não produziria aquela porcalhice obscena e intelectualmente indigente. O segundo é um artigo recente, de 05 Setembro de 2024, mais não sendo, que um excelente exemplo de imbecilidade wokista revisionista.

Para encerrar, o wokismo, é algo velho, com um nome novo, trata-se apenas de puro fascismo nazi, mas de Esquerda, infelizmente dada a cada vez mais fraca qualidade intelectual e cultural do cidadão médio deste Mundo, a permeabilidade a este tipo de lixo é cada vez mais ténue, não podemos baixar a guarda, cabe a cada cidadão individualmente opor-se a esta gentalha miserável, lutar pela Democracia, contra agendas nazis/fascistas, de Esquerda, de Direita ou Religiosas, resistir é preciso, ontem com hoje cada vez mais. Não tenham dúvidas que a Democracia está efectivamente em perigo.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

P.S. - Aconselho-vos a leitura das obras de um excelente Historiador e um combatente pela Verdade e Democracia enquanto valores essenciais de uma sociedade Livre, fala-vos do Professor João Pedro Marques.5


Referências

1https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/controversias/a-palavra-woke/5273

2https://observador.pt/perfil/joaopedromarques2/

3https://www.buala.org/pt/mukanda/declaracao-do-porto-reparar-o-irreparavel

4https://www.jn.pt/8201703340/ainda-e-nosso-o-ouro-do-brasil/

5https://www.wook.pt/autor/joao-pedro-marques/39485?srsltid=AfmBOop53RR0bJoNWL59reFjfTq5SmRLHUk4tQYX3QbfdK3ytHkSIJiP

terça-feira, agosto 20, 2024

Pequeno manual para, uma correcta e segura, utilização dos passeios no Bairro da Tróia de Almeirim

 


 

Um dos bairros de Almeirim, o Bairro da Tróia, é servido por uma rede viária de excelência, são uma dezena e pouco de ruas, calçadas com seixo rolado, o material mais rasca e barato que se encontrou, nos anos 30 do século passado, para colmatar a dificuldade que as carroças tinham em circular por ruas de terra batida, em especial nos meses de chuva em que se formavam verdadeiros atoleiros naquelas ruelas miseráveis.

As ruas foram então calçadas a seixo, porcaria que por cá havia, em abundância, ainda hoje o que não falta por aqui são calhaus, não existiam passeios, apenas uma ligeira valeta, separava a área de rodagem da zona mais reservada aos peões. Nos anos 80, levantaram-se as pedras todas, para colocar esgotos.

Colocados os esgotos, atapetaram novamente as ruas com os tais calhaus, voltando tudo ao que fora, no tempo das carroças, quase tudo porque se alcatroaram uma ou duas ruas ruas onde viviam pessoas “importantes”, entretanto, chegámos aos anos 90, foram mandados fazer uns passeios, elaborados numa espécie de tijolo em cimento, colorido de vermelho, nalgumas ruas, são esses passeios, tão medíocres, tão exíguos, que dois gatos famélicos não se cruzam, tendo o caro leitor de seguir quase ao pé coxinho para seguir lá por cima, ainda assim um melhoramento assinalável, foi igualmente na década de 90 que se fez aprovar uma decisão camarária que elevou aqueles calhaus medíocres a “património municipal”, uma jogada trafulha que a mais não se destinou que a obviar aquilo que os habitantes do bairro solicitavam à décadas que eram ruas condignas.

E num instante chegámos ao século XXI, o advento do turismo, impõe então que se elabore um pequeno manual que providencie aos incautos turistas, preciosa informação, sobre as peculiaridades da circulação pedonal no bairro da Tróia. É por isso que hoje, com o devido enquadramento histórico vos trago este pequeno manual, sobre como utilizar os passeios do nobre, histórico e ecológico Bairro da Tróia.

Primeiro : Ao utilizar os passeios, tenha atenção que a designação “passeio”, aqui na terra tem uma interpretação particular, não estranhe pois o caro visitante, se por cima do passeio, estiverem aparcados todo o tipo de veículos, bem como outros a circularem, particularmente os imbecis das trotinetas e das bicicletas, ele há carros estacionados, motas, bicicletas e até triciclos, o estacionamento é anárquico, visto não existirem marcações para estacionamento dos veículos, nem ninguém que fiscalize essa anarquia, tenha portanto muito cuidado;

Segundo : Ao utilizar os passeios, tenha atenção, aos muitos troçulhos caninos que os enfeitam, os almeirinenses, pessoas que adoram a higiene e limpeza, tem o hábito arreigado de deixar os canídeos defecar nos passeios, sem terem o trabalho de apanhar a trampa, um outro hábito recente, importado, tão bonitas as culturas diferentes, é deixar garrafas de vidro espalhadas pelos passeios que depois alguém parte espalhando pedaços de vidro pelo passeio, tenha portanto muito cuidado;

Terceiro : Ao utilizar os passeios, tenha atenção, por norma, num dos lados da rua, o passeio, está pejado de postes, caixas, contentores do lixo, sinais de trânsito e o mais que der para colocar lá em cima, o que, por junto com a exiguidade dos passeios ademais com veículos estacionados, condiciona, ou inviabiliza mesmo a utilização desses passeios, tendo o peão, quase sempre ter de ir circular para a faixa de rodagem, tenha portanto muito cuidado;

Quarto : Ao utilizar os passeios, quando pretende passar algum cruzamento e ou mudar de rua, tenha muito cuidado, porque não existem passadeiras, nem os passeios são desnivelados para aceder a pontos de atravessamento das vias, e como por aqui vigora a “lei” do “passa quem chega primeiro”, tenha portanto muito cuidado;

Quinto : Ao utilizar os passeios, tenha muito cuidado com as quedas, não pense que tem a tarefa facilitada, se circular nos calhaus é um pesadelo, andar nos passeios do bairro da Tróia, é um pouco melhor, mas não muito, os passeios estão em mau estado, com rampas para servir as garagens, rampas que são verdadeiras armadilhas, pois num repente a pessoa vê-se num plano inclinado sem se ter disso apercebido, além disso os passeios que estão tão mal cuidados como as ruas, apresentam buracos e blocos levantados que propiciam valentes tropeções, tenha portanto muito cuidado;

Sexto : Ao utilizar os passeios, se utilizar cadeira de rodas, carrinho de bebé, muletas e ou andarilho, esqueça, opte antes por subir os Himalaias, porque a tarefa digna de um Hércules, que tem pela frente pode fazer do mais belo dos dias uma jornada desgraçada, tenha portanto muito cuidado;

Sétimo : Ao utilizar os passeios, tenha muita atenção, siga em “fila indiana”, se vir alguém de frente, um de vós terá de ceder a passagem, tenha cuidado ao ir para a via de rodagem, os carros ali naquelas ruas de calhaus circulam a velocidades estonteantes, ao contrário do que dizem algumas luminárias, tenha também cuidado com os “sentidos proibidos”, aqui existe quase nenhum respeito pelas regras do trânsito e fiscalização não existe mesmo de todo, use calçado leve de sola rasa, os saltos altos podem ser um verdadeiro suplício, um suma se alguma vez lhe passar pela cabeça a nefasta ideia de se internar pelo Bairro da Tróia, tenha muito, mas mesmo muito cuidado.

Post Scriptum: O estacionamento é gratuito, pode estacionar à vontade em cima dos passeios que ninguém lhe dirá nada.

 

Um abraço estival, deste vosso amigo

Barão da Tróia

sexta-feira, julho 05, 2024

Aqui pelo Reino do Isolino

 


 Fonte da imagem:https://lifestyle.sapo.pt/sabores/receitas/arroz-de-lavagante

 

Para nossa grande tristeza e maior infelicidade, sabemos muito bem o que é viver num país do faz de conta, uma anedota com pouca ou nenhuma piada, uma “choldra” cada vez pior frequentada, onde os bandalhos politiqueiros se enchem, com o típico “fartar vilanagem”, enquanto o poveco pateta, empobrece cada vez mais, distraído a discutir se o empurra bolas da moda está a jogar assim ou assado, ou se a selecção desta cloaca vence aquela ou a outra equipa, ou se aquela garota daquele programa do telelixo nacional fica melhor com ou sem silicone nas beiças, assim distraídos, cada vez mais analfabetos, mais brutos e mais fáceis de embarretar, creio mesmo que o fito da dita “Educação” que existe por cá é esse mesmo, embrutecer a populaça, para serem mais dóceis, se não pensarem, se não questionarem, se não colocarem em causa as coisas que lhes querem enfiar pelo gorgomilo, continuarão de canga no cachaço sem escoicear, essencialmente a matarem-se uns aos outros, bêbados e em permanente festança, porque é disso que aquele povo gosta.

Mas não é da realidade que vos quero falar, vou antes criar ficção, a realidade anda tão pateta que um pedaço de ficção é bem melhor, imagem então, uma cidade cosmopolita a que chamaremos Olheiras, por exemplo, a cidade é gerida por um verdadeiro sultão, um daqueles saídos das “Mil Maravilhas”, o Isolino.

O Isolino é um daqueles que o povo adora, “rouba mas faz” diz amiúde a populaça ignorante e labrega, diga-se aliás, que a cidade de Olheiras é a capital nacional do labrego, entretanto um destes dias, para mais provar essa condição de labreguice colectiva, uma outra grande celeuma se levantou qual poeira do deserto, cobrindo tudo de pó, mais uma do Isolino, o bom regedor de Olheiras, ao que parece, o Isolino, rapaz que gosta de ferrar o seu dente em bons, voluptuosos e sápidos nacos, tragar uns bons arrozes, sejam de cabidela ou de lavagante, tudo bem regado com vinhos caros, nada de zurrapas e nem bebidas de pobre como sejam as cervejas, tudo, como é óbvio, incensado à laia de protecção divina, pelo fumo de bons cubanos enrolados à mão, daqueles que o Fidelito tanto gostava, não se trata pois mal o bom do Isolino.

São almoços de trabalho” justificou o Isolino, macacão velho, de rabo cortado, que já esteve engaiolado, por uma qualquer trafulhice, mas os dois anos que esteve à sombra parecem não lhe ter servido de qualquer ensinamento, ou antes serviram, veio ainda com mais capacidades e um maior à vontade, o tempo de gaveta, também ensinou pouco aos pategos dos Olheirenses, essa outra corja de indigentes intelectuais, este poveco é burro que dói, sem ofensa ao animal do mesmo nome que para além de muito mais inteligente do que esta gentalha, pode sentir-se ofendido ao ser comparado com tão medíocre tropa fandanga.

Estão ao que parece a fazer uma tempestade num copo de tintol “Ameixa Coxa”, que parece ser uma apreciada especialidade enófila, da escolha do bom do Isolino que ao que parece fez esburgar ao erário público uns modestos, 139 mil euros em 1.441 "almocitos de trabalho", onde eram convivas umas dezenas de farristas, parece que aquela tropa de glutões tinha uma queda para engolfar lavagante, sapateira, lagosta, sushi, ostras, leitão, camarão-tigre e presunto pata negra, tudo regado a bons vinhos, aguardentes e champanhes. Umas verdadeiras térmitas, belas panças devem ter aqueles comensais todos, glutões gulosos que se empanturram com o erário público, já que Isolino faz questão de tudo pagar. Mas não temam, naquela terra “quem tem olho é Rei” e Isolino até usa óculos, está tudo bem o povo é sereno, é só fumaça, portanto vitória, vitória, acabou-se a história.

Para aqueles que estão a pensar que isto é verdadeiro ou poderá ser, asseguro-vos que não, toda esta história não passa de um delírio de um velho escriba alucinado, nada disto se poderia passar num país moderno, desenvolvido, um país democrático que se preza por ser um Estado de Direito como por exemplo alegadamente se diz que Portugal é. A realidade é infinitamente mais criativa que qualquer ficção, esta última, por muito incrível que por vezes possa parecer, fica sempre aquém da realidade, e é disso que o povo gosta.


Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

segunda-feira, junho 24, 2024

O “Cangaço” uma antiga realidade de terras da Vera Cruz

 

 Fonte da imagem: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/cangaco.htm

 

Hoje, resolvi trazer-vos algo diferente, hoje quero falar-vos de eventos históricos, nomeadamente de um fenómeno de banditismo do Brasil conhecido como “Cangaço”, nós em Portugal, estamos familiarizados com o termo “cangaceiro” sempre associado ao banditismo e ao latrocínio, mercê da nossa exposição de quase 5 décadas às telenovelas oriundas do Brasil. Apesar dessa inicial apresentação romanceada o “Cangaço” é um processo social bem mais complexo e interessante do que aquilo que nos foi sendo dado através dessas produções televisivas.

O “Cangaço” é um fenómeno de banditismo brasileiro, existindo relatos, desde o século XVIII, sobre a existência de grupos cangaceiros que deambulavam pelos sertões nordestinos, no entanto é a partir da década de 70 do século XIX que as actividades cangaceiras começaram a ganhar destaque na imprensa nacional brasileira, com ainda maior destaque e fama nas décadas de 20 e 30 do século XX, com a figura maior do cangaço, que foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, líder popular do cangaço e que durante quase 20 anos, assombrou o grande sertão nordestino, essencialmente sendo responsável directa e ou inderectamente por diversos crimes, alguns deles denotando extrema violência e até mesmo um inusitado grau de selvajaria.

É para essas duas últimas décadas, já no século XX, desse fenómeno de banditismo, que mais pretendo alertar a vossa atenção. O “Cangaço” é um processo social fascinante, cuja classificação é ainda disputada nos meios académicos brasileiros, onde como noutros país, Portugal incluído, os revisionismos, decorrentes de agendas políticas, quer de Esquerda quer de Direita se tentam apropriar de determinados eventos, datas, momentos e ou personagens históricos, para criar mitos identitários que se propõem reviver passados gloriosos e ou lutas sociais, as mais das vezes falseando a verdade histórica, felizmente nada destas lutas “sujas” é objecto deste meu artigo de hoje, pretendo tão somente despertar-vos para esse fenómeno histórico complexo que foi o Cangaço, as conclusões caberão a cada um de vós.

Pessoalmente, é minha convicção que o Cangaço, se enquadra num quadro de banditismo, que ao longo dos tempos foi sempre propiciado pelas condições sociais e ou políticas, onde, partindo da realidade o reconto vai trazer a mitificação de muitas dessas personagens, em Portugal são exemplos dessa minha convicção, fenómenos de banditismo, de onde emergiram personagens complexas como sejam João Brandão 1, Zé do Telhado 2 ou o famoso Remexido 3, tal como Lampião, todos eles foram mais temidos do que estimados, mas ao contrário de Lampião nenhum deles tinha o beneplácito das elites terra-tenentes, todos os três exemplos portugueses emergem no contexto da Guerra Civil 1832-1834, apesar dos fenómenos dos quadrilheiros e dos bandos de ladrões que assolavam as províncias de Portugal remontarem ainda ao tempo das invasões francesas de 1808 e claro ainda a tempos mais remotos.

Tal como Lampião, Zé do Telhado era visto como uma espécie de “Robin dos Bosques” outro exemplo de banditismo social mitificado 4, tal como terá sido o caso de Lampião e dos seus cangaceiros.

Virgulino Lampião bem como os restantes bandos cangaceiros, possuíam um profundo conhecimento do meio ambiente em que se movimentavam, conheciam a caça para se alimentar em caso de necessidade, conheciam as plantas medicinais para ajudar a tratar eventuais doenças e ou ferimentos, estes últimos sustentados nos duros e violentos combates travados com as forças policiais, as famosas “Volantes” 5, o sentido de orientação e a memória visual eram essenciais para o cangaceiro viver o seu quotidiano. As forças policiais que combatiam os cangaceiros, mais os homens que as chefiam e compunham, são por si só um outro objecto de estudo interessante ligado ao fenómeno do “Cangaço”, os combates eram ferozes, sem quartel de uma parte bem com da outra o grau de selvajaria impressionava, com as decapitações de cangaceiros a serem frequentes por serem as cabeças decepadas utilizadas para confirmar a efectiva morte dos cangaceiros.

Hoje felizmente, já muito se sabe sobre esse fenómeno social chamado “Cangaço”, existe uma muito interessante dimensão cultural que roda à volta dessa realidade antiga, existem canais de Youtube, um dos que vejo e creio mais interessante é o de Aderbal Nogueira 6, com material de imensa qualidade historiográfica e memorialista, inclusivamente entrevistas com antigos cangaceiros e com antigos policias, pessoas que viveram na pele os dramáticos eventos do cangaço das décadas de 20 e 30 do século passado, espero então, com este pequeno apontamento ter aguçado o vosso interesse pelo tema, que merece bem a vossa visita.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia


Referências

1 https://correiodabeiraserra.sapo.pt/joao-brandao-um-vilao-que-aterrorizou-as-beiras-autor-luis-filipe-torgal/

2 https://museuvirtual.trp.pt/pt/processos-emblematicos/jose-do-telhado

3 https://remechido.jimdofree.com/

4 https://www.researchgate.net/publication/237429751_Eric_J_Hobsbawm%2527s_Social_Bandit_A_Critique_and_Revision&ved=

2ahUKEwisnMzE5uKGAxWHlP0HHanbBKIQFnoECA4QAQ&usg=AOvVaw0pl8s7N5sqEXU1KN0iK2TB

5 https://jornaldaparaiba.com.br/cultura/nos-tempos-das-volantes

6 https://www.youtube.com/@CangacoAderbalNogueira

 

segunda-feira, maio 27, 2024

SANEAR É PRECISO!

 

Fonte da imagem:https://autossustentavel.com/2019/03/voce-sabe-quais-os-perigos-do-esgoto-nao-tratado-para-o-consumo-de-agua.html

Portugal é um país do faz de conta, um cada vez mais infeliz reino da fantasia, onde uma pequena elite de cretinos lidera e oprime uma cada vez maior horda de imbecis, meros escravos, que se afadigam a encher as algibeiras dessas elites podres, todo este circo, pontuado com cuidadas encenações, aqui vou socorrer-me de algo que Salgueiro Maia escreveu, “Uma das coisas que mais me impressionaram negativamente na Academia Militar foi a constante preocupação com a pompa e circunstância e, em compensação a quase nula com a formação humanística.”

Lendo o que escreveu com atenção e olhando em nosso redor, não é difícil concordar com Maia, a sua observação, feita há mais de 50 anos, continua muito actual em relação a muitas das instituições nacionais, desconheço se em relação à instituição que refere as coisas se mantenham desse modo, mas no geral Portugal continua a ser uma espécie de grande estúdio de cinema a céu aberto onde se encenam as mais elaboradas farsas, Portugal é como já disse um reino do faz de conta, vejam-se os inícios dos anos judiciais, as cerimónias parlamentares mais as cerimónias protocolares disto e daqueloutro, olhe-se a pompa, a circunspecção, as comendas mais as medalhas a brilhar, as fatiotas mais os barretes ridículos quase que patéticos, piores só os discursos que lembram as actuações dos actores canastrões daqueles filmes de classe B que passavam nas matinés do antigamente.

Somos um país cenário, pior, nestes últimos 30 anos, Portugal parece um jogador de monopólio, daqueles muito azarados, que sempre que chega a meio do tabuleiro é mandado de volta à casa da partida. Tal como esse jogador, não conseguimos nunca completar um caminho, a nossa caminhada nunca chega ao fim, somos sempre interrompidos. Como escreveu Rousseau a propósito do nobre acto de caminhar “...precisa que todos o detestem convictamente. É bem sucedido. Organiza a vida de modo a já não precisar de correr nem rastejar, apenas caminhar.”

Mas é precisamente esse simples e descomprometido acto de caminhar, que parece completamente fora do nosso alcance. Cada vez que temos eleições, lá aparecem os “saneamentos”, a dança das cadeiras, os lugares prometidos aos amigos e lá voltamos à casa da partida. Lá volta tudo à famosa “estaca zero”, lá mudamos os gabinetes, mais as mobílias e até as sanitas, somos incapazes de um simples caminhar unificador de atar uma ponta à outra seguindo um caminho que nos leve mais longe, e nestes preparos idiotas esgotamos os cabedais ao erário público, esbanjados em mesquinhices patetas, ainda há pouco me diverti a olhar para a televisão ouvindo as declarações hilariantes de vários patetas a regozijarem-se com a libertação de mais uma panelada de Euros vindos da Europa aqui para a pança glutona deste reino da pedincha, acaso um dia estabeleçam o grupo europeu dos pedinchões, estaremos seguramente entre os primeiros, tal é a voracidade de um país que anda há 300 anos de mão estendida.

E como se tudo isso não fosse castigo suficiente, ainda saneamos, e, caros leitores não há nada pior, profissionalmente falando, do que sermos saneados, afastados, colocados de lado, vítimas de assédio moral no trabalho, sei muito bem do que falo, ver os sabujos singrar enquanto nós estagnamos, é assim que procedem os governos de todas as cores desta choldra, a cada mudança de cadeiras, afastam-se os “indesejáveis”, sejam ou não competentes, sejam as medidas e políticas por estes seguidas boas ou não, na ânsia ideológica de dar “poleiro” aos amigos, demite-se e pronto.

É a esta esquizofrénica mania que toma conta dos politiqueiros que acedem ao Poder, que podemos atribuir muita da ineptidão deste sistema podre e viciado de gestão da coisa pública. Esta perversão aberrante faz com que o país a seguir a cada acto eleitoral, dê dois passos atrás, facto que em muito ajuda a explicar, que apesar de andarmos à décadas a receber milhões e milhões para uma esperada “convergência” com a média da Europa rica, estejamos ao invés cada vez mais próximos da Europa medíocre e falcata, sendo que alguns daqueles países que entraram, depois de Portugal no seio da Comunidade Europeia, carregando ainda por cima pesadas heranças “soviéticas”, já por nós passaram qual foguete por um caracol coxo.

Resta então, à laia de epilogo dizer, que nada disto a que recentemente assistimos por parte do actual Governo é novidade, o saneamento na Santa Casa, na Saúde, na PSP, a existir alguma novidade, essa prende-se apenas com a falta de vergonha e celeridade com que o fizeram, provando que este Governo é tão ou mais bandalho que todos os outros Governos anteriores no que concerne a esta triste questão do “sanear” pessoas, daí termos assistido a essa miséria legal em várias instituições, o pior é que tudo isso se faz a coberto da “legalidade”, os governos têm toda a competência legal para essas mudanças, facto que muito bem nos revela quão podre isto tudo está, quão imoral é a “legalidade”, bem querendo dizer que afinal nem tudo o que é legal é moral, bem antes pelo contrário, muita imoralidade se pratica a coberto da “legalidade”.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

 

quarta-feira, maio 15, 2024

Relação das viagens em busca das “reparações”

 

Fonte da imagem: https://caisdamemoria.wordpress.com/2018/07/08/inicio-da-1a-viagem-maritima-para-a-india/

 

Conforme às instruções de sua majestade Dom Martelo I, Rei daqui e de lá mais das Berlengas e Farilhões, nesta ano da Graça Nosso Senhor de 2024, seguimos, numa barca flamenga, instada a aportar às escuras e frias terras da pérfida Albion, íamos em busca das mui devidas reparações, que os malvados “bifes” nos devem, por tanto mal que nos houveram feito, assim munidos de real carta de embaixada, seguimos com confiança para a já marcada real audiência com o monarca dos ingleses Carolino III, para podermos fazer a apresentação do justo pleito e mui nobre causa dos portugueses.

Recebeu-nos o rei dos ingleses num soberbo palácio, instando-nos a dizer ao que vínhamos, instalou-se sua majestade num grande cadeirão de veludo verde, cruzando as mãos, reclinando-se predisposto então a ouvir-nos enquanto invocávamos a “velha aliança” ao abrigo da qual pedíamos reparações pecuniárias pelos ataques de Sir Drake no século XVI ao território nacional, pelo roubo de várias naus da Índia e do Brasil, estávamos a desfiar o rol das ofensas, quando o rei Carolino III nos fez para declarando.

- Mui estimado embaixador, old boy, ide ver se eu estou lá fora!

- Mas majestade, escutai-nos…

- Já vos ouvimos tempo suficiente, guardas, mostrem o caminho do canal a estes maltrapilhos pedinchões – e sem mais delongas, os guardas deram-nos com as suas reais botifarras no traseiro e num esfregar de olhos estávamos enfiados numa embarcação velha, magoados e maltratados a caminho de França.

Mal tocámos o porto de Calais, seguiu uma mensagem marcando uma audiência com o Imperador dos franceses Macaron I, demorámos uma dezena de horas a chegar por malfadas estradas sem portagem calculem, são doidos estes franceses, assim chegámos à luminosa Paris capital dos Francos. Fomos recebidos já noite escura, o monarca dos franceses Macaron I jantava calmamente, enquanto despachava missivas por cavaleiros que seguiam a toda a brida para todas as partes deste grande reino.

- Ao que vindes nobres portugueses, que novidades trazeis do meu excelente primo Dom Martelo!

- Majestade, Dom Martelo incumbiu esta nossa embaixada de trazer a vossa majestade um pleito, exigindo reparações pecuniárias por causa das invasões francesas…

- Sacrebleu… com o quê? Que dizeis vós... – grita Macaron exaltado, cuspindo metade da perna de frango corado, ah como salivávamos, enquanto ergue o sobrolho irado, soltando uma torrente de impropérios, em francês claro está, fazendo com que de várias portas saíssem dezenas de guardas armados que nos pontapearam imediatamente para o olho da rua, enquanto Macaron gritava a plenos pulmões – Oh les imbéciles…

Fugimos a correr, tomámos uma sege e abalámos à francesa para Berlim, esperando que o Kaiser, fosse de melhor têmpera, acolhendo com melhores fígados as nossas justas demandas, assim com essa boa disposição fomos recebidos pelo Kaiser das Alemanhas, animados porque os teutões já tinham feito algo de semelhante com os Hereros da sua antiga colónia da Namíbia, explicámos a sua majestade, que procurávamos reparo, em moeda forte, por causa das invasões antigas, dos Godos, Alanos, Suevos, Ostrogodos e Vândalos que afinal eram povos germânicos, logo, a Alemanha seria herdeira dessa rapaziada, assim o pedido de reparação fazia todo o sentido.

- Was ist – gritou o Kaiser, enquanto o tradutor lhe dava conta das nossas pretensões, os olhos do homem faíscavam olhando para nós, as suas feições mudaram e entre gritos de “schweinhunden” e “Dummkopf”, fomos expulsos por entre uma saraivada de bordoada de criar bicho, viemos por aí aos rebolões escadas abaixo, debandamos em pânico. A nossa esperança era Roma, esses não nos iriam falhar, afinal falávamos línguas irmãs, éramos latinos e assim, com essa boa esperança trotamos numa carroça puxada por duas pilecas quase tão famélicas como nós, encomendando as nossas almas ao Altíssimo para que nos protegesse.

Que magnifica visão, a cidade eterna estendia-se a nossos pés, com as suas colinas prenhes de vestígios do glorioso passado. Procurámos então o palácio dos imperadores, neste caso era uma imperatriz, Melonia I, solicitada a audiência, fomos recebidos no palácio, de novo expusemos a pretensão que o nosso Rei nos tinha comunicado, tratava-se então de obter reparações, por causa da ocupação a que Roma sujeitara o território que hoje é Portugal na Antiguidade, não só isso mas a imposição da cultura romana e da colonização de que foramos objecto naqueles tempos, a Imperatriz escutava-nos com atenção, a sua respiração era calma, o clima descontraído augurava bons sinais.

- Ma tu sei stupido, per caso? - Grita a Imperatriz Melonia I - ma che cazzo vogliono? - e dizendo isto a um seu gesto, uma turba descontrolada apossa-se da nossa pobre embaixada cobrindo-nos de impropérios e de basta porrada, assim novamente fomos largados numa fusta argelina que demandava Argel, calhava bem porque ali faríamos a nossa penúltima demanda junto do sultão de Argel, onde pediríamos reparações pela colonização e escravização que o território e populações daquilo que é hoje Portugal sofreram às mãos dos muçulmanos do norte de África, escusado será dizer que fomos novamente escorraçados, agredidos com chibatas e só escapámos porque éramos uma embaixada, puseram-nos numa nau castelhana e assim aportámos a Cádiz, seguiríamos para Mardrid pleiteando derradeiramente com o Monarca castelhano sobre as razões que nos assistem a reparações por causa de centenas de anos de invasões, por 80 anos de colonização sobre a alçada dos Filipes – Mierda – respondeu o Rei, regressámos, mais mortos que vivos, amargurados, sujos e esfomeados a Lisboa onde El Rei Martelo nos esperava.

- Ah meus bravos, como regozijo em vê-los de boa saúde, vamos tirar uma selfie – disse El Rei, juntando-nos à sua volta, no fim de tirar não recordo, quantas fotografias, El Rei, pediu-nos o relato das viagens da nossa demanda e quantos milhares de milhões havíamos apurado.

- Nada, mas como nada! - Gritou o monarca saindo da sua habitual fingida bonomia, dando pontapés aos móveis – oh corja de madraços, oh infames…

Não tive coragem de lhe dizer que tínhamos falhado os Fenícios, os Gregos, os Marroquinos, os Mauritanos mais os Vikings, pela simples razão que estávamos fartos de ser apelidados de tontos e de levar porrada, ninguém havia achado a mínima lógica aquilo das reparações, que ideia mais estúpida que o nosso rei havia tido naquela manhã que fora a correr para a sanita acossado por uma ligeira diarreia, se os países do Mundo desatassem a pedir reparações uns aos outros por factos históricos onde é que isto acabaria.

- Escrivão – gritou Dom Martelo – toma nota de um édito real que vou lançar, então é assim, aponta aí. “Eu Martelo I, mando e determino que todos os portugueses vivos e vindouros, legarão em vida a favor do erário público um rim e um olho, para que se possa apurar um montante para as reparações que teremos de pagar aos povos que injustamente colonizámos…

- O homem ensandecera de vez…

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

P.S – Pessoalmente acredito que as palavras de sua excelência o senhor Presidente da República são uma estultice sem ponta por onde se lhes pegue, exactamente iguais à iniciativa patética do senhor Ventura, outro alucinado, digo isto com o à vontade de quem há muito acredita que deveríamos ter devolvido às antigas colónias todas as colecções de bens culturais desses países que estão nos museus nacionais, quanto ao resto, mostra-nos a História que a dita não se “repara”, fiquemo-nos apenas pelo desejo de que não se repita, aí sim é que deveríamos investir com seriedade.