sexta-feira, maio 30, 2025

E agora...

 


Fomos a eleições, o resultado no dizer de alguns foi uma catástrofe, isto faltando ainda à data em que escrevo este artigo, apurar os 4 mandatos do circulo da Europa. Nada que qualquer um de nós, mais avisado, não estivesse à espera. Era óbvio que iríamos assistir a uma queda da Esquerda, partidos gastos e rotos, arrogantes e surdos, com discursos estafados, ao serviço de agendas que pouco dizem aos eleitores propiciaram esta, no dizer de alguns, hecatombe, não esquecer que novamente o maior partido foi a abstenção com uma percentagem a rondar os 36% .

Nas últimas duas décadas, o PS, o PCP o BE e a restante maralha das Esquerdas, esqueceu-se de ouvir os eleitores, não que a Direita tenha feito um melhor trabalho no que ao ouvir concerne, não fez, mas neste particular momento que atravessamos, prenhe de incertezas, o eleitorado, virou-se para aqueles que lhes parecem mais “atinados”.

O PCP mais o BE, quase desaparecem, da Esquerda o único óbvio vencedor é o Livre, talvez pela coerência com mais siso do discurso, depois de ter dado, anteriormente, tiros em ambos os pés com a eleição de uma deputado que se revelou uma pessoa carregada de ódio e promotora de um racismo primário, o Livre, desta vez corrigiu o rumo, moderou-se e deu-se bem.

No que à Direita concerne, o mais que óbvio vencedor é o Chega, quanto a isso nada a obstar é a Democracia. Quanto à AD, Montenegro vence, mas é um perdedor absoluto, e porque afirmo tal coisa, simples, em 1975, o PPD de Carneiro arrecada sozinho 81 mandatos com menos 400 mil votos que Montenegro, um excelente resultado tendo em conta que estávamos em 1975, em 2025, Montenegro coligado com o cadáver político do CDS, obtém apenas 86 mandatos, chama-se a isto uma vitória pirríca, para não dizer outra coisa.

E porque é que aqui chegámos. Pessoalmente é minha convicção que chegámos a este momento complicado, mercê, de uma terrível falta de capacidade de ouvir as pessoas, de uma inaudita arrogância e falta de empatia com os eleitores, por parte essencialmente, mas não só, da Esquerda. No seu quotidiano ss pessoas veem-se a braços com questões simples, que a Esquerda nunca explicou, nem sequer tentou, das coisas mais simples, como explicar, por exemplo, porque é que os nossos filhos, netos e os jovens em geral têm de sair do país em que nasceram para poderem ter uma vida, tendo Portugal necessidade de importar gente, sem qualificações, de outros países.

Ou ainda porque é que os jovens portugueses, trabalham na agricultura, na indústria e na construção civil no estrangeiro e aqui não o fazem, porquê? Que mistério é este que faz com que mais de 2000 médicos saiam do país.

Como explicar a quem trabalhou uma vida inteira e recebe uns míseros 300 Euros de pensão de reforma, que o vizinho que nunca trabalhou e que diz que é de uma suposta etnia recebe 400.

Estas questões podem parecer comezinhas, podem parecer minudências, nada importantes portanto, isto no modo de pensar e actuar dessa Esquerda arrogante, que sempre desvalorizou e menosprezou estas questões, no entanto menosprezar quem vota pode ser um muito mau passo, como efectivamente se revelou, não governar para as pessoas ou antes governar sem as ouvir atentamente sem perceber as suas sensibilidades, anseios, medos, idiossincrasias e até manias, não tentando posteriormente enfrentar e tratar dessas expectativas de um modo assertivo e simples dá sempre maus resultados, os políticos portugueses mais as instituições de Portugal comunicam muito mal, estas eleições legislativas no que toca aos resultados confirmam-no plenamente.

A Esquerda perde clamorosamente mercê dela própria, mas não só, a Direita dita “tradicional” também não sai muito bem, ambas são responsáveis pelos tais “monstros”, dos quais agora se queixam, não esquecer que todos juntos os tais “monstros” somam cerca de um milhão e meio de votos, e não creio que esses “monstros” desapareçam, pior, a arrogância de personagens como a senhora Mortágua, entre outros patéticos exemplos das gentes de Esquerda, só contribui para que os fanatismos xenófobos e racistas cresçam, há que ter humildade, e se necessário inverter rumos, ter bom senso e sentido de Estado, algo que há muito anda arredado da maioria destas personagens politiqueiras que infelizmente nos calharam em sorte.

Resumindo, os partidelhos racistas, xenófobos e por aí adiante, são fenómenos que devem a sua existência essencialmente a uma Esquerda que se esqueceu de o ser e a uma Direita que se vendeu, ambas as sensibilidades foram nestes últimos 50 anos incapazes de dar segurança, instilar confiança além de promover o patriotismo saudável a um povo cada vez mais inquieto, que vê diariamente as instituições basilares a ruir sem que ninguém perca um segundo a explicar porque é que tal caos sucede, um povo que se sente abandonado, e foi esse povo vítima da arrogância surda das Esquerdas e da inépcia criminosa das Direitas que incapaz de fazer ouvir a sua voz, optou por um voto de protesto, espero que não seja tarde e que Esquerda e Direita aprendam.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

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