sexta-feira, outubro 28, 2022

As incompatibilidades

       Isto das “incompatibilidades” é uma chatice, sendo uma coisa que volta e meia salta para a liça, para assombrar o politiquedo, em especial quando a intenção é infectar algum governo sorvado, como é o caso do actual, que começa a estar um nadita corroído, nada contra, faz parte do jogo político, o que me chateia é que isto das “incompatibilidades” seja algo que parece não preocupar ninguém, em especial o tal politiquedo da “upper class”, que é quem mais factura com estas coisas, quanto ao poveco, essa tropa fandanga como sói dizer-se não tuge nem muge.

Isto é tão mais grave porque como é bem sabido, “saber é Poder” e uma parte importante do Poder dos politiqueiros é a informação a que têm acesso, informação essa que como todos nós bem sabemos e vemos é utilizado a bel prazer dos ditos para facilitar todo o género de negociatas, dos próprios e ou dos seus familiares, perpetuando as oligarquias mafiosas de antanho.

Ultimamente as trapalhadas desta índole que envolvem, ministros, secretários de Estado, presidentes dos municípios e ou familiares, tem saído semanalmente, o que ao cidadão mais desavisado pode parecer inusitado, na verdade não o é. Se com uma lei das incompatibilidades tão miserável como esta em vigor, os casos são mais que muitos, imaginem o que não seria acaso tivéssemos uma legislação decente que não permitisse este tipo de alarvidades, e se a coisa no que concerne aos detentores de cargos nos governos, é patética, em relação a outros titulares de cargos políticos que não estejam no Governo, como seja o caso de deputados ou autarcas, as regras já são mais relaxadas, para que se perceba é mais difícil, senão impossível, ao calceteiro da câmara de Vila Velha de Santa Eufrosina, trabalhar a fazer calçada nos seus tempos livres quando está fora de serviço, do que um senhor deputado ser sócio de um grande escritório de advocacia, daqueles que fazem as leis, que posteriormente o mesmo senhor deputado e amigos farão aprovar, e é desta obscena perversão do sistema que falamos.

Pior, sendo detentores de informação privilegiada, que há muito utilizam para as negociatas, enchendo o bolso à conta do erário público, a escória politiqueira, que faz e aprova a Lei, nela fazendo de imediato constar, caminhos e subterfúgios que tudo permitem e justificam, agem com uma pavorosa impunidade de tão habituados que estão a não acontecer nada, porque sabedores que os da outra cor fazem e sempre fizeram o mesmo, dado que estas traficâncias são uma espécie de acordo tácito não escrito, não sendo portanto de bom tom levantar “a lebre” como diz o povo, no entanto quando imposições das pulhas estratégias políticas o impõem a escória politiqueira faz ruir este acordo sendo que então lá aparecem, nos jornais e televisões que os mesmos politiqueiros também controlam, os casos de politiqueiros cujas traficâncias roçam o miseravelmente obsceno esburgo mafioso do erário público com recurso às traficâncias costumeiras, aos “ajustes directos” ao “interesse público” tudo dentro da Lei claro está, e assim se vai exaurindo a “coisa pública”.

Não lhes bastam todas as prebendas e alcavalas que desde 1974 esta corja fez aprovar em pé de Lei para seu próprio benefício, as senhas de presença, as ajudas de custo, os carros, os cartões de crédito, os telemóveis e computadores, sempre do último modelo, bem como todas as “mafiosices” que estes pulhas concedem a eles próprios, e parece que nunca chega.

Portanto meus caros, esta questão das “incompatibilidades” detentores de cargos públicos, é mais uma palhaçada típica, deste paraíso do faz de conta a que chamamos Portugal. As pulhices são tantas, vão desde os familiares enfiados pela goela do serviço público, verdadeiras teias familiares, um dia que investiguem isto, vamos fartar-nos de rir, gentalha incapaz nomeada para cargos de chefia, de quem outro mérito não se lhes conheça que o facto de serem família e ou amigos chegados de um qualquer politiqueiro medíocre, até às já citadas negociatas mafiosas, mais uma vez um dia que investiguem os municípios, as juntas de freguesia e outros organismos públicos, a malta vai fartar-se de rir, com tanto bandalho mafioso, com tanta roubalheira e tanto “ajuste” para fazer jeito e ganhar uns milhares ao pobre “Zé Pagão”.

É por tudo isto, meus caros amigos, que nada disto espanta muito, poderá apenas espantar os distraídos, para os outros, infelizmente poucos, os que vão andando atentos a este pote de estúrdia em que Portugal se transformou, nada disto é estranho, todos já nos confrontamos com coisas destas, lá na terrinha, até conhecemos os protagonistas, e as suas manhas.

P.S. - À hora que estas escrevinhadelas saem para a rua, ficámos a saber que o inefável Isaltino está de novo à perna com a Justiça, ele e mais um presidente de câmara por junto com deputados e empresários, tudo por conta das mais umas negociatas mafiosas típicas, ora nem a propósito.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

 

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