Recentemente
a possibilidade de recorrer à Eutanásia foi aprovada, e muito bem, pelo
parlamento, no entanto muita água correrá por debaixo daquela velha ponte
romana, gasta pelo uso e verde de musgo, até esta possibilidade estar
salvaguardada e ser uma realidade, no que será um bom avanço civilizacional, um
passo importante para conferir dignidade a uma parte importante da Vida que é
precisamente a Morte.
Nas
semanas que antecederam o debate, assistimos ao habitual chorrilho da idiotia
nacional. Atiram-se contra a Eutanásia todo o tipo de argumentos falaciosos,
fantasistas e intelectualmente indigentes, entre as associações de ratos de
sacristia sempre tão lestos a querer meter o nariz na vida dos outros à posição
do retrógrado e esclerosado PCP, venha o Demo e escolha o que melhor lhe
aprouver, sendo que, curiosamente ou se calhar não, interessante verificar a
proximidade que une o CDS, o PCP e a religião.
Desde
logo reclamou-se por um plebiscito referendário, socorrendo-se para tal da
manobra típica de quem quer que tudo fique na mesmo, ou seja, as hostes da
rataria de sacristia vociferaram a favor do tal referendo, enquadrados pela
elite eclesiástica e pelo rebotalho politiqueiro medíocre de onde destaco as
tristes e patetas figuras do senhor Silva e do senhor Coelho, não está porém
ainda afastada essa insanidade, andam a recolher assinaturas para o dito
referendo, sendo que os próprios proponentes declaram que o “Sim” venceria, daí
se concluindo que um tal referendo seria um completo desperdício de milhões de
Euros, além de redundante, isto apesar de eu saber que o corrupio nas
sacristias seria imenso, com ambulâncias, carros de instituições e particulares
a servirem para arregimentar a velharia acamada ou enfiada em lares manhosos,
desde a avó surda que nem uma porta até aquela tia solteirona que já nem sabe
que está viva, para irem todos de roldão a correr votar contra a Eutanásia,
ninguém me contou, vi acontecer isso mesmo no referendo anterior sobre o tema.
Ora
temos então essa possibilidade do referendo, temos também a possibilidade quase
certa de Sua Excelência o senhor Presidente da República, conhecido rato de
sacristia, vetar o diploma do Parlamento enviando o tal diploma para o tribunal
Constitucional, até porque o senhor bastonário da Ordem dos Médicos, outro
ratito paramentado, veio a terreiro botar faladura contra, bem como uma coisa
chamada Comissão de Ética para as Ciências Médicas, só o nome assusta,
assustando mais perceber que ali novamente domina a ratice de sacristia, que
entendeu emitir um comunicado contra a Eutanásia valendo-se de argumentos
absolutamente néscios, sendo que nenhum deles tinha que ver com Ética.
O
grande problema é que ao contrário do que andam por aí a ventilar, isto da
Eutanásia, não tem nada que ver com Ética, nem com Religião, nem com Moral, nem
com Consciência, muito menos com Politica, a Eutanásia tem sim que ver com uma
coisa simples que infelizmente anda tão arredada da nossa sociedade, a
Eutanásia tem tudo eu ver com a Empatia, essa extraordinária capacidade de nos
colocarmos no lugar do Outro, para perceber a sua dor, o seu sofrimento, a sua
alegria ou a sua loucura, uma capacidade extraordinária para percebermos,
respeitarmos e aceitarmos o Outro, parece quase não existir nesta infeliz
sociedade egocêntrica, narcisista, psicopata e fascizante que temos, é natural
que faltando essa Empatia, tão rara ela é, que um assunto importante como a
Eutanásia cai no domínio do etéreo, do religioso e outras patranhas que o ser
humano adora.
E
quão importante é a empatia, foi ela que fez de nós humanos, que nos permitiu
evoluir no sentido do respeito pelos outros, no respeito pelas liberdades,
pelos direitos e pela paz, infelizmente neste dealbar de século, quer-me bem
parecer que uma nova idade tenebrosa está aí a despontar, os sinais estão por
todo o lado, desde a estupidificação colectiva à falta de respeito e valores de
humanidade, não admira pois que a Eutanásia levante tantas questões, destes arautos
do condicionamento da vida dos outros.
Entretanto
veremos no que isto vai dar, se conseguiremos dar mais um passito lento na
direcção da Luz ou se continuaremos na escuridão da sacristia agarrados à
escuridão dogmática da infeliz indigência intelectual.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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