Este próximo dia 25
de Abril comemora os 45 anos de libertação do Portugal labrego, sacrista,
atrasado, tacanho, provinciano e corrupto do tempo da ditadura, atascado numa
guerra colonial que esvaía a economia trucidava as gerações jovens a troco da
quimera do Império e dos interesses instalados dos protegidos do regime, hoje
quase cinco décadas passadas, exceptuando a guerra colonial, continuamos quase
iguais, mudou pouco, as cabeças são as mesmas, a funcionar quase do mesmo modo.
No dia em que se
comemora a nova liberdade ganha, cada vez mais percebemos que ilusão e
liberdade são quase a mesma palavra, ainda que uma esconda a outra e nada dela
se diga, mas porque intimas, quase amantes em vida, ilusão da liberdade e
liberdade para viver a ilusão. Escondida na alma de cada um reside a ilusão da
liberdade que negamos ao outro numa roda-viva da qual ninguém, sai exangue,
mesmo nos becos esconsos das frias noitadas a ratazana só é livre, enquanto o
atento felino não lhe crava as garras ferozes no lombo e lhe suga o miolo da
cavidade agora oca do crânio.
Para a semana lá
veremos os mesmos discursos gastos e estafados condimentados com as opções
ideológicas papagueadas exaustivamente pelos papagaios de serviço de cada
bancada, opções essas, já ouvidas até à exaustão nos anteriores quarenta e
quatro anos soam a lixo sonoro, lá veremos as fanfarras e as paradas.
Ao discurso
seguramente afectuoso de sua Excelência o Presidente da República, vão
seguir-se os discursos, ocos quase patetas dos partidos que compõem a choldra
parlamentar, será tudo tão mau, tão intelectualmente pobre tão
inconcebivelmente feio e de mau gosto, que facilmente se perceberá novamente
porque é que as gerações mais novas, se estão nas tintas para as datas
históricas, nem sequer dando valor à aparente liberdade que possuem.
As figurinhas
medíocres do costume surgirão na costumeira procissão, arreados com os seus
vestidos, com os seus fatos e gravatas que custam o mesmo que um pobre diabo
ganha num mês para ajudar a sustentar a família, uns com cravo na lapela,
outros tantos sem cravo na lapela, facto que “per si” demonstra a baixíssima
qualidade dessa gentalha.
Num dia de Abril há
já quarenta e cinco anos, Portugal sonhava! Ainda adormecido e entorpecido, por
quase oitocentos anos de ditaduras opressoras e estupidificantes, Portugal
despertava para a luz da democracia e do sonho, com muita pouca sorte, o tempo
do sonho pouco durou, a democracia evoluiu para isto em que vivemos hoje,
prisioneiros! Prisioneiros uns dos outros numa prisão sem grades, num dito país
democrático, desenvolvido e suposto Estado de Direito, na verdade pouco mais
somos que um retalho de feudos, de interesses de capelas e paróquias que pouco
evoluiu desde o início.
Há quarenta e cinco
anos despertava uma aurora de concórdia, que diga-se, sempre despertou em todas
as revoluções, ouvindo hoje os discursos da praxe, fico tentado a pegar numa
arma e rebentar isto tudo a tiro, cada dia que passa me parece mais que
precisamos de um 26 de Abril ou de um 27, que verdadeiramente varra a Corja,
para sempre desta terra. Na verdade eu que sou mais idoso que o Abril
libertário, já não tenho essas ilusões.
Passará assim mais
uma comemoração do 25 de Abril, entre a nostalgia de alguns, a vergonha de
outros e a burrice colectiva de muitos. Passados todos esses anos, estamos
quase na mesma, precisamos desesperadamente de gente com honra, com ética, com
honestidade, educada, diligente, capaz e íntegra, precisamos disso para que
possamos ser um país sério que seja levado a sério.
Ainda assim, VIVA O 25 ABRIL!
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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