Portugal é um país
de porcos. Pedindo antecipadamente desculpa ao nobre “sus domesticus” esse
sápido mamífero do qual aproveitamos todas as partes para horas de gulosa
degustação, por o estar a comparar ainda que de forma metafórica ao ser humano
medíocre e asqueroso que por aqui habita, mas faço recurso de uma imagem que se
vulgarizou, apesar de o animal propriamente dito, não ter nada de sujo, ao
contrário da contraparte humana, essa sim, deveras imunda.
Nem a propósito do
tema de hoje, entrámos esta semana no Ano do Porco do calendário Chinês uma
clara homenagem aos portugueses. Há quase 300 anos Giuseppe Gorani, um
aventureiro oriundo da península itálica, queixava-se nos seus relatos da
porcalhice que vira em Lisboa, claro que passada apenas uma década sobre o
terramoto de 1755, Gorani ainda experimentou a ressaca daquele grande
cataclismo, ainda assim essa catástrofe não explica a hecatombe da falta de
asseio das lusas gentes, vindo esse reparo de um italiano, habituado aos
igualmente porcinos hábitos de higiene pública da sua terra muito espantam as
suas observações sobre a capital do Reino dos porcos.
Vem este texto a
propósito de uma reportagem que passou na televisão sobre as escombreiras de
uma antiga mina que foram deixadas ao abandono e ameaçam contaminar, mais
ainda, um importante rio português, no caso o Zêzere. Fosse este o único caso,
seríamos um país feliz, para mal dos nossos pecados assim não é, por esse país
fora existem centenas de minas abandonadas, com escombreiras de onde toneladas
de metais e outros poluentes extremamente perigosos como sejam o mercúrio, o
cádmio, o arsénio, o chumbo, o cobre e vários tipos de ácido.
Infelizmente somos
um país de porcos, prova simples desta afirmação são as ruas das localidades
deste pardieiro feito país, é tanta a lavajice que parece incrível que alguém
queira visitar isto, os “camones turistas” são deveras masoquistas, ou então
adoram visitar a “reserva” indígena” da Europa, para ver o labrego lusitano em
estado puro, em todo o seu porcino esplendor arruinamos paulatinamente o nosso
ambiente, destruímos tudo o que é natural, sendo que a preservação de
ecossistemas é um factor que nos poderia diferenciar dos outros, mas não,
alegremente malbaratamos a diversidade biológica, maltratamos a natureza, somos
em suma um povo de porcos, vejam apenas como exemplo desse afã destrutivo a
estupidez aeroportuária que preparam para a zona do Montijo.
Entre muitas outras
coisas que me intrigam, nesta vasta temática da porcalhice nacional, há uma que
me deixa realmente perplexo, sabendo nós o estado miserável dos cursos de água
deste país, que estão poluídos, basta ver o Tejo, ou aqui ainda mais perto o
Vale Virgo que não passa de um esgoto a céu aberto que atravessa a parvónia
onde resido.
Sabendo nós, que a
utilização de produtos químicos na agricultura está em roda livre, sabendo nós
que o tratamento de esgotos das povoações e instalações industriais é um
embuste, faz-me confusão ao percorrer a zona industrial aqui da terra onde não
se vê um único ecoponto, tão limpinhas que são as indústrias aqui do burgo!
Ora sabendo nós que
não temos ninguém ao nível político que realmente cuide do ambiente,
expliquem-me como é possível as análises das águas das redes de distribuição
para consumo das populações, apresentarem sempre qualidade “Excelente” e como é
possível que as praias apresentem tantas “bandeiras azuis” sinónimo ao que
parece de qualidade, “não bate a bota com a perdigota” como sói dizer-se.
Alguém que me explique este mistério.
Um destes dias
quando alguém se quiser debruçar com seriedade sobre a real qualidade das águas
que bebemos e sobre o estado e tipo de canalizações, muitas com amianto, que
existem para a distribuição dessas águas acredito que nos vamos fartar de rir,
claro que nunca nada disto acontecerá, continuaremos a engolir alegremente as
nossas microdoses diárias de metais poluentes, de amianto das canalizações e de
toda a merda com que deixamos poluir a água, o único bem verdadeiramente
importante deste Mundo.
P.S. –
Entretenham-se a ler isto, mas não se assustem muito:
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
Sem comentários:
Enviar um comentário