Portugal é um antro
esquizofrénico cheio de instituições mais ou menos trapaceiras que dedicam mais
tempo a engendrar métodos para “lixar o parceiro” do que efectivamente a fazer
alguma coisa que valha a pena.
Uma dessas mui
credíveis instituições são as famosas “Juntas médicas” essa figura de excepção,
suprema expressão administrativa e burocrática deste pardieiro pateta. Estas
juntas, constituídas por elementos dessa classe profissional de elite que são
os médicos, diga-se num pequeno aparte que Portugal possuiu três classes
profissionais, que estão equiparadas à figura divina, num panteão à portuguesa,
uma espécie de Olimpo pobrezito, Juízes, Médicos e Advogados, ocupam o ligar da
Santa Trindade cristã, como seres, omniscientes, omnipresentes, divinamente
infalíveis, de inquestionáveis decisões, mesmo quando essas decisões lixam o
“Zé Pagão” que é aquele pobretanas de calça esfarrapada e casaco remendado, que
o leitor vê quando olha para um espelho, o tal que lá vai pagando os ordenados
a esta tropa toda.
Como não tenho
experiência sobre os vários tipos de juntas médicas, ainda que assim de forma
empírica sem método apenas por ir lendo coisas nos jornais que narram os
episódios rocambolescos que os pobres sofrem quando são indicados para serem
presentes a este tipo de cabidos de sumidades da ciência médica, temo que as
tais “juntas” sejam praticamente todas iguais, sendo o seu objectivo, um
apenas, a saber, cercear os direitos das pessoas e poupar dinheiro, ainda que
para poupar dinheiro se gaste tanto neste tipo de armadilhas burocráticas que
mais valia dar meio milhão a cada pessoa que vai a uma junta poupava-se muito
dinheiro.
As “juntas” sobre as
quais, com alguma propriedade posso falar são aquelas a que os deficientes são
forçosamente obrigados a submeter-se para que lhes possa ser fornecido um
papelucho que diga que o portador daquele papel tem uma determinada percentagem
de invalidez, que os senhores “doutores” em medicina avaliam de acordo com
extensa legislação que determina as percentagens a atribuir às maleitas
apresentadas pelo malsão que se lhes apresenta. Afirmo peremptoriamente que
estas “juntas” são uma inqualificável palhaçada!
Esclareço o leitor
de que sou amputado, do membro superior esquerdo desde 1991, altura em que me
atribuíram 35% de incapacidade, hoje, depois de uma dezena de idas às tais
“juntas” tenho um atestado multiusos elaborado de acordo com a legislação
anterior aquela que está actualmente em vigor, que me atribuiu uma percentagem
de 55%, bastavam apenas 5% para atingir os 60% e ter uma ajuda no IRS, mas nem
isso.
Conheço porém casos
em que furúnculos no cu deram para 65% de incapacidade, pois neste país basta
conhecer as pessoas certas, ter uma boa conta bancária, ser pródigo na
distribuição de envelopes e os milagres acontecem.
Estas “juntas” são
como escrevi anteriormente uma palhaçada do país do faz de conta em que vivo, a
atribuição do grau de deficiência por juntas médicas de faz de conta serve
apenas para moderar os gastos com os deficientes ou com pessoas com doenças
crónicas, impedindo o seu acesso à redução de IRS e cercear ainda mais os seus,
já parcos direitos, o resto são fábulas.
E dou-vos um exemplo
prático do que afirmo, fui a junta médica com a legislação nova, entre
perguntas mais ou menos parvas a que fui respondendo, dois senhores doutores
iam apalpando o coto do meu braço onde antes esteve a minha infeliz mão,
procuravam um osso qualquer, porque fazia toda a diferença ter ou não esse
osso, diziam eles, tive que me rir na cara dos senhores perguntei-lhes que
diferença faria o tal osso porque sem mão até podiam esta lá dez ossos, que não
fariam diferença nenhuma, ficaram irritados, porque os aos senhores doutores
não se questiona, e mais ficaram porque enquanto discutiam entre eles, eu
levantei-me e saí, um deles, ao que me pareceu o chefe da camarilha veio cá
fora dizer "Ó homem onde é que vai? Ainda não acabou!", nem lhe
respondi olhei para ele virei-lhe as costas e saí daquela enxovia nunca mais
voltei a pedir essa porcaria de atestado multiusos e acho que nunca mais
pedirei.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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