Portugal, gaiola
«sui generis» de particularidades que desafiam a lógica rege-se há muito por
expressões idiomáticas que encerram em si a chave para entendermos a visão,
deturpada, que o indígena nacional tem sobre o país onde vive, a chave para
compreendermos, se disso formos capazes, a cosmovisão muito particular desta
rapaziada.
Portugal para quem
não sabe é o país do “Eles é que sabem”, quando perguntamos a alguém porque é
que não luta pelos seus direitos, porque é que não reclama ou porque é que
permite e vota em políticos tão medíocres como os que temos, a resposta
invariavelmente é um “Eles é que sabem”, coisa que confesso me irrita
tremendamente, mas que quadra com a maneira de ser do português que deixa serem
os outros a tratarem daquilo que devia ser ele a fazer, há quase mil anos que
somos povo, mas ainda não se percebeu que “eles não sabem, nem querem saber”
logo deveríamos ser nós a querer saber, infelizmente assim não é e meter-lhes
isso na cabeça é feito para heróis!
Portugal para quem
não sabe é também o país das “Tradições”. Neste querido Portugal, não há
gato-pingado que não tenha ou não invoque as tais”Tradições” como justificação
para o que quer que seja, Portugal para quem não sabe é o país em que as tais
“Tradições” justificam tudo, desde a pedofilia, ao abandono escolar, à morte de
animais até ao parasitismo social, em Portugal as “Tradições” sobrepõem-se à
Lei e às regras da civilidade, servem para fazer gato sapato de um alegado
Estado de Direito, que é mais um Estado da impunidade onde cada um se tenta
safar como pode, havendo uns que insistem num embuste que se chama Justiça.
Portugal para quem
não sabe é cumulativamente o país do “Não me dá jeito” e do “É só um
minutinho”, mais duas extraordinárias expressões que regem o dia a dia do
pacóvio lusitano. Servem ambas as expressões para lesar o próximo, infringir a
Lei e como é costume por cá provocar incómodo aos outros que nisso somos
peritos.
Portugal para quem
não sabe é o país onde se conduz com o carro engrenado em “Marcha-atrás” pelo
sentido proibido, porque se vier a polícia basta meter a primeira e arrancar, o
país onde se pára em cima do passeio e se ligam os quatro piscas e está tudo
bem, esta mentalidade labrega e desprezível não só não desaparece como tem cada
vez mais adeptos entre o povaréu pateta.
Portugal para quem
não sabe é o país onde a frase “estou a trabalhar” parece justificar tudo, o
barulho, o incómodo, o atropelo de todas as mais elementares regras de civismo
enfim o que se queira, ora num país que dizem ser tão avesso ao trabalho ter
uma frase destas que serve de justificativa para tanta malfeitoria é para ser
simpático um pouco esquizofrénico, mas por outro lado Portugal é um país
esquizofrénico, um país de tontos, o outro cantava os “loucos de Lisboa” devia
cantar era os loucos de Portugal, porque se nos debruçamos verdadeiramente
sobre as particularidades desta terra depressa percebemos que isto é um reino
de doidos.
Portugal para quem
não sabe é o país onde quando a coisa corre mal, nunca ninguém sabe de nada,
aqueles senhores muito importantes de fato e gravata, o doutor fulano mais o
doutor sicrano juntos com a doutora beltrano, quando a porca torce o rabo
apresentam-se às televisões como os mais ignorantes dos seres, que na realidade
são, como muito bem se viu recentemente com a queda da estrada em Borba em mais
uma das muitas tragédias anunciadas deste país. No entanto quando o caso é
oposto e a coisa corre bem até se atropelam a recolher os louros, esses mesmos
seres ignorantes, são aqueles que nós elegemos e a quem pagamos para
administrar em nosso nome a coisa pública, mas que fazem pouco caso da coisa,
mais se aproveitando dela que administrando. Mas como estou no país do “eles é
que sabem”, andando e siga o baile até o tocador parar!
Um grande e sapientíssimo
senhor, dono de uma vastíssima cultura, infelizmente com a saúde periclitante a
quem aqui presto homenagem devida, pelo muito que fez por esta terra de
ignorantes, dizia com muita razão que por cá “Quem nunca comeu nada, come merda
e pensa que é marmelada”, reparo metafórico que se aplica soberbamente a
Portugal no seu conjunto e muito em particular aqui à terrinha em particular.
um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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