Há tantos burros
mandando;
em homens de
inteligência,
que, às vezes, fico
pensando;
que a burrice é uma
ciência.
António Aleixo –
1899 — 1949
Poeta
Está este país
continua, como estava quando o grande Aleixo escreveu a quadra acima
transposta, cheio de asnos, ladrões, ignorantes e labregos, os dois casos
relativamente recentes aos quais vou hoje dedicar umas linhas são disso um
emblema.
O caso de Tancos é
como muito bem disse Freitas do Amaral “…uma vergonha nacional…”, mais uma das
vergonhas e das barracadas a que esta tropa fandanga politiqueira nos tem
habituado ao longo destes últimos quarenta anos de trapalhadas, ninguém sai
dali de cara lavada, os partidos do chamado “Arco do Poder” também conhecidos
pelo menos edificante epíteto de “Chusma de Vigaristas”, tem todas as
responsabilidades neste estado de miséria. O pior é que conseguiram transformar
um vergonhoso e perigoso caso de assalto e roubo de material de guerra num
paiol de armamento das Forças Armadas numa corriqueira guerra de capelas tão ao
gosto nacional.
Uma das artimanhas
que por vezes assistimos nos filmes de detectives, é esconder um crime com
outro, para que aquele que realmente não se quer ver descoberto passe entre os
pingos da chuva. O roubo de armamento em Tancos parece-me ser um desses casos.
Reparem que ninguém está preocupado em perceber como foi possível que um
qualquer pilha galinhas roubasse armamento de um paiol das Forças Armadas de um
país soberano, reparem que ao contrário do que foi veiculado, pura contra
informação para intoxicar, não foi o assalto efectuado por nenhuma tenebrosa
organização terrorista, antes por um pilha galinhas comum, o que nos devia
fazer temer o pior sobre como está o armamento nacional defendido.
Reparem que ninguém
está preocupado com o que foi roubado, nem com a aparente confusão dos sistemas
de inventário e muito menos preocupação existe com o facto de saber para onde
foram as munições que não apareceram. Agora à pressa os senhores deputados
criaram uma daquelas suas comissões patéticas, onde durante semanas, quiçá
meses vão dar ar à boca fazendo de conta que ali está a acontecer algo de
importante.
Pessoalmente o que
eu gostava de ver esclarecidas, são questões que permanecem sem resposta; quem
fez o assalto, para além do pilha galinhas que está preso, quem o ajudou, de
dentro porque aquilo tresanda a esquema com gente do interior do Exército,
quantas vezes já dali terá desaparecido material, para onde foi o material
roubado e não recuperado, haverá ligação com o roubo das pistolas da PSP,
porque razão estariam a proteger o ladrão, quem está realmente por detrás deste
roubo?
O segundo caso
prende-se com a questão do senhor Silvano e da sua famigerada palavra-chave que
é mais conhecida que a Chica Zarolha puta famosa da recta do Cabo.
Este episódio
revelou a indigência intelectual de um parlamento que é bem o espelho da Nação.
Mal contentes com a paródia, enviaram para a televisão uma senhora deputado do
Minho, que deve ter feito todos os minhotos genuínos querer borrar a cara de
preto para melhor se poderem esconder, a senhora Emília teria feito melhor se
tivesse optado por uma pequena nota escrita, ao invés colocou-se à frente das
câmaras da televisão e foi o que se viu uma anedota pegada, um dos mais bem
conseguidos atestados de burrice que já vi, passado por alguém a si mesmo, se
dúvidas existissem sobre a qualidade, muito baixa, dos deputados da Nação,
aquela senhora dissipou-as em dois minutos, tempo ao fim do qual todos
percebemos a corja que para ali vai e nem foi precisa a tirada de muito mau
gosto e falta de educação sobre as virgens, ficando nós sem perceber o que
teria isso que ver com o tema.
A senhora Emília
revelou ao público a mediocridade ética dos senhores deputados, aqui generalizo
correndo o risco calculado de injustamente ofender a alguns deputados, bem
poucos serão infelizmente, de honestidade e perfil ético inquestionáveis. Este
episódio profundamente triste, só revela que o analfabetismo digital não grassa
apenas pelos comuns utilizadores das redes sociais, antes cala bem fundo nas
pretensas “elites” e digo pretensas porque com comportamentos como os que
observamos esta gentalha de elite não tem absolutamente nada.
Se ao episódio da
palavra-chave do senhor Silvano, juntarmos as viagens fantasma, as moradas
falsas os curricula aldrabados, junto com todas as trafulhices que volta e meia
surgem à tona sobre os senhores deputados, temos um claro quadro sobre este
país, somos efectivamente um país de asnos, de ladrões, de ignorantes e de
labregos.
Um abraço. deste vosso amigo
Barão da Tróia
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