No passado dia 3 comemorou-se o dia internacional da pessoa com
deficiência, um dia de discursos muito fofinhos a roçar o melodramático,
ouvidos com música de piano em fundo são uma maravilha de fazer chorar as
pedras da calçada, discursos esses em que quase toda a gente enche a boca com
os deficientes. Os mesmos deficientes que, durante os outros 364 dias do ano,
quase ninguém quer saber, sim porque os deficientes são as verdadeiras vítimas
da exclusão, os verdadeiros esquecidos, negligenciados, quantas vezes
maltratados, abandonados e relegados para uma qualquer instituição, muitas
verdadeiras enxovias a funcionar em vãos de escada onde estão depositados para
fazer número para os subsídios poderem chegar, mas disto nem a tão diligente Amnistia Internacional quer saber, mais preocupada consigo própria, quem é que quer saber dos deficientes para o que quer que seja.
Recentemente
os doutos e sapientes senhores que regem a Educação nacional, resolveram, em
mais um passe mágico, revolucionar o ensino especial, abandonaram o Decreto
3/2008 que era a legislação orientadora do ensino especial e criaram uma nova
legislação o Decreto 54/2018, para no seu desígnio revolucionar o ensino das
crianças portadoras de deficiência integradas no ensino regular, mais não
fizeram porém do que transformar casuisticamente aquilo que para simplificar
chamarei Educação dos Deficientes, sem medo da palavra, porque neste caso não
são as palavras que ofendem são os actos, ou antes a falta deles, como neste
caso, porque a transformação legislativa é apenas isso uma transformação
legislativa cosmética que veio emperrar ainda mais o que já funcionava mal e
porcamente, falando depressa e bem o Decreto 54 é mais uma farsa produzida por
indigentes intelectuais que deveriam estar abrangidos pela legislação que
criaram.
Se
me perguntarem se concordo com a integração de crianças com deficiência em
turmas ditas “normais”, respondo desde logo que isso depende. Depende antes de
tudo dos recursos humanos disponíveis para atender às necessidades dessas
crianças, aqui cabem todos os terapeutas necessários, porque uma criança pode
necessitar de mais de um tipo de terapia especializada, bem como de auxiliares
que promovam o bem estar e necessidades da criança, alimentação necessidades
fisiológicas e vigilância. Depende de turmas reduzidas, não este actual modelo
miserável. Sendo porém certo que no actual estado em que as coisas funcionam
sou terminantemente contra crianças com deficiências cognitivas complexas e ou
com pouca autonomia em salas de aulas do ensino regular, porque essas crianças
criam condições objectivas para a exclusão do resto da turma e consequentes
problemas de aprendizagem de todos os outros alunos e essa é uma verdade
indesmentível.
A
integração de crianças com deficiência no ensino regular foi sempre uma
profunda e rotunda mentira, porque os vários governos de anões intelectuais que
temos desde há quarenta anos não se preocupam minimamente com a questão, antes
de tempos a tempos vomitam legislação, fingindo que está tudo bem o mesmo fazem
as direcções das escolas, outra caterva de gentalha conivente com todas estas
trapaças, mais interessados em salvaguardar os seus lugares do que em lutar por
uma Educação próximo do decente.
Aqui
chegados o que concluímos acerca da novas legislação sobre deficientes em
escolas do ensino regular, pois concluímos que é mais do mesmo, que aquilo foi
redigido para retirar do amplexo da necessidade de apoio muitas das ocorrências
mais comuns para poupar ainda mais dinheiro, que tudo é ainda mais mentiroso e
aldrabado, e que no fim de contas as crianças infelizmente parece que são o que
menos interessa, mas com nós vivemos num país de gentinha que gosta de ser
iludida e ludibriada, está tudo bem quando acaba bem.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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