Para não ser acusado de plagiar o
Ernesto desde já vos digo que o título deste artiguelho, é parecido com o
dessa obra maior da literatura mundial, “Por quem os Sinos Dobram”, de
Ernest Hemingway, mais vos digo, que a semelhança é intencional e
assumida.
Na segunda-feira passada, comemoram-se
os cem anos da Batalha de Lys, sobejamente conhecida por ter sido a
maior catástrofe militar de Portugal do século XX, o maior desastre das
armas portuguesas desde Alcácer Quibir, o infausto evento, verdadeiro
desastre, no que concerne à participação de tropas portuguesas em
combate, decorreu entre os dias 9, 10 e 11*, de Abril de 1918, daí tendo
resulta cerca de quatro centenas de mortos, mais uns seis mil
prisioneiros, tendo a 2ª Divisão do Corpo Expedicionário Português sido
aniquilada enquanto unidade combatente.
No próximo Domingo dia 15, cumprem-se
seis meses sobre os grandes incêndios de Outubro, sendo que na
terça-feira dia 17, fará 10 meses que se deram grandes incêndios de
Pedrógão.
Não estando os apreciados leitores a
relacionar uma coisa com outra, tendo eu a certeza que muitos já
questionam a minha, é certo, periclitante saúde mental, asseguro-vos que
não me encontro, ao contrário de muitos que ouvi falarem sobre estas
tragédias, toldado por eflúvios báquicos que obstem à minha capacidade
de raciocinar.
Um destes dias ao ler uma obra recente
que analisa a Batalha de La Lys, fui lendo, descobrindo, que entre esta
batalha e os incêndios atrás referidos existem semelhanças
impressionantes, podendo nós quase fazer um paralelismo comparativo
entre os métodos de ontem e os de hoje chegando como eu cheguei à
conclusão, de que infelizmente, aprendemos quase nada, continuamos
infelizmente iguais.
Essa leitura, revela-nos toda a incúria,
inépcia e miserabilismo intelectual que conduziu ao desastre de La Lys,
os compadrios e amiguismos, a porcahice politica da Primeira República,
permitiam a quem tinha cunhas safar-se da frente de combate para ir
fazer de conta para um lugar seguro bem à retaguarda, alguns tão à
retaguarda, que estavam em Portugal, ontem como hoje pouco mudou.
O disparate, as guerrinhas pusilânimes
dos egos, a completa descoordenação, a falta de preparação, a reacção
atabalhoada, a inveja bastarda, os métodos desadequados e os meios
parcos, em La Lys foram os mesmos factores observáveis, quase cem anos
depois nos incêndios de Junho e de Outubro, o inimigo não era já o “o
malvado teutão”, mas o fogo devastador, mais impiedoso ainda, tendo o
resultado redundado no mesmo, uma colossal catástrofe, um desastre
completo.
La Lys , Pedrógão, Pinhal de Leiria,
entre muitos mais, lista demasiado exaustiva para aqui trazer, serão
nomes, que enquanto existir memória, evocarão catástrofes, perdas de
vidas perfeitamente evitáveis, mas também serão nomes que
exemplificarão, o miserabilismo das chefias, a torpeza dos comandos, a
mediocridade dos políticos e dos governantes.
Cem anos passados, começamos a perceber
que a mitologia construída à volta de La Lys, é muitas vezes uma
colossal e prodigiosa mentira, percebemos também que os incêndios foram
produto de um conjunto de ocorrências e que tudo falhou, talvez quando
passarem mais cem anos finalmente se perceba que um país não pode ser
este pardieiro de mediocridade e miserabilismo, tenho esperança!
* A 11 de Abril retira da linha da
frente, Les Lobes, onde combate junto com tropas britânicas dos Seaforth
Highlanders, o capitão da 3ª Companhia do BI 13º David José Gonçalves
Magno, retira esgotadas as munições, com meia dúzia de praças
pertencentes ao BI 13 e 15, os que restaram de três dias de combate, foi
das muito raras acções de resistência das tropas lusas ao assalto
alemão do dia 9, honre-se pois a sua memória.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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