quarta-feira, abril 08, 2015

VIP – Vigaristas Importantes



Há uns bons anos, que saudades, tive um professor na Universidade, que nos disse e cito de cor, “…a diferença entre os países de merda e os bons países, está na importância que os governos dão aos seus cidadãos…”
Esta frase ficou-me até hoje na memória, foi extraordinário ouvir dizer aquilo naquele sotaque texano carregado que só ouvimos nos filmes. Aquele homem era uma personagem extraordinária, soube que morreu entretanto. Tinha percorrido o mundo e vivido em mais de uma dezena de países por todos os continentes, tinha à altura uns 60 anos, era um apaixonado por Portugal em especial pela genuinidade da gastronomia.
Não era de esquerda nem era de direita, era essencialmente um extraordinário homem cuja visão humanista “avant garde”do mundo, a sabedoria e cultura o colocavam quase de imediato em empatia com todos os seus interlocutores sem precisar de um grande esforço.
Este intróito, leva-me ao que me trouxe aqui hoje, o desinteresse completo que neste país existe pelas pessoas. Tomemos por exemplo a trapalhada, mais uma, com a tal lista VIP, que julguem que fosse uma lista de Vigaristas Importantes, mas afinal não, é o acrónimo de Very Important People, por outras palavras, pessoas que parece que são importantes. A tal lista é um atentado à moral, de todo um povo, mas é sobretudo um lamentável episódio de completo desnorte de um governo.
Neste país as pessoas são tratadas como lixo, e quanto mais honestas, diligentes e esforçadas são, maior é o desprezo que as elites por elas sentem. Portugal é um país que privilegia os madraços, os incompetentes, os ladrões e os vigaristas.
A maneira como o cidadão nacional é tratado, remete-nos para séculos de opressão paternalista dos déspotas que foram passando por cá, uns mais iluminado outros menos, criaram mitos de pobreza e de quase santidade alguns outros de colérico temor, deixando no povinho, nesta ralé de energúmenos uma memória colectiva que os capa, que lhes retira a coragem.
Portugal tem hoje um Presidente da Republica alegadamente atulhado até às orelhas nas mafiosas escandaleiras do BPN e do BES em que dá o dito pelo não dito, enrolado com vivendas de luxo e acções da SLN e em que a sua triste figura saí ainda mais patética, um antigo primeiro-ministro detido por alegadamente ser um vigarista e um actual primeiro-ministro que entre trapalhadas com fundos comunitários até aos “esquecimentos” sobre pagar impostos, deixa um cheiro nauseabundo a falta de qualidade e torpeza.
Pelo meio, nestes últimos 200 anos, foi o ver desfilar um cortejo impar de mafiosos, vigaristas, aldrabões, velhacos e criminosos que se passeou pelo Parlamento e pelos ministérios, uma corja de inúteis e de incapazes que concorreram para fazer deste pardieiro aquilo que ele é hoje, um buraco sem futuro!
Neste país do século XXI, podia ser o XIX que dava igual, as pessoas são tratadas como lixo, achincalhadas, esquecidas, vilipendiadas e abandonadas, por um Estado que devora cabedais em proveito próprio para encher a barriga sempre esfomeada de um aparelho partidário de bandalhos, que nada fazem. Esquecem-se os velhos, esquecem-se as crianças, esquece-se a saúde a educação, a Justiça é uma miragem.
Portanto no meio disto tudo, fazerem uma lista VIP nas Finanças, não tem absolutamente importância nenhuma, nem os nomes que lá consta causam qualquer perplexidade, ainda que numa lista de gente tão “importante” constar o nome de um triste secretário de estado, que nem sabia da lista é desconcertante, aliás a triste figurinha do secretário de estado bem ilustra como está o país, o pobre homem é um pobre diabo, cheio dele próprio, a quem ninguém liga peva. Mas atentem bem, se os nossos políticos primassem pela honestidade, a existência da lista nem se questionaria, como a realidade é bem diferente eis que um “fait diver” faz correr rios de tinta!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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