Há uns bons anos,
que saudades, tive um professor na Universidade, que nos disse e cito de cor,
“…a diferença entre os países de merda e os bons países, está na importância
que os governos dão aos seus cidadãos…”
Esta frase ficou-me
até hoje na memória, foi extraordinário ouvir dizer aquilo naquele sotaque
texano carregado que só ouvimos nos filmes. Aquele homem era uma personagem
extraordinária, soube que morreu entretanto. Tinha percorrido o mundo e vivido
em mais de uma dezena de países por todos os continentes, tinha à altura uns 60
anos, era um apaixonado por Portugal em especial pela genuinidade da
gastronomia.
Não era de esquerda
nem era de direita, era essencialmente um extraordinário homem cuja visão
humanista “avant garde”do mundo, a sabedoria e cultura o colocavam quase de
imediato em empatia com todos os seus interlocutores sem precisar de um grande
esforço.
Este intróito,
leva-me ao que me trouxe aqui hoje, o desinteresse completo que neste país
existe pelas pessoas. Tomemos por exemplo a trapalhada, mais uma, com a tal
lista VIP, que julguem que fosse uma lista de Vigaristas Importantes, mas
afinal não, é o acrónimo de Very Important People, por outras palavras, pessoas
que parece que são importantes. A tal lista é um atentado à moral, de todo um
povo, mas é sobretudo um lamentável episódio de completo desnorte de um
governo.
Neste país as
pessoas são tratadas como lixo, e quanto mais honestas, diligentes e esforçadas
são, maior é o desprezo que as elites por elas sentem. Portugal é um país que privilegia
os madraços, os incompetentes, os ladrões e os vigaristas.
A maneira como o
cidadão nacional é tratado, remete-nos para séculos de opressão paternalista
dos déspotas que foram passando por cá, uns mais iluminado outros menos,
criaram mitos de pobreza e de quase santidade alguns outros de colérico temor,
deixando no povinho, nesta ralé de energúmenos uma memória colectiva que os
capa, que lhes retira a coragem.
Portugal tem hoje
um Presidente da Republica alegadamente atulhado até às orelhas nas mafiosas
escandaleiras do BPN e do BES em que dá o dito pelo não dito, enrolado com
vivendas de luxo e acções da SLN e em que a sua triste figura saí ainda mais
patética, um antigo primeiro-ministro detido por alegadamente ser um vigarista
e um actual primeiro-ministro que entre trapalhadas com fundos comunitários até
aos “esquecimentos” sobre pagar impostos, deixa um cheiro nauseabundo a falta
de qualidade e torpeza.
Pelo meio, nestes
últimos 200 anos, foi o ver desfilar um cortejo impar de mafiosos, vigaristas,
aldrabões, velhacos e criminosos que se passeou pelo Parlamento e pelos
ministérios, uma corja de inúteis e de incapazes que concorreram para fazer
deste pardieiro aquilo que ele é hoje, um buraco sem futuro!
Neste país do
século XXI, podia ser o XIX que dava igual, as pessoas são tratadas como lixo,
achincalhadas, esquecidas, vilipendiadas e abandonadas, por um Estado que
devora cabedais em proveito próprio para encher a barriga sempre esfomeada de
um aparelho partidário de bandalhos, que nada fazem. Esquecem-se os velhos,
esquecem-se as crianças, esquece-se a saúde a educação, a Justiça é uma
miragem.
Portanto no meio
disto tudo, fazerem uma lista VIP nas Finanças, não tem absolutamente
importância nenhuma, nem os nomes que lá consta causam qualquer perplexidade,
ainda que numa lista de gente tão “importante” constar o nome de um triste
secretário de estado, que nem sabia da lista é desconcertante, aliás a triste
figurinha do secretário de estado bem ilustra como está o país, o pobre homem é
um pobre diabo, cheio dele próprio, a quem ninguém liga peva. Mas atentem bem,
se os nossos políticos primassem pela honestidade, a existência da lista nem se
questionaria, como a realidade é bem diferente eis que um “fait diver” faz
correr rios de tinta!
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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