A manhã já ia adiantada, saí à rua para uma pausa,
fumar um cigarro, vício detestável e pernicioso, beber um café, e estar uns dez
minutos afastado de computadores, papéis, gente doida e demais
imponderabilidades de um serviço de manga de alpaca.
Um Sol quentinho ajudava ao remanso daqueles pequeníssimos
instantes de paz, sentado com um amigo trocava palavras ocas daquelas que se
dizem por circunstância, mas que fazem falta, olhei em volta e fiquei
estarrecido, comentei com o meu amigo, que abriu olhos semi cerrados por causa
da intensidade dos raios solares, concordando e atirando um – tens razão pá!
Uma mesa ali ao fundo, aquela com o cinzeiro vermelho
de uma marca de refrigerante, um grupo de oito ou nove criaturas, as idades
entre os vinte e os trinta anos, escumalha típica nacional, os penteados
foleiros e labregos, as tatuagens, os telemóveis topo gama, a falta de
competências e a baixa escolaridade, aliam-se ali ao desejo de nada fazer,
vivem de expedientes, de subsídios e de pedinchas aqui e ali, a filharada sem
regras vai berrando por ali aos pulos, atafulhada em doces e guloseimas,
enquanto os adultos às onze da manhã saboreiam várias garrafas de cerveja.
Os ingleses chamam a este tipo de pessoas “white
trash”, são pobres, as mais das vezes pobres de espírito, jovens criados sem
regras, vindos de famílias miseráveis e sem estrutura, hoje já tem filhos e
vivem exactamente como os pais, do crime ocasional, da pedincha e do subsídio,
sem matriz cultural, completamente fora dos circuitos de cidadania, é a geração
casa dos segredos.
A mesa ali mais do lado esquerdo, com o chapéu-de-sol
volumoso que parece um cogumelo, venenoso neste caso, alberga dois indígenas de
leste, dessa seita de polidores de esquinas que por aí vegeta, vivendo igualmente
de esquemas, roubo, pedincha e prostituição, tabaco caro, resma de garrafas de
cerveja, os dois ali estão serenos e descontraídos, entre os dois não há uma
hora honesta de trabalho no corpo. Pertencem a esse rebotalho de leste que aí
chegou e se instalou a viver à conta de todos nós os parolos.
Numa mesa de canto, mais afastada, mais três
parasitas, aliás este tipo de gente gosta de estar sempre afastada dos outros,
é uma mania de superioridade que possuem, ,preferem o bagaço, falam aos berros
e entrecruzam o final de cada frase com “ais”, pertencem a uma suposta etnia de
madraços, que a coberta das diferenças culturais vive essencialmente do
parasitismo social, a mesa repleta de copos e chávenas, o chão cheio de beatas
e o berreiro colossal que fazem, releva a arrogância dessa gente medíocre e
asquerosa, avessa ao trabalho, racista e velhaca.
Isto não são estereótipos provocados por
preconceitos, isto são factos diários, estão à vista de todos. Naquela
esplanada em dezasseis pessoas apenas dois, eu e o meu amigo trabalhamos,
bebíamos um café, porque isto está mau e não podemos esbanjar dinheiro,
enquanto catorze criaturas vivem do parasitismo social, não trabalham, não tem
qualquer actividade produtiva e ali estão a esbanjar dinheiro em bebidas alcoólicas,
tabaco, telemóveis e guloseimas.
- Para compor o ramalhete só falta aqui um político,
para o rol da parasitagem estar
completa – disse esse meu amigo a sorrir. Era verdade, só ali faltava um desses
para o cenário estar completo em termos dos vampiros sugadores de recursos
gerados com o trabalho dos outros.
Tenho uma imagem de Portugal como um grande pântano,
daqueles que se vemos nos filmes, insalubres e cheios de maleitas, onde os
pobres carregadores de fardos, nós os que ainda trabalhamos e pagamos impostos,
somos obrigados a atravessar, sendo vítimas de todo o tipo de parasitas que nos
sugam, e nós impávidos e serenos lá continuamos a nossa viagem como se nada
fosse.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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