sexta-feira, dezembro 19, 2014

Bois mansos



Com muito pena minha, vivo num país de bois mansos, de bois capados. Incapazes de reagir aquilo que interessa, ainda agora alguém encolhia os ombros porque foi ao centro de saúde e não há médico. E a quase tudo reagem assim, encolhem os ombros resignados e lá vão embebedar-se e bater nas mulheres.
E são já quarenta, este ano, que ainda não acabou, as mulheres assassinadas às mãos destes bois mansos capados e beberrões. Aliás este povinho de heróis bovinos, parece apenas ser capaz e ter competências para espancar e brutalizar, velhos, mulheres e crianças.
Somos uma sociedade de bois capados, mansos, mesmo muito mansos, que só parecem ser corajosos quando se trata de maltratar, abusar, torturar e assassinar, velhos mulheres e crianças. Para todo o resto são apenas uma massa amorfa de imbecis cujas erupções de violência aparecem essencialmente no contexto de desafios de futebol, trânsito ou nas tascas nocturnas e diurnas, os bois capados vão ruminar o fel e empanturrar a pança de álcool, em orgias de bebedeira que depois os capacita para as mais desvairadas imbecilidades.
Muitos destes inúteis bois capados, perfeitos casos de doença mental, deveriam estar afastados da sociedade dada a sua completa inutilidade, no entanto este rebotalho anda por aí à solta, muitos deles, nossos conhecidos, muitas vezes até tidos como “gajos porreiros”, mas que em casa são os carrascos de um inferno que poucos de nós se atreve sequer a imaginar, onde as lágrimas e a humilhação são o condimento principal daqueles que rodeiam o boi manso.
Por estas e por outras tão ou mais graves é que somos este país de merda, onde a violência doméstica exercida sobre os mais frágeis e indefesos, continua a ser uma questão primordial, um país em que algumas castas insistem em ter leis próprias que perpetuam o abuso, a degradação dos direitos humanos e a mais abjecta das humilhações tudo sancionado por ditames culturais trogloditas, e a tudo isto os bois capados assistem, impávidos, serenos, intrinsecamente mansos.
Não há violência doméstica, não ao abuso, não há cultura do “pater famílias” que induz ao regabofe de violência que temos neste paraíso de energúmenos, não há ditadura de violência exercida contras os fracos e desprotegidos, não há cultura do boi capado, não a esta sociedade de bois capados, incapazes e amorfos, porra, NÃO!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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