segunda-feira, setembro 19, 2011

A dívida da Madeira é a dúvida de um país

Se a incúria e inépcia não tivessem feito desta situação um paradigma daquilo que é a politiqueirice rafeira à portuguesa, esta seria uma situação deveras hilariante, senão atentem, há trinta anos que um cavalheiro se arroga o direito de ser dono de uma parte do território nacional, o senhor do feudo tem usado e abusado da velha fórmula do caciquismo português, em que o senhor feudal cria uma teia de amiguismos, todos presos por ligações mais ou menos escuras, todos conhecemos este tipo de situações, vimo-las registadas para a posterioridade, em obras-primas da nossa literatura dos séculos XIX e XX.
Não é à toa que somos o país dos senhores doutores e dos compadres, Itália por exemplo tem os Capos e os Dons, na essência é o mesmo, o objectivo é o mesmo, enriquecer à custa de negociatas e falcatruas, sempre a coberto das amizades políticas e da subserviência que a famosa cega Justiça sempre prestou a estes cavalheiros.
Fazer de Jardim um ogre não é moralmente nem intelectualmente honesto, aqui assumo-lhe a defesa, não que a verbosa criatura de tal tenha precisão, ainda assim, faço-o consciente de que a tropa fandanga que durante estes trinta anos lhe deu cobertura, é a verdadeira culpada desta opereta bufa, presidentes da república e primeiros-ministros vários das duas cores da dicotomia governante desta nação do faz de conta, perpetuaram, engordaram e escudaram as diatribes, os dislates e por vezes a indigência intelectual dos comportamentos e discursos jardinescos, cuja vulgaridade roçou, não bastas vezes a boçalidade pura, que não se desculpa sequer pela insularidade ou pelo excesso de maresia carregada de sal que poderá calcificar as meninges.
Não Jardim é o produto da política á portuguesa, Jardim é a face mais mediática da Corja, politiqueira que a seguir à tal revolução libertária desse saudoso Abril, nos lançou enquanto nação nesta corrida desenfreada para o caos e para o abismo da mediocridade e da penúria, Jardim enquanto produto desse laxismo jacobino, é apenas uma peça da engrenagem, alguém a quem apenas se podem questionar as opções e uma qualquer eventual falta de escrúpulos, pior, bem pior é assistir à sua sacralização por cinzentões politiqueiros como Guilherme Silva, este senhor deputado deu-me asco, meteu-me nojo, como me metem nojo, todos os que deixaram Jardim à solta e agora alardeiam pruridos de dama ofendida.
A Madeira é Portugal, infelizmente! Por mim há muito que era independente. De uma assentada Jardim arruinou a nossa credibilidade enquanto país, sempre quero ver o que irá o senhor primeiro-ministro, que ainda não há um ano, não estava ainda instalado no poleiro, clamava pela aplicação de penas duras para todos os que gastarem mais que o estipulado, sempre quero ver como irá descalçar essa botifarra. Em toda esta infeliz trapalhada, ninguém sai sem mácula, mas é o PSD que pior fica, ainda que tenham sido os únicos que tentaram travar Jardim, com a famosa lei criada por Barroso e Ferreira Leite, mas que não tiveram coragem para o fazer, essa lei de travagem ao endividamento insular foi accionada por Teixeira dos Santos, honra lhe seja feita. Pior na fotografia de família fica o Zé de Boliqueime, que fez o mais despropositado e labrego arraial sobre o estatuto de autonomia das ilhas da fantasia e agora se queda mudo, como aliás é seu hábito quando se trata de algum assunto sério.
Aguardo também impaciente, a reacção de sua Excelência o senhor Presidente da República acerca desta infeliz barracada, espero que desta vez o senhor Silva tenho algo de interessante para dizer ao país!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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