segunda-feira, outubro 01, 2018

Aliança, velha...!

Esta história começa com uma árvore abatida para fazer resmas de folhas papel de 75gr, aproveitando posteriormente 3,5 quilos desse papel, ou seja uma resma e meia sensivelmente, cerca de 700 folhas de papel para recolher as assinaturas necessárias para entregar no tribunal Constitucional e assim fundar mais um partidelho político, mais valia que fosse papel higiénico, sempre se lhe daria um melhor uso.
Depois é arranjar um qualquer pateta de ego desmedido, amuado por não lhe passarem cavaco nem tão pouco o levarem a sério, dizem que é um menino guerreiro, que bata com o portão da quinta da laranja, saindo para não mais voltar, disse ele, muitos suspiram de alívio com a já há muito almejada retirada de cena do pobre pateta, que ainda não percebeu que está morto, politicamente diga-se, que mal nenhum desejo ao homem, já lhe basta ser como é, um tragalhadanças de primeira água.
Vai daí que despeitado, o tal menino guerreiro, a quem davam pontapés na incubadora, foi-se aos canhenhos e procurou nas agendas os números de telefone das suas muitas “santanetes” e pimba, ei-lo de volta, envolto em bruma intemporal, despido de quarenta anos de roçar o cu pelas esquinas da politiqueirice rafeira nacional, ei-lo renascido, renovado em mente e corpo, sebastianicamente veio para remir o pecado original, o homem é um Cristo da politiqueirice, ou se calhar é apenas um Calímero, uma figurinha caricatural que mete dó, mais faz chorar que rir, tantas e tão medíocres são as suas atoardas, o homem porém porfia, tem-se em grande conta, desmesurado o ego, intrépido avança como líder de uma nova agremiação partidária, uma brigada geriática atacada por achaques e reumatismo nas articulações, uma nova aliança descoberta numa qualquer arca carunchosa, velha, que cheira a bagaceira martelada e a sacristia bafienta, sim porque como convém a um novo ungido o homem redescobriu-se recentemente como católico, nunca é tarde para ver a luz, dirão as mais beatas, pois não, basta passar ali pela segunda circular, mas como o homem é dos verdes, não sei se ver a Luz lhe fará bem.
Sentado na sua poltrona de cetim cor de vinho tinto, um pouco coçada no descanso dos braços, degustando o seu copito de cognac, sim, porque isso da bagaceira é para dar ar de povo e agremiar uns quantos, imbecis, até porque se a coisa correr bem com os votos, vem massa para gerir, o menino guerreiro, agora já de rala farripa branca, melómano de eleição, ouve os violinos de Chopin, uma obra emblemática, que só ele possuiu, cogita, sobre a aliança, sobre possíveis aliados, sobre esse rio poluído do qual se quer afastar.
Cogita, no seu lar de reformado solteirão, reformou-se antes dos cinquenta anos, ah Portugal, esse belo país, mas sente-se inquieto, o homem ainda tem aspirações ainda que todos saibamos que dali não virá nada de novo, aquela aliança, tresanda a mofo, tresanda a parasitas como o próprio, que mercê de uma brilhantemente conseguida constante visibilidade mediática, honra lhe seja feita, conseguiu ser ministro, presidente de câmara, presidente de clube de futebol, entre outras prestações sempre medíocres, miseráveis e despesistas, porque seria diferente agora, que novidades trará essa aliança patética, aliança do quê ou de quem, já agora indagamos.
Para mim é óbvio, é a aliança entre um madraço diletante e pateta com uma súcia de tristes medíocres que apenas pretendem arranjar uns milhares para forrar as algibeiras, a coberto claro está de um projecto político inovador, uma espécie de, como se diz agora e está na moda, “startup” política, que promete inovar.
Portugal continua em larga medida a enfermar com estes quistos sociais, estes aleijões políticos, esta nova aliança é um cadáver que exumaram, para exibir e cobrar bilhetes na ridícula feira das vaidades do mediatismo nacional, o seu protagonista é um pobre diabo digno de dó, um pobre pateta, que tinha feito melhor se tivesse continuado lá pela distribuição de misericórdia, ouvindo nós dele só de tempos a tempos, infelizmente o homem não percebendo que está morto, voltou às entrevistas, impressionante como as televisões perdem tempo com maralha desta, até já é comentador, para repetir o mesmo que sempre disse, para fazer declarações bafientas sobre temas dos quais não sabe peva, olha seria preferível que fosse para casa enfiasse uns valentes copázios de aliança e se esquecesse que nós existimos.

Um abraço deste vosso amigo
Barão da Tróia

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