sexta-feira, fevereiro 07, 2025

Promiscuidade

 

Fonte da imagem:http://circulosavassi.blogspot.com/2012/05/promiscuidade-paradigmatica-da.html

 

 Promiscuidade

1. Reunião de indivíduos muito diferentes, cuja mistura ou intimidade é considerada contrária aos bons costumes;

2. Carácter do que se considera desagradável, pela vizinhança de grande número de pessoas, pela falta de higiene ou pela falta de intimidade;

3. Em sentido figurado significa, mistura confusa e desordenada.1


Dei-me ao trabalho de consultar a Infopédia, que é uma excelente ferramenta diga-se “en passant”, para complementar este pequeno artiguelho de hoje, onde me proponho discorrer sobre a “promiscuidade” elencada no ponto 1º da definição acima transcrita, até porque quando se fala de “promiscuidade” a maioria das pessoas associa imediatamente esse vocábulo a comportamentos sexuais libertinos, no então a definição cala mais fundo.

Pois porque é dessas “reuniões” de indivíduos muito diferentes que surge a promiscuidade realmente mais feia e degradante, enquanto elemento essencial de promoção da corrupção, essa promiscuidade pode não se dar por ela nos grandes meios urbanos, mas em aldeolas como aquela em que habito, a promiscuidade não só é perfeitamente visível, tolerada e aceite, como algo perfeitamente normal, e não como a nefasta desestabilização da Democracia infelizmente cada vez mais presente nas sociedades.

No dia a dia não é difícil ver a “promiscuidade” em acção através dos seus actores principais, os protegidos mais os “chicos espertos”, todos estes patéticos seres, exploram a promiscuidade em seu proveito. E como é que se distingue a “promiscuidade”? Podem os meus amigos questionar, nada mais fácil respondo eu, ele há muitos tipos de “promiscuidade”, alguns desses tipos podem inclusivamente configurar crimes, mas como não sou jurista nem possuo conhecimentos nessa área vou-me abster de seguir por esse caminho.

Imaginemos que alguém tem um familiar a trabalhar numa instituição pública que aprova projectos financiados por fundos comunitários ou que tem uma posição num qualquer departamento de uma instituição pública ou que pertence a uma qualquer entidade pública, imaginem que esse familiar, transmite informações privilegiadas sobre como elaborar “projectos” e assim garantir que o tal “chico esperto” arrecada sempre o dinheirinho vindo dos cofres europeus, ou que tem tratamento privilegiado ou ainda que é atendido sempre à frente de outras pessoas, estas hipotéticas, quiçá reais e diárias situações, são evocativas da “promiscuidade” que reina há décadas nas instituições públicas, gente sem ligação que se conheça a essas instituições, que não seja conhecerem lá alguém e ou serem familiares de alguém que lá exerce funções cirandam pelos corredores e gabinetes como se nada fosse, são os “protegidos” os que têm “conhecimentos” e isto tudo com conhecimento de quem «manda», mas que age como se nada fosse, como se fosse tudo normal e aceitável.

Pior que ver estes protegidos, sempre a rondarem e a frequentarem as instituições públicas, é ver as, almoçaradas, jantaradas ou lanches, mais os “presentes” com que agraciam os funcionários dessas instituições, sabendo que com isso «compram» a impunidade de que desfrutam, acredito que em meios urbanos grandes isso seja difícil de ver, aqui na aldeola onde habito é muito fácil ver aquilo que na prática se traduz por uma “promiscuidade” promotora da corrupção.

Aliás nestes meios pequenos, rurais, quiçá atrasados e retrógrados, é fácil demais ver a “promiscuidade”, até porque como já referi, estas práticas, apesar de olhadas de soslaio e por vezes comentadas em surdina por alguns daqueles que delas não colhem frutos e ou outros poucos cuja noção de ética lhes repugna esta maneira de proceder, na maioria das vezes esta “promiscuidade” é tolerada sem grande alarde, alargando-se de um modo ou de outro a muitas das instituições públicas. É claro que isto deveria ser preocupante, infelizmente, parece que não. Depois é vê-los aos “protegidos” mais aos “chicos espertos” pavoneando-se por aí sabendo-se impunes, intocáveis, porque privam com este e com mais aquele, porque untam a mão aquele, molham a goela aqueloutro e assim vão levando a água ao seu moinho, na grande torrente da corrupção, uma das mais preocupantes doenças nacionais.

Esta teia de corrupção propiciada pela “promiscuidade” é então mais uma das característica deste nosso nobre país, isso, mais a “cunha”, o compadrio e o clientelismo, daí advindo o nepotismo oligárquico e a prepotência a que demasiados actores políticos estão ligados e são cultores. Depois queixamo-nos do “populismo”, do fascismo e de mais não sei o quê, queixando-nos igualmente da fraca participação cívica das populações bem como da muito fraca qualidade das gentes políticas, quando na verdade os culpados somos nós que enquanto sociedade deixamos tudo isto acontecer.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia


1https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/promiscuidade


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