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Confesso que adoro patetas, tenho por ele um carinho particular, até porque muitos deles não sabem que o são, o que torna a coisa ainda mais deliciosamente humorística. Muitos desses patetas alegres, são, foram e ou aspiram a ser políticos, acrescento que Portugal deve ter a maior colecção do Mundo de politiqueiros patetas.
Na sua edição em papel do dia 14 de Fevereiro do corrente ano1, o jornal “Público”, apresenta uma coluna de um desses mencionados patetas politiqueiros, acho impressionante que os jornais e as televisões invistam tanto neste tipo de tropa fandanga, como se essa gente tivesse algo de importante para nos dizer.
O título da crónica desse dia era “A perceção sobre a perceção das perceções sobre corrupção”, para meu maior gáudio o autor da dita crónica, o senhor Silva, emérito antigo ministro da Cultura, pessoa de muitos méritos e capacidades, sapientíssimo e omnisciente, do alto dos seus pergaminhos intelectuais, acha por bem derramar a sua douta intelectualidade semanalmente ali naquela coluna de um jornal diário, regando assim com as suas iluminadas tiradas a secura da ignorância de todos nós o poveco néscio.
Dizia eu, que para ainda meu maior gáudio o homem escreve segundo as normas do acordo ortográfico, um acordo que transformou a escrita do português naquilo que chamo “merdalhês” coisa que me recuso a escrever, facto esse que torna a coisa ainda mais risível, mais pateta portanto.
Mas perdoem-me que me estou a desviar do propósito que me trouxe aqui, resumindo, o senhor Silva na sua crónica, desvaloriza, como quase sempre o fazem as elites, as “percepções” do povinho pagante, sobre o ascendente da corrupção cá pelo reino da fantasia, cita de memória, diz ele a certa altura, uma outra luminária, antiga ministra da Justiça, uma frase que a dita senhora terá propalado aos microfones de uma rádio, “...ao longo da história, em nome das perceções, foram cometidas as maiores atrocidades”, fim de citação.
É pá, não sendo eu historiador, nem nada que se lhe pareça, não estou a ver, que “maiores atrocidades”, tenham sido propiciadas por percepções, assim de memória, vejamos, o Holocausto dos Nazis sobre os judeus, deveu-se sobretudo ao ódio racista, o massacre do dia de São Bartolomeu, a 24 de agosto de 1572 em França, em que milhares de pessoas são assassinadas devido ao ódio religioso, estou a lembrar-me do massacre de Srebrenica ocorrido entre 11 e 25 de julho de 1995 nos territórios da ex Jugoslávia, novamente com milhares de vítimas, ficou igualmente a dever-se ao ódio religioso e a questões políticas. Vem também à minha memória o genocídio da minoria Arménia pelos turcos, tido como o primeiro da modernidade, após a criação do vocábulo, mais de 1 milhão de vítimas, tudo motivado por questões políticas originados pelo expansionismo otomano, além, de ódios raciais e religiosos.
Ora, destas coisas hediondas todas, das maiores que temos relato, nada aqui tem que ver com percepções, ou seja, a senhora ex ministra, quis fazer bonito e pumba, lá solta uma bojarda pateta, prontamente agarrada, pelo senhor Silva, como justificação da sua opinião igualmente pateta, é de temer esta ignorância, mas ainda temos pior.
A certa altura da sua escorrência verborreica passada ao papel, o senhor Silva, emérito que é, ataca com a seguinte, “perceção”, pois não existem dados que permitam comprovar o que afirma, “...não há como não afirmar que já é distante o país em que se gratificava o ajudante de notário para fazer uma escritura, o agente da polícia, para não passar uma multa, o fiscal camarário, para fechar os olhos a uma obra, e o autarca, para licenciar um projeto.”
Esta tirada é ao mesmo tempo perigosa e pateta. Primeiro, notem que nesta “perceção” do senhor Silva, o nosso sapiente senhor Silva refere o ajudante de notário e não o notário como agente corrupto, dando depois mais exemplos e declarando-nos longe desses tempos. A afirmação do senhor Silva é perigosa, a crer no que disse a senhora ex ministra citada pelo dito senhor, por tratar-se de uma percepção, depois é pateta, porque revela a enorme ignorância do senhor Silva, no que toca ao país onde vive, essa mesma afirmação seria apenas pateta se dita pelo senhor Antunes, sapateiro de Vila Nova da Agrela, ou pela Chica Zarolha, taberneira de São Pancrácio da Giesteira ou até por mim simples labregote aqui da aldeola, seria normal, afinal somos apenas povo ignorante, agora tal afirmação produzida por tão douta, sapiente e capaz personagem que escreve em jornais e já foi ministro é assustadoramente demonstrativo de um grau de ignorância tremendo, o senhor Silva ignora, logo não sabe, logo diz patetices.
Parece então que o povo, não pode ter percepções, tadinhos, dos ignorantes, já se forem as elites a ter percepções essas passam a ser certezas. Parece igualmente que no entender do senhor Silva existe “pequena corrupção” e “grande corrupção”, discordo completamente desta abordagem, o que é existe é corrupção, quem se vende por um tostão mais depressa o faz por um milhão.
Fico pois estarrecido com esta gentinha, tão cheia de pergaminhos, tão sapiente, mas que vive numa bolha, desconhece a realidade do país onde habita, desconhece a natureza do “tuga”, ao contrário do que afirma o senhor Silva o Portugal da corrupção não está distante, ele continua de vento em popa, infelizmente o senhor Silva desconhece a nossa propensão para a corrupção, isto é preocupante porque gente desta igualha, estes dois referidos incluídos, chegam ao Poder, governam-nos, e como pode este tipo de gente governar se não conhece quem governa?
Um
abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
1https://www.publico.pt/2025/02/13/opiniao/opiniao/percecao-percecao-percecoes-corrupcao-2122491
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