sexta-feira, janeiro 17, 2025

Pagar para trabalhar...

 


 

 

Na sequência da inenarrável palhaçada com a nomeação, martelada, do senhor Rosalino, para um cargo, criado pelo actual governo, fundamentado na lógica do “vamos dar tachos aos nossos boys”, o actual primeiro-ministro o senhor Montenegro brindou-nos esta semana com mais uma das suas, já costumeiras, pérolas de sabedoria.

Ora o bom do senhor Montenegro, rapaz sagaz, possuidor que é de um carisma idêntico ao de uma fatia de queijo flamengo abandonada no alcatrão num dia de calor estival, não contente com a desfeita de não ter angariado o senhor Rosalino para esbanjar dinheiro, foi ao baú, desencantar um outro destes génios “economistas” que a rapaziada do PSD adora, creio até que as meninas e meninos desta corrente partidária têm sonhos húmidos com economistas, a saber o senhor Neves.

Dizia eu então, que o senhor Montenegro lá foi rebuscar um outro economista, o senhor Neves, que ao que parece estava a gozar a sua merecida e milionária reforma, dizem que 9 mil Euros, regressando para receber como salário apenas uns meros 6 mil Euros, facto que deu azo a que o presciente senhor Montenegro tenha declarado o seguinte, cito; “"Não deixo de anotar o esforço e a prova de dedicação à causa pública que o novo secretário-geral do Governo dá ao vir vestir esta camisola com custos pessoais e financeiros. É mesmo um caso para dizer que o Carlos Costa Neves, nesta ocasião, está a pagar para trabalhar…”1

Confesso, que até me vieram as lágrimas aos olhos, ao ler esta declaração do senhor Montenegro, vieram-me as lágrimas aos olhos porque quase que morri a rir, até a barriga me ficou a doer com tamanha anedota. Eu já devia estar habituado às idiotarias do senhor Montenegro, mas esta foi demais, no entanto já um destes dias, um outro senhor que foi ministro da Cultura2 e agora escreve umas cenas num jornal diário, tinha aflorado a temática “rosaliniana”, aduzindo à questão, mais esta pérola, e cito, “Temos hoje um problema sério de competitividade salarial em áreas críticas para o funcionamento do Estado.”

Se tal afirmação fosse produzida por um qualquer falcato, por mim por exemplo, ainda seria tolerável, mas por um senhor que foi ministro, soa a pura imbecilidade, “temos hoje” diz o homem, temos há décadas digo eu, os funcionários autárquicos por exemplo são pessimamente pagos, é por isso que os concursos para pedreiros, calceteiros e afins ficam quase sempre vazios, pessoal com formação superior, se bem que com a fraca qualidade do ensino superior tal formação não signifique muito nos dias que correm, está estagnado em carreiras medíocres a ganhar 900 Euros, não é pois de admirar que um tipo se farta de rir quando ouve o primeiro-ministro dizer que um tipo que vai ganhar 6 mil Euros, vai pagar para trabalhar.

Mais, o que iria o senhor Rosalino ou o agora nomeado e mais baratucho senhor Neves, fazer de tão especial que justifique gastar tanto dinheiro? O senhor Montenegro continua atracado, salvo seja claro está, àquela múmia execranda do gasolineiro de Boliqueime conhecido entre os amigos como o “migalhas” tal é o afã com que se atira a tragar as fatias de bolo-rei de bocarra escancarada a vomitar migalhas em todas as direcções, aliás quer-me até parecer que o desejo secreto do senhor Montenegro é emular o “migalhas”, tido no seio da súcia da social democracia como um verdadeiro “Sebastião” das economias, que, curta é a memória dos homens, aquando do seu consulado, se limitou a cortar despesa, desbaratar dinheiro dos subsídios europeus e destruir o que ainda restava da indústria pesada, pescas e agricultura, vendendo ainda o que estava mais à mão, estabelecendo o padrão para os que o seguiram no cargo.

Continuo a perguntar que iria o senhor Rosalino ou o agora nomeado e mais baratucho senhor Neves, fazer de tão especial que justificar gastar tanto dinheiro? Consultando os canhanhos da História, o que nos apercebemos é que a grande política económica de todos os tempos, até o “botas” de Santa Comba, outro semi deus das moscas dos alucinados, a essa política recorreu, que é nem mais nem menos que uma receita bem conhecida de qualquer merceeiro de aldeola, a saber, cortar a despesa, aumentar os impostos e roubar no peso, “voilá”, como dizem os franceses, a grande teoria económica mundial de sempre reduz-se na prática a isto, o resto são balelas, patranhas e percepções como está na moda dizer-se.

O senhor Montenegro já nos habitou às baboseiras que volta e meia lhe saem pela boca fora, mas esta é ofensiva. “Pagar para trabalhar” fazem-no milhares de pobres diabos, eu incluído, deste pardieiro chamado Portugal, que nem 1000 Euros recebem, o senhor Montenegro que tanto amor e dedicação tem ao gasolineiro de Boliqueime, podia emular o seu herói de uma forma simples, de cada vez que lhe viesse uma qualquer baboseira imbecil à cabeça, ao invés de a dizer, coma antes uma fatia de bolo-rei, mas de boca fechada.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

1https://www.dn.pt/politica/secret%C3%A1rio-geral-do-governo-montenegro-elogia-costa-neves-que-est%C3%A1-a-pagar-para-trabalhar

2https://www.publico.pt/2025/01/02/opiniao/opiniao/problema-nao-apenas-helder-rosalino-2117460

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