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Um destes fins de semana, demos por nós virados para a nostalgia, daí ter “roubado” o titulo da muito conhecida música imortalizada no filme de 1942 “Casablanca”, falávamos do “antigamente” do nosso “antigamente” aqui na terreola, naquele grupo de amigos já todos passámos os 50, partilhamos mais ou menos as mesmas memórias, isto da História, é curioso, muito são memórias, mas outro tanto é esquecimento, quem é que se lembra do Combate de Vatalandi de 1110 ou do Massacre de Lisboa de 1506, com isto quero dizer que provavelmente é mais o que as nossas memórias pessoais esquecem do que aquilo que retêm.
- Roupa era no Tátá – dizia um – era se não fosse de desporto, porque aí ias à ModeSport – atalhou outro.
- O Império era da betalhada, o Ramiro era dos “bóinas” – diz um terceiro – é verdade, apesar de alguns de nós recordarem também o Farwest, o Solidó, os Maias, a Taberna do Chico de Alpiarca ou a Taberna do Migalheiro, mais a loja do senhor Zacarias e o seu imaculado guarda pó cinzento - ...não te esqueças da Tendinha e das batatas fritas – disse um outro.
-E as tardes no Grupo 4, - era um salão de jogos, - mais tarde apareceu o salão de Jogos do Rafael e depois o Cometa… - acabou tudo - rematou um dos amigos. É verdade, daqueles lugares icónicos da nossa infância e adolescência, apenas um ainda resiste, é dos mais antigos, faz parte das memórias de várias gerações, e destas reminiscências surgiu uma questão, e daqui a 40 ou 50 anos como é que acham que isto vai estar?
É minha profunda convicção, - disse eu - que daqui a 50 anos, esta terra, será, na sua essência, como é agora, será maior e mais populosa, será igual a um daqueles subúrbios abomináveis da capital do país, surgirão os inevitáveis bairros sociais que trarão os males do subúrbio a esta terra, teremos uma cidade quiçá moderna, descaracterizada por completo, vivendo uma outra realidade cultural e social.
Nada daquilo que é a minha convicção se enquadra numa qualquer dicotomia maniqueísta e simplista da eterna luta do mal contra o bem, nada disso, esta terra já é um pouco um subúrbio patético, um subúrbio esquizofrénico, em que alguns hábitos citadinos convivem com os mais arreigados e ancestrais hábitos labregos do campesinato, naquilo que é um interessante desafio para alguém que queira fazer um exercício de observação in situ.
Hoje já se vê, por aqui, uma fauna interessante, oriunda dos subúrbios da capital e da famosa “margem Sul”, já se vêem alguns dos comportamentos antisociais e medíocres que esse tipo de fauna traz consigo, daqui a 50 anos, é então fácil de imaginar como estaremos, olhem para como eram localidades conhecidas das franjas da capital há 50 anos, olhem como são hoje, é fácil extrapolar como será Almeirim daqui a 50 anos, não é mau nem é bom, é o que é.
Seremos apenas mais um subúrbio, um dormitório, descaracterizado, sem memórias culturais porque a cultura dos antigos, já não interessa nem dirá nada a ninguém que naqueles tempos futuros estiver vivo, excepto talvez um ou outro pateta. Seremos uma terreola, mais uma, incaracterística, cheia de desenraizados indignados que não querem pertencer a lado nenhum, esse será o nosso futuro.
Não podemos culpar ninguém por este rumo, o Mundo vai assim, mas a culpar alguém, devemos culpar-nos a nós mesmos, por termos votado em políticos “poucochinhos” gente com limitações, canhestros e ignorantes, com pouca ou nenhuma visão do Mundo, gente que foi apenas copiando os modelos de desenvolvimento da moda, sem nunca terem tido uma visão estratégica a longo prazo, a culpa é nossa de termos votado nesses ignorantes.
Mas não temam, tudo se irá resolver, as times goes by…
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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