quinta-feira, dezembro 07, 2023

Em nome do Pai

 

                                                    Fonte da imagem: https://antoniojorgegoncalves.com/wp-content/uploads/2016/02/2015-11-27.jpg

 

Naqueles tempos, os Idomeus, os Fariseus, os Filisteus e os Nabateus andavam esquinados, ao que parece para beneficiar uns amigos o Filho tinha invocado em vão o nome do Pai, tudo para conseguir uma cunha para os tais amigos, nada de novo, naquelas terras do fim do Mundo, onde a cunha, o compadrio, o amiguismo e o clientelismo, havia muito que estavam instituídos e eram poderosas correntes do Poder.

Até Marta, tinha por momentos temido a ira do Senhor, achando por bem sacudir a água do capote, não fosse a procela cair-lhe em cima, a ira do Senhor, era infindável, tanto que até fizera com o Bezerro de Oiro desse à costa e caísse do poleiro que ocupava no templo, para gáudio dos Filisteus e maior tristeza dos Fariseus, a quem os fariseus irão seguramente arrancar o trono do altar, assim que os povos forem a votos no tabernáculo.

O Filho não temia a ira do Pai, porque separava-os o grande Mar Oceano, o Filho esquecia porém que o Pai era omnisciente omnipotente, além de ocupar o celestial trono e ter acesso privilegiado aos pregoeiros, além disso os malvados Fariseus andavam de olho, aquela história do pombo correio enviado pelo Filho ao Pai, cheirava a esturro, até porque misteriosamente, talvez pela mão do Senhor, o tal pombo correio, que o Pai negava ter recebido, bem como a sua mensagem haviam desaparecido, naqueles tempos, os pombos, por vezes recebiam estranhas incumbências.

Para complicar a já de si complicada trapalhada, o acólito Saló adjunto de Marta, vinha agora arrancar os cabelos em pleno Templo da Saúde, fincando-se a pés juntos na não culpa, pelo meio ficou ainda mais obscurecida a verdade daquilo que se passara na Casa de Maria, a santa, com os tratamentos dispensados às crianças crentes vindas das terras da Vera Cruz.

Como se passara tudo aquilo, era o mistério bem mais denso que os segredos que bem guardados estavam na arca do Tabernáculo fatimida, nem os pobres pastores sabiam, as Alfandegas tinham despachado em tempo recorde os papiros que davam às crianças a nascença em pleno centro da terra prometida, e essa era outra componente do mistério, tinha-se operado o milagre da celeridade nas Alfandegas, os caminhos do Pai são misteriosos e insondáveis, oremos ao Senhor.

O Pai falou aos Fariseus, dizendo-lhes primeiro que não falara com o filho, que ao que parece é doutor, disse o Pai várias vezes, coisa pirosa e labrega de se dizer, disseram os Fariseus descrentes. Aos Fariseus incréus, disse ainda o Pai, não permito que invoquem o meu nome. Eu é que fui o eleito! Oremos ao Senhor.

Naqueles tempos, os descrentes, estavam cada vez mais descrentes, o Pai mostrava nesta trapalhada a galopante decadência daquele Reino dos Seus, aos Fariseus o Pai disse que o Filho não conhecia a família das crianças, então porque raio foi o Filho meter o bedelho na situação, perguntaram os Fariseus, mas ficaram sem resposta, oremos ao Senhor.

No alto do monte da Ajuda, o Pai voltou a falar, afinal, recebera um pombo correio enviado do outro lado do grande Mar Oceano pelo Filho doutor, porém, não interferira em nada, os Fariseus estavam ainda mais desconfiados, disse-lhes o Pai, não falei ao primeiro-sacerdote, não falei A Marta a sacerdotisa do Templo da Saúde, não falei ao acólito Saló adjunto de Marta, não falei ao ouvidor geral, não falei à sacerdotisa da Casa de Maria a santa, nem ao Conselho de Anciãos dessa Casa nem aos boticários e sangradores, não interferi. Oremos ao senhor.

E assim, naqueles tempos ia o Reino dos Seus, os Idomeus, os Fariseus, os Filisteus e os Nabateu iriam continuar esquinados, até porque depois de uma trintena e tal de inquerimentos, ouvições e comissões, se iria descobrir que os vários milagres foram, obra da Adosinda, a senhora que limpava o pó dos santos no Monte da Ajuda e arredores, fora ela que falara com a porqueira do Templo, mais o ferreiro do Tabernáculo para por as coisas em movimento eis o milagre do Pai. Oremos ao Senhor.


P.S. - Esta trapalhada que acima descrevo, não é nada de novo, há por aí muito disso, esta só deu à costa por causa da actual situação política, é reveladora apenas do estado de miséria moral que vigora há muito em Portugal, nada de novo portanto, exultemos que a saúde das crianças foi melhorada, que coitadas, não tem culpa das pulhices que os adultos cometem, triste é que outras tantas crianças não tenham a mesma pressa de tratamento, mas isso são contas de outro rosário.


Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

 

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