Adoro esta coisa portuguesa do “decoro” da “reserva”, um tique que nos ficou dos 48 anos de canga ao pescoço, do tempo do lúbrico sacrista o famoso “Botas” de Santa Comba, não que hoje a tenham largado, mas isso são contas de outro rosário como sói dizer-se, outra parcela desta equação desta coisa tão lusa que são os “bons costumes” e a patética resignação que nos advém dos adoradores de altares, ah esta nossa propensão para a ratice de sacristia, que tanto jeito tem dado ao longo destes quase 900 anos que este pardieiro leva de existência.
E é a esta doce resignação dos condenados, que os nossos politiqueiros se habituaram desde que a tal “Democracia” nos entrou pela casa adentro, não que a tenhamos pedido, mas pronto. Habituados então à mansidão, longe vão os tempos das “feras gentes” de que falava o zarolho poeta, agora e há muito, que o que temos são, as mui mansas gentes, os politiqueiros habituaram-se a que não importa que trafulhices e trapaças façam, o poveco não reage, quando muito nas eleições seguintes vota em massa, aqueles que ainda votam, no outro partido de farsantes impostores, que mais não fará que o mesmo dos anteriores, num ciclo vicioso que nos persegue há umas 4 décadas.
Ora, assim desabituados de um contraditório que é essencial à tal Democracia, os nossos politiqueiros, foram fazendo o que querem, quando querem e como querem, o escrutínio é quase nulo, logo a coisa quase sempre corre bem, é por tal, por causa dessa “mansidão” quase bovina da populaça, que no limite, de quando em vez, se dedica a gritar umas palavritas de ordem, todos bem alinhados, por detrás de barreiras de metal e polícias arreados de escudos, capacetes e cachaporros, o politiqueiro sente-se então seguro, "vozes de burro não chegam ao céu", pensa o politiqueirote medíocre.
Mas a coisa está a mudar, parece-me, lentamente, como quase sempre acontece por cá, primeiro foram uns cartazes, que parece que ofenderam muito o senhor Primeiro-ministro, e que fizeram correr regatos de tinta e muitas acusações, de um lado os seráficos apóstolos do “decoro” e dos “bons costumes, do outro os mafarricos, que ardam no fogo infernal para todo o sempre, esses defensores despudorados da Liberdade de expressão e da Democracia. Pior foi quando, umas miúdas parolecas, resolveram, atirar umas bolitas com tinta, primeiro ao excelente ministro Galamba, exemplo cimeiro da presteza politiqueira nacional, posteriormente agraciando outro portento do intelecto político, o ministro Medina, com também uma saraivada de bolitas de tinta.
As raparigas contestam as políticas nacionais sobre o clima, sobre a poluição e essa coisas menores, resolvendo então atirar as tais bolitas de tinta, a coisa resolveu-se com uns gritos esganiçados e com a detenção das perigosas meliantes, espantados os politiqueiros e os seus cães de fila foram lestos a zurzir na miúdagem, criticando claro está a ausência do “respeitinho” e da “ordem”, aparentemente ausentes da educação daquele miudagem, e o que não faltou meus caros de gente, gentinha e gentalha a cagar postas de pescada, criticando as miúdas por aquela estouvada atitude, tão contra a moral e os bons costumes da populaça bovina. Desde o intelectual penteadinho, ao macavenco do dia a dia que vocifera nas redes sociais, quase todos se insurgiram contra aquelas cachopas desocupadas que ao invés de estarem em casa a estudar para serem boas mães, boas esposas e boas donas de casa andavam por ali a brincar com bolinhas de tinta atentando contra a dignidade dos senhores ministros, curiosamente o único que vi “defender” o acto foi sua excelência o senhor Presidente da República que a esse propósito disse, “que a contestação dos jovens demonstra que estão preocupados com as alterações climáticas e que essa não é uma realidade nova em Portugal”.
Pois meus caros, pessoalmente tenho a dizer-vos que muita sorte tem os nossos politiqueiros, por cá levam com bolinhas de tinta, noutros países, é certo que menos civilizados que o nosso, o habitual são os ovos, os tomates, os legumes podres e até sacos com estrume.
Pessoalmente,
apesar de a ideia de ver a escumalha politiqueira levam com sacos de
estrume pelas trombas me seja gratificante, eu aconselharia ao invés
o tijolo de burro, mesmo partido ao meio, parece-me um muito melhor
argumento que meras bolitas de tinta, nada como levar com um tijolo
de burro nos cornos, para que se abra a pestana e se perceba que tem
de respeitar as pessoas, mas claro que isso nunca vai acontecer, a
contestação, estará sempre a cargo de meia dúzia de miúdos e ou
miúdas, por que o resto do povaréu, continuará, manso, capado,
cooperante e sabujo. Curiosamente aquelas miúdas mostraram ter mais bolinhas, que 99% da boiada capada que compõem o poveco deste pardieiro.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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