sexta-feira, junho 11, 2021

A MARQUISE DO ARNALDO

A questão da “marquise” mandada construir, por um conhecido empurra bolas, no topo de um prédio lisboeta, à revelia de uma qualquer Lei, tem levantado algumas questões, entre comentários mais ou menos cretinos em defesa do senhor promotor do mamarracho e outros igualmente cretinos atacando-o, o que fui lendo, centrou-se na questão fulanizada da pertinência e justeza da acção daquele camarada, que dizem uns, tanto tem dado ao país, outros dizem que agora o atacam por mera inveja, que o país não o merece, porque sim e porque sopas.

Na minha humilde convicção, a questão da marquise do dito senhor, está muito para além de uma mera prevaricação, se existir alguma, está mesmo muito para além da mera violação de quaisquer preceitos legais, de posturas municipais e ou alegadas violações de direitos autorais, o problema radica mais fundo, radica numa coisa a que chamo “tuguismo”.

Aquilo que se passou foi mais um exemplo do comportamento “tuga”, essa raça que veio substituir o português, tipo que está em extinção, que aliás se irá extinguir nas próximas duas ou três décadas, engolido pela voragem dos tempos, ficará o “tuga” a versão abastardada daquilo que foi o português, animal que só poderemos revisitar nos museus, mas deixe-mo-nos de lérias e vamos ao que interessa.

Per si o episódio da construção do mamarracho no topo de um prédio lisboeta, é apenas mais um episódio, entre milhares de situações análogas e ou bem piores, que grassam pelo país todo de Norte a Sul e ilhas adjacentes, perpetrados por novos ricos labregos e ou pela resma de bandalhos endinheirados que enxameia este país, essa nova elite labrega, sem pingo de educação bom gosto e ou cultura, expoentes máximos do Mundo actual, o Mundo do “tuga”, foi portanto apenas mais um exemplo do “tugismo”, um exemplo de narcisismo arrogante egocêntrico umbiguista, é o velho «posso, quero e mando», na sua moderna, actualizada e aumentada versão, atitude tão ao gosto das elites podres do «ancient regime» do antanho bolorento, mas revitalizada como produto destes tempos, um tempo que como escreveu a escritora Italiana Andrea Marcolongo, onde "a ignorância se converteu num valor social".

É portanto convicção minha que aquilo foi antes de mais um problema de arrogância de uma atroz ignorante arrogância, apanágio do “tuga” para o qual, a Lei, as regras, as normas, os direitos de autor e coisas assim menores valem nada, nada disto é sequer novo, pois o “tuga” não nasceu de geração espontânea, ele é produto de anos de apuro de raça, o vício de ser do contra vem tal como a fama do bagaço, de longe, de muito longe, e para não ir mais atrás, recordemos o que em meados do século XIX, já dizia el-rei Dom Pedro V (1837 – 1861) a propósito dessa propensão dos portugueses para se sentirem alheios ao cumprimento da Lei, dizia então o bondoso monarca que, “o primeiro instinto dos portugueses era resistir às autoridades”.

Dito isto, continuo a estar convicto de que aquilo da marquise, é mais um exemplo dessa coisa “tuga” de se achar acima da Lei, se o “tuga” pelintra se sente assim, o “tuga” da elite, ainda mais se sente assim, olhe-se os politiqueiros, os banqueiros e outra dessa escumalha da elite, crendo-se, e cada vez mais sendo-o efectivamente, impune, já que a grande conquista desta nossa Democraciazita nestes últimos 20 anos foi a impunidade, uma impunidade corrosiva que surgiu da necessidade de colocar a salvo as elites politiqueiras e os seus amigalhaços e clientelas, mas que foi apodrecendo a sociedade, estendendo-se ao resto do povaréu, tendo um impacto incrível nas gerações mais novas, criadas na mais perturbadora impunidade.

Uma das defesas aduzidas pelos defensores do empurra bolas da marquise, diz que o rapaz é bondoso, que deu isto e mais aquilo, que lhe devemos muito, pessoalmente não lhe devo nada nem tão pouco me sinto em divida, mas quem sou eu. Este tipo de defesa é uma outra característica do “tuga”, é a síndrome do “ele fez obra”, que tanta vez se ouve acerca de muitos dos mais rematados pulhas, biltres, escroques e bandalhos que pululam neste país, coisa que por exemplo num tempo recentemente, deu origem a uma mansa ditadura de 48 anos, pela qual muitos ainda suspiram, deu igualmente origem já em tempos mais democráticos, a fenómenos de retumbantes votações conducentes a maiorias absolutas que elevaram ao estrelato tão nefastas e mediocres criaturas como sejam por exemplo um Cavaco ou um Sócrates, para dar apenas dois exemplos de rebotalho político do pior.

A rainha Dona Estefânia (1837 – 1859) numa carta escrita a sua mãe constatava que "Os portugueses têm o sentido do luxo e da pompa, mas não o da dignidade", pois, o actual “tuga” herdou essa característica, esse é mais um dos problemas que subjaz à questão aparentemente dispiciendo de uma construção de gosto mais ou menos duvidoso, mas não pior de que outros atentados arquitectónicos de que este país está cheio.

À laia de conclusão, que se faz tarde, estou convicto de que a construção da dita marquise, é o menor dos problemas, na realidade o que ali está em jogo, é toda uma cultura de laxismo, uma cultura avessa ao cumprimento das regras, uma cultura corrupta, arrogante narcisista, nada edificante, que faz tábua rasa do civismo, uma cultura da menorização da decência da educação e do respeito pelos outros, em suma, o problema ali agora claramente exposto é o do triunfo da cultura “tuga”, amplificada pelas redes sociais onde as massas ignorantes de confrontam, quanto à marquise do Arnaldo propriamente dita, deixem lá isso em paz é só mais um mamarracho, numa cidade cheia deles.

 Um abraço deste vosso amigo

Barão da Tróia

 

Sem comentários: