Esta última semana encadeia-se perfeitamente no meu
artigo anterior sobre este país ser uma espécie de “Quinta Dimensão”. Esta
última semana foi um extraordinário episódio real dessa mesma “Quinta
Dimensão”, por não ser ficção o seu dramatismo é maior, a Morte é real, as
lições a extrair desta situação não são meros ensaios retóricos ou ditos
recheados de moral bolorenta, são lições apoiadas em factos reais que todos, ou
quase todos, pudemos constatar em tempo real.
Esta pandemia viral mostrou-nos que um qualquer acto
nos antípodas, tem uma consequência deste lado, mostrou-nos que este planeta é
só um, que não temos para onde fugir, que ter dinheiro nada significa excepto
adiar o inevitável, mostrou-nos quão frágil são as estruturas dos países, mesmo
daqueles que se dizem desenvolvidos.
Esta pandemia, mostrou-nos, em lanços mais ou menos
dramáticos repetidos até à exaustão no ópio moderno dos média, que todas
aquelas patacoadas com que o ser humano se entretêm a fazer de conta,
religiões, ideologias e divisões étnicas, são balelas, patranhas para entreter
néscios, nada ficará como antes, pelo menos para uma parte considerável da
população do Mundo, isto porque uma outra parte considerável composta
essencialmente por gerbos sem cérebro, esses pobres indigentes intelectuais
continuarão como até aqui a presumir, a levantar muros, a erguer bandeiras e ou
a acender velas, prostrados de cu para o ar à espera de divindades patéticas.
Nada como um microscópico ser unicelular, sem
cérebro, para nos fazer ter consciência daquilo que somos, meros animalejos que
corroem o planeta, nada como um vírus, felizmente por enquanto pouco letal,
para nos mostrar que o caminho tem de ser outro, nada como aquele pequeno ser
para nos fazer descer da soberba e da arrogância com que andamos neste Mundo
único, assim tenhamos todos enquanto espécie a decência de perceber o alcance
daquilo porque estamos a passar e das imensas possibilidades de o mesmo se
poder repetir, esperemos que sem grandes consequências, porque não tenho
nenhuma dúvida de que se este vírus fosse realmente letal e particularmente
virulento, a esta hora não estaria aqui ninguém!
É minha mais intima convicção, que os poderosos do
Mundo vão, passando este ordálio, extrair conclusões, espero igualmente que os
povos percebam o cada vez mais estreito labirinto em que nos encontramos e que
a sua pressão junto desses seres poderosos os obrigue a reorientar a bússola
singrando outro rumo, precisamos todos de desacelerar, de reaprender a viver.
Espero igualmente, que existe na sociedade a
capacidade de auto análise sobre as atitudes que todos tomámos durante estes
dias, do açambarcador sem vergonha, ao cretino plantado na esplanada como se
nada fosse ou o grunho que atira as luvas usadas para o chão, se bem que eu
saiba que metade da população é demasiado imbecil para perceber o alcance da
sua cretinice. Acredito que se sobrevivermos a esta, o que nos irá matar,
poderá começar com um vírus, uma bactéria ou uma qualquer maleita que
inexoravelmente nos extermine, no entanto acredito que o que realmente nos
matará é a estupidez colectiva, a falta de decência, a ausência de civismo e a
falta de respeito pelos outros em suma a nós humanos o que nos irá matar será a
falta de humanidade, por incrível que isso possa parecer.
P.S. Já agora quando isto passar, corram a gastar
dinheiro em velas, a pagar dízimos e a rezar de cu para o ar, em templos de vão
de escada com madraços embusteiros a que chamam pastores, mestres, gurus ou o
que quer que seja, e chorem o dinheiro dos vossos impostos quando aplicado em
bolsas de investigação para desenvolvimento da ciência, vão e paguem bilhetes
para verem empurra bolas que ganham milhões, mas não se esqueçam dos
investigadores, dos médicos, dos enfermeiros, dos cientistas, dos polícias, que
ganham tostões!
Barão da Tróia
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