Vem longe ainda esse dia em que de novo seremos
chamados a cumprir o cívico dever de votar num qualquer palonça que concorra às
eleições para ser Governo deste pardieiro, passam porém rápidos os dias, ao fim
da noite desse dia, carpiremos, uns, as mágoas da derrota, outros comemorarão,
as orgásmicas e ébrias encenações da vitória, outros ainda a maioria festejará
o dia bem passado num sítio qualquer, glorificando desse modo a triste
realidade da abstenção, ao outro dia pelo fresco da manhã, será mais do mesmo,
cumprida que está mais uma e tapa deste maravilhoso conceito que não existe
chamado Democracia.
Quero porém hoje falar-vos de “maioria absoluta”. A
três meses das eleições, importa desmistificar isto da “maioria absoluta”.
Quando tal acontece o partido a quem acontece fica rei e senhor de tudo, recebe
uma “carte-blanche” domina o parlamento a seu bel-prazer sem se importar sequer
em fingir que se interessa, tendo a maioria podem mandar e desmandar conforme
lhes aprouver que a patética e parola oposição fica com a tarefa simbólico de
ladrar ao vento e pouco mais.
As maiorias absolutas, são, como quase tudo o que é
absoluto, excepto talvez a vodca, uma grande trapalhada, um erro que pagamos
caro, sempre muito caro. Recordo-vos a esse propósito as maiorias absolutas de
Cavaco, o semental deste Estado de vigarice e trafulhice contemporânea, bem
como a maioria absoluta de Sócrates distinto discípulo de Cavaco que aprimorou
as excelentes lições do mestre, deixo outros de fora desta análise porque a sua
relevância para o actual estado miserável em que vivemos é um nadita menor dado
que foram Cavaco e Sócrates os casos emblemáticos da incomensurável roubalheira
nacional, um e outro são faces da mesma moeda, um e outro gente menor, que
ainda hoje me pergunto como foi possível gentalha deste mísero calibre aceder a
lugares de tanto destaque.
As maiorias absolutas dos dois passarões atrás
mencionados, estão para a nossa História contemporânea, como a peste negra está
para o nosso período medieval, as invasões Francesas estão para início do
Século XIX ou a Batalha de La lys no século XX, são todos eventos dramáticos,
verdadeiros cataclismos que abalaram o país, arruinando instituições e gentes.
Claro que mesmo os partidos que a não pedem anseiam
secretamente por uma maioria absoluta que lhes permita durante os quatro anos
de governação que terão pela frente, fazer o que lhes aprouver. Por esta altura
porém, os eleitores nacionais, acaso não fossem a caterva de indigentes
intelectuais que são, já teriam percebido, que não adianta votar em branco, ou
absterem-se, o melhor mesmo é ir votar, e como já disse várias vezes votar nos
partidelhos marginais, por mais rebuscados que pareçam, para dessa forma
estilhaçar a maioria de um só partido, obrigando dessa forma à flexibilização e
ao entendimento entre os partidos.
Coligações entre o PSD e o CDS partidelho de
extrema-direita, são como uma maioria absoluta, já que o CDS é desde sempre uma
muleta do PSD, já coligações que envolvam Esquerda e Direita, mesmo que
envolvam gentalha da extremas esquerda como o BE ou outros da mesma igualha,
são sempre mais profícuas para o cidadão, sendo certo que não esperem milagres,
reparem que ainda não mencionei o PCP, primeiro porque o PCP não é opção para
coisa nenhuma e depois porque acredito que o mesmo é uma espécie de “melhoral”
político, nem faz bem nem faz mal existe e pronto temos que levar com aquilo.
Gostava de ver coligações entre vários outros
partidos, coligações de equilíbrio, de compromisso e cedência, num excelente
exercício de cultura política como existem noutros países, gostava de ver
implementados os círculos uninominais, já existiram no antanho, mas desde que
existe a tal Democracia foram arredados, porque dá muito jeito, da equação.
Por isso cara leitora e caro leitor, nas próximas
legislativas, vá votar, não fique em casa, vote porém no partido mais
estapafúrdio que estiver plasmando no boletim, não passe cheques em branco a
maiorias absolutas de biltres, vote no partidelho mais estapafúrdio que houver
no boletim, fuja dos actuais representados no Parlamento.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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