Recentemente ouvi um senhor “jornaleiro” dizer que
não gosta de ver Portugal ser apelidado de “país fantoche”. Fartei-me de rir. O
senhor em questão revela uma das características típicas do “tuguismo”, que é
negar as evidências, tentar esconder o Sol com a peneira como sói dizer-se,
actividade em que nos fomos tornando mestres.
Vislumbro aqui apenas um problema sobre a opinião do
senhor “jornaleiro”, um problema de somenos importância dirão uns, outros
instigarão contra mim as penas do Hades por desdenhar da amada pátria, mas no
meu humilde ver Portugal é efectivamente um “país fantoche” e dos mais
competentes no que toca à fantochada, atentem a ver se não tenho razão.
Neste país laico, juízes existem que decidem fazer
resenhas históricas em acordãos onde citam a Bíblia, o Conselho Superior da
magistratura resolveu aplicar uma pesada pena de advertência ao senhor juiz que
se julga profeta, o Sindicato dos juízes saiu também em defesa do magistrado, o
juiz em causa enxovalhadíssimo, e bem, pela opinião pública decide processar
meio Mundo e a cabeça do outro, a Democracia é uma chatice do caraças, isto porque
enquanto detentor do cargo de juiz o senhor não paga os custos absurdos para
aceder à justiça, já o meu vizinho que viu a sua horta, de onde retira um
complemento para a sua magra reforma, ser roubada, sabe quem são os energúmenos
mas como é reformado e recebe uma miséria não tem dinheiro para ir a tribunal,
mas o senhor juiz só porque o é está isento, ora digam-me lá se isto tudo não é
senão uma grande fantochada!
Mais. Uma mulher com cancro da mama é internada para
ser operada, deviam ter-lhe retirado a mama direita, mas como é complicado
distinguir a esquerda da direita na dúvida retiram-lhe as duas, a senhora faz
queixa, e passado um tempo considerável os senhores doutores são pesadamente
punidos com uns dias de suspensão, ora digam-me lá se isto tudo não é senão uma
grande fantochada!
Estes dois exemplos, porque existem centenas de
outros nas mais variadas instituições, foram aqui trazidos apenas para ilustrar
a fantochada que Portugal é, são exemplos bem reveladores de um país medíocre,
medieval, onde o corporativismo bafiento continua ditar a regra, criando
cidadãos de primeira de segunda e de terceira, cidadãos que tudo podem e
cidadãos que nada podem, ora digam-me lá se isto não é senão uma grande
fantochada!
Portugal está cheio de privilégios, de “Ordens”
profissionais, de minorias e de outras seitas de gente mais ou menos importante
e mais ou menos sacripanta, que fazem gato-sapato das Leis, das regras e das
normas de conduta e vivência deste “país fantoche”. Ele é nunca mais acabar de
corporações que se defendem umas às outras em que se repetem os apelidos todos
ligados por laços familiares, profissionais, por pertença a seitas mais ou menos
secretas ou minorias étnicas igualmente parasiticas, uns e outros irmanados no
parasitismo de viver à conta do Zé Pagão, aquele que tudo paga, aquele que qual
besta de carga os carrega a todos no lombo, que sempre que protesta é
populista, é o “povo” coitado, achincalhado com dichotes paternalistas, tratado
como lixo, porque efectivamente o merece, verdade seja dita, pois um Povo que
permite o “país fantoche” em que vivemos, mais não merece.
O caso do senhor juiz “profeta” ou dos doutores da
mula ruça, é a ponta do colossal icebergue da fantochada que é este país, desde
o regabofe das prisões passando por roubos descarados em paióis das forças
armadas, a bancos falidos que levam o país à ruína e onde continuam a ser
injectados milhões que faltam na Educação ou na Saúde, um país onde a
preocupação é correr atrás de tostões enquanto os biltres desviam milhões, um
país de futebóis corruptos, onde a malta anda ocupada com procissões, santinhas
e telenovelas, digam-me lá se isto não é senão uma grande fantochada!
Neste país espartilhado entre agendas ideológicas de
“Esquerda” e de “Direita”, cujas diferenças não são nenhumas pois os partidos
de um e de outro quadrante são cópias uns dos outros, galerias de falcatos
intelectualmente indigentes, rebotalho, ladrões, vigaristas e malfeitores que
malbaratam o erário público em festanças, festarolas e estúrdias tais que estou
em crer que Nero
e Calígula se sentiriam diminuídos perante a eloquência patifória desta
camarilha, digam-me lá se isto não é senão uma grande fantochada!
É pois com muita pena que termino concluindo que
efectivamente Portugal é um “pais fantoche” onde a maioria das suas
instituições são fantochada, destinando-se primariamente a engordar o cu aos
eleitos que fazem parte desse “clube” exclusivo, saraivadas de privilégios, de
subsídios, de suplementos fazem de nós uma grande fantochada, um país de castas
onde os intocáveis são a elite, são aqueles em que ninguém toca façam o que
fizerem, aqueles que tudo podem!
P.S. – Ontem o tal Conselho da Magistratura, retirou
o juiz polémico dos casos de violência doméstica, prova de que não perceberam
ou não quiseram perceber o que realmente está em causa, ou se calhar perceberam
e limitaram-se a seguir a velha estratégia do “vamos fazer qualquer coisa para que
tudo fique na mesma”.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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