Recentemente uma fotografia, mostrando de três
indivíduos algemados sentados no chão, fotografia igual a milhentas outras que
se vêem pelo Mundo todo, trouxe a este país de tontos mais um acesso de
histeria.
Os indivíduos fotografados são alegadamente os
perpetradores de crimes hediondos, nomeadamente o assalto com recurso a
violência extrema a pessoas idosas, violência de que, num dos casos terá
resultado a morte de uma das vítimas.
Fugidos de um tribunal, foram capturados e tiram-lhe
uma fotografia, coisa banal num Mundo digitalizado e escalpelizado até à
exaustão. No entanto esse acto banal, levantou uma onda verdadeiramente
patética de indignados, gente muito indignada com a fotografia, com os direitos
dos tais indivíduos e com a sua dignidade uma verdadeiro coro de “putas
ofendidas” cuja capacidade canora foi amplificada pela rafeirice dos meios de
comunicação subservientes e lacaios.
Curiosamente nunca vi este grau de indignação com as
vítimas. Aliás da parte desse coro de “putas ofendidas” nunca vejo indignação
nenhuma com as vitimas, nunca ouvi uma palavra que seja sobre as vítimas de
crime em Portugal, o que faz com que nós sejamos um país, de novo,
paradigmático e digno de um aturado estudo sobre a nossa capacidade de operar
milagres, dado que em Portugal existem crimes e criminosos, mas das vítimas,
excepto talvez uma linha ou duas num artigo de 3 páginas num desses pasquins do
jornalismo de lixo nacional.
Em Portugal parece existirem crimes sem vítimas, este
não é fenómeno não é novo, lembrem-se que por exemplo a propósito da negociata
dos submarinos, provou-se a corrupção encontraram-se corruptores mas sobre quem
foi corrompido nem sombra, singularidades nacionais, dizia eu então que por cá
o mais são crimes sem vítimas dado que tudo e toda a gente no edifício jurídico
e judiciário parece andar exclusivamente preocupado com o criminoso, com a
defesa do criminoso, com a saúde do criminoso, com a imagem do criminoso, com
os direitos do criminoso, com tudo que diga respeito ao criminoso, quanto à
vítima, ignora-se por completo, muitas as vezes podemos ler na comunicação
social que Fulano de Sicrano cometeu tal crime sobre a “vítima”, o criminoso
leva o nome inscrito a pobre vítima é isso mesmo “a vítima”, vítima essa que
nem nome tem, penso eu que deve ser uma entidade etérea, portanto algo vai mal
neste reino de Portugal!
Nunca vi este grau de indignação da parte desse coro
de “putas ofendidas” que agora se mostram tão irritadas, para com as vítimas,
onde estão as suas vozes quando os velhos sovados, roubados, abandonados e
maltratados se queixam, onde estão as suas vozes quando as crianças vítimas de
abandono, de maus tratos, de sevícias variadas aparecem no rol das polícias.
Não os vi indignados por os tribunais serem uns pardieiros miseráveis sem
segurança nenhuma, não os vi indignados pela falta de condições das polícias
que fazem das tripas coração para irem tentando remediar a selvajaria em que
este país vai paulatinamente caindo, não lhes conheço indignação sobre isso.
Onde estão as vozes dessa súcia medíocre quando os
polícias são agredidos, quando os professores são agredidos, quando os médicos
e enfermeiros são agredidos, nunca os ouvi, nunca lhes ouvi os gritinhos
pudicos e esganiçados dessa indignação parola clamando contra essas agressões,
clamando em defesa das vítimas, porquê? Será que as vítimas não têm direitos?
Cada vez mais fico pasmo com este país de gente
anómala, de gentalha medíocre que governa ao sabor da rede social da moda ao
invés de tentar construir um país digno e depois existe uma questão que há
muito me atormenta, quem abdica da sua humanidade ao praticar crimes hediondos
sobre pessoas indefesas não respeitando os direitos humanos dessas vítimas,
terá direito a invocar esses mesmos direitos para si? Cada vez mais me inclino
para um não! Pode ser uma deriva perigosa, mas tudo tem de ter limites, quando
não corremos o risco desta anarquia e valoração invertida de valores que se vai
instalando ser a bitola normalizadora e quando isso acontecer a Democracia
estará completamente desvirtuada e morta.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
Sem comentários:
Enviar um comentário