O encontro fora
marcado a seu pedido, no entanto no dia aprazado o cavalheiro não fora ao tal
encontro que o próprio havia solicitado. Problemas familiares, invocara o
rapaz, uma prima fora abandonada à porta de casa pelo alegado marido, que
posteriormente se tinha posto em fuga, logo por causa de umas “leis próprias”
deste tipo de seita, tios, primos e demais família foi a correr ver se dava com
o fugitivo, para o espancar, que entretanto alertado e ciente de que estaria a
violar as tais “leis” escapulira para França. Eles eram casados, apenas pela
“lei” da seita, não possuindo documentos oficiais que confirmem esse casamento.
Por isso o rapaz ali à minha frente vinha pedir para marcar novo encontro.
- Mas que têm vocês
que ver com isso? – questionei eu na minha santa inocência.
- A nossa tradição é
assim – respondeu-me a criatura.
- Mas em Portugal
existe a Lei… – continuei eu.
- Pois mas a gente
tem as nossas… – respondeu-me novamente.
Desisti, não me
pareceu inteligente continuar com aquela conversa, até porque já a tive outras
vezes com os mesmos resultados, como é que se pode argumentar contra
semelhantes argutos argumentos de gente habituada à mais completa impunidade?
A criatura que tinha
à minha frente tem 30 anos, é analfabeto, se passou pela escola foi seguramente
para os país puderem receber um qualquer dos muitos subsídios que recebem, não
sabe fazer absolutamente nada, em 30 anos trabalhou apenas recentemente pela
primeira vez e só durante 3 meses.
- Sabe é que não nos
dão trabalho a nós… – diz-me com ar compungido, um ar tristinho de quem espera
o dó do outro, corre-lhe mal no meu caso, ando por cá há demasiado tempo para
ter dó, em especial de gente desta igualha.
Podia ter-lhe dito que
conheço gente da sua “seita” que vive aqui perto de mim há décadas, que sempre
trabalharam e sempre tiveram empregos normais, que sempre lhes deram emprego,
que chegaram inclusive a funções de chefia dentro das instituições onde
trabalham, nunca abdicaram e muito bem da suas raízes, começaram foi desde cedo
a perceber que estudar, respeitar os outros e cumprir as regras é meio caminho
andado para ninguém os chatear, respeitem os outros e serão respeitados, estes
que conheço ao invés da típica vitimização, praticaram desde sempre a plena
integração, por tal são respeitados ninguém tem nada que lhes apontar, se uns
conseguem porque é que outros insistem em comportar-se como selvagens? O livre
arbítrio que por exemplo nos pode fazer ou não escolher o melhor caminho parece
nesta gente sempre condicionado e inclinado para o mesmo, como pode um país
dito civilizado e democrático permitir este tipo de comportamentos medievais?
A resposta é
simples, porque a solução dos excelentes governantes que temos têm sido
despejar dinheiro em cima dos problemas, sem responsabilizar ninguém, enquanto
formos um país sem responsabilidade, onde a impunidade é regra, não se espere
pois nada de diferente.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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