O Feliciano está doente, o coitado do
homem, que parece que é quase analfabeto, tal é a dificuldade em
perceber coisas escritas, trocou-se todo revelando que sofre da habitual
e costumeira “síndrome da cabala”, uma doença terrível também conhecida
por “Relvite” ou ainda “Efeito Relvas”, condição clínica que costuma
afectar aldrabões, vigaristas e medíocres em, geral, mas que pode também
afectar pessoas honestíssimas, como é o caso do Feliciano, patologia
muito comum em Portugal ainda que circunscrita aos círculos do Poder,
afecta essencialmente políticos, quer sejam, ministros, secretários de
Estado, deputados e ou autarcas das mais variadas cores, sendo que a cor
laranja parece particularmente atreita a este tipo de maleita.
A “síndrome da Cabala” é uma doença degenerativa do
foro psico somático, ataca essencialmente a ética, a moral, a decência e
a honra. Tem efeitos devastadores no que concerne aos comportamentos, a
pessoa afectada esquece por completo o significado das palavras
decência, verdade, moral e dignidade.
Esta semana, vimos cair o Feliciano, um rapaz
porreiraço ali da zona Oeste, acometido por um caso agudo da tenebrosa
“Síndrome da Cabala”, pobre rapaz, um académico dedicado, tirou 18 no
mestrado, porque segundo o júri do mestrado revelou um excelente
"percurso profissional", curioso que no caso das pessoas comuns o
percurso profissional conta “ZERO”, no caso dos doentes atacados por
“Relvite” os curricula profissionais são sempre extremamente relevantes
mesmo quando são a mais pronta das aldrabices.
Mais ainda, o Feliciano, que é um rapaz porreiro,
esqueceu-se de tirar do currículo, a ligação à Universidade de Berkeley
que ao que parece era apenas platónica, o Feliciano é um rapaz
romântico, apaixonou-se por Berkeley mas não era correspondido por ela,
ah o amor que arde sem se ver!
Outro nefasto exemplo do “Efeito Relvas”, é o da
confusão, as infelizes pessoas afectadas por esta terrível patologia,
tendem a confundir as coisas e a esquecer, esquecem-se muito, podem por
exemplo esquecer-se de pagar impostos, como aconteceu a um conhecido
habitante de Massamá, há gente maldosa que possa chamar a isso apenas
uma aldrabice miserável, mas não, é isso sim uma característica da
“Síndrome da Cabala”.
E como uma desgraça nunca vem só o pobre do
Feliciano, que é excelente rapaz, confundiu Bombarral com Lisboa, erro
normal porque ambas as localidades começam pela mesma letra, esse
pequeno erro traduz a diferença entre 23,05 euros de ajudas de custo por
cada dia de trabalho parlamentar, isto porque os senhores deputados
instituíram para si próprios um regimento de ajudas muito generoso para
complementar o mísero salário que auferem, que é o que recebe um
deputado que viva em Lisboa ou nos concelhos mais próximos e a quantia
de 69,19 euros que é o que recebe um deputado que resida fora de Lisboa,
que se juntavam ao pequeno salário de 3994 Euros que aufere um pobre
deputado, ou seja, apenas em despesas de deslocação ao fim do mês a
coisa já compensa, percebe-se pois esse singelo, a todos os títulos
compreensível erro do bom do Feliciano.
Atingido na sua honra o Feliciano, rapaz inteligente e
probo fez sair um comunicado onde a propósito da vigarice com a morada
declara, “Considero que é essencial uma clarificação total sobre as
regras dos benefícios e ajudas de custo aos deputados, bem como uma
metodologia de acolhimento aos deputados que não permita situações de
dúvida nas informações prestadas, pelo que dirigirei ao Senhor
Presidente da Assembleia da República um requerimento nesse sentido.”
No entanto a legislação é clara, diz que o deputado
deve obrigatoriamente declarar a morada onde reside de facto. Mas por
estar a sofrer das consequências da “Síndrome da Cabala” o honesto
Feliciano baralhou tudo, se não se tivesse colado ao Rio, nada disto se
saberia, assim ficou à vista de todos que o honesto Feliciano é mais uma
vítima da Cabala, olha tal como a senhora Fertuzinhos ou como o senhor
Macedo, ela vivia em Lisboa e declarava Guimarães, ele vivia em
Miraflores e declarou Braga, duas pessoas honestíssimas em que são bem
patentes as nefastas consequências dessa doença terrível que é a
“Síndrome da Cabala”.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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