Portugal, país “sui generis”, por bons e mais ainda por maus motivos, tem uma particularidade fantástica, reveladora de uma corrente de pensamento que roça o irracional, essa característica tem que ver com o tratamento dispensado as “VITÍMAS”, de crime, não particularizando eu o tipo de crime, dado que o tratamento dispensado à “VÍTIMA”, é sempre idêntico, a bitola é sempre baixa, vai do simples relativizar do ocorrido no inteligente discurso da Justiça chama-se “a bagatela jurídica”, ao total esquecimento, num grande leque de possibilidades que possuem um denominador comum, o facto de ninguém se interessar pelo destino das “VÍTIMAS”.
Um qualquer criminoso, do mais insignificante pilha galinhas, ao bandalho vigarista corrupto até ao mais facínora dos pedófilos e ou ao mais sádico e psicopata dos assassino, qualquer uma destas miserandas criaturas, sabe que em Portugal, terá uma horda de protectores, todos preocupados, com a sua saúde, com os seus direitos, gente pró activa com tempo de antena nas televisões, todos irmanados no sagrado dever de proteger a criminoso, quanto à “VÍTIMA”, quase ninguém se preocupa com a mesma, é as mais das vezes um não assunto.
Quando um desses vulgares pilha galinhas madraços, outra espécie em que Portugal é pródiga, furta, digamos, uma vintena de Euros a uma pessoa, a tendência é relativizar – foram só vinte Euros, não é preciso fazer uma cena por causa disso – nunca ouvi foi nenhum desses, «relativizadores» de serviço, perguntar se a “VÍTIMA”, tinha outros vinte Euros ou se aqueles não lhe fariam falta, é a tal bagatela jurídica, esta atitude de aliviar a responsabilidade dos actos, de não responsabilizar as pessoas pelo mal que fazem, por todo o mal que fazem, que começando bem cedo, leva a que tenhamos tanto criminoso miserável e que sejamos uma sociedade de poltrões, madraços e medíocres que tanto adoramos vigarizar e roubar.
Um destes dias, num daquele programas da nossa manhã televisiva, um advogado, dizia – uma pena vinte anos é brutal, estar vinte anos preso é muito duro –, defendendo que não se devem aumentar as molduras penais, sem dúvida vinte anos, que nunca são cumpridos, devem ser muito penosos, mas morrer é para sempre, deve ser muito mais duro estar morto, digo eu, através daquela declaração do senhor advogado, se vê a mentalidade vigente neste país, a “VÍTIMA”, interessa a poucos, a quase ninguém se formos a ver com melhores olhos.
E é fácil de perceber o porquê deste constante chutar das “VÍTIMAS”, para debaixo do tapete, senão vejamos, a “VÍTIMA”, só dá despesas, ele é indemnizações, ainda que miseráveis, choradas até ao último cêntimo por seguradoras gananciosas, ele é idas aos hospitais públicos, morgues, funerais, subsídios de viuvez, enfim só despesas e chatices.
Já o criminoso, desde o mais reles ao mais miseravelmente sofisticado, é a base de sustentação de uma grande negociata, a que se chama Justiça bem como a outras actividades subsidiárias, ele é órgãos de investigação criminal e policial, ele é instalações prisionais, guardas prisionais, magistrados, advogados, técnicos disto, daquilo e daqueloutro, ministérios quase inteiros a tramitar burocracia inútil, legisladores, deputados, carros, refeições, computadores, água, electricidade, gás e telefones, televisões, médicos e enfermeiros, psicólogos e psiquiatras, famílias inteiras que dependem de um criminoso, bem vistas as coisas um simples criminoso dá de comer a muita gente, daí o criminoso ser muito mais relevante que a pobre “VÍTIMA”, esse lorpa que se deixou roubar, bater, humilhar ou matar.
Ser “VÍTIMA”, de algum crime em Portugal, é como ser um grão de areia no deserto, ninguém lhe liga é apenas mais um número, o Estado, que tem por missão proteger os seus cidadãos, gasta com os criminosos, o que “VÍTIMA”, alguma verá ser gasto consigo, seja lá vítima daquilo que for, em Portugal a “VÍTIMA”, é apenas um dano colateral de um objectivo maior, que é ter um criminoso, para que se possa investigar, para que se possa deter, para que se possa acusar, para que se possa defender, para que se possa julgar, para que se possa condenar, para que se possa prender, para que se possa re-socializar, para que se possa com ele poder fazer projectos, de línguas, de música, de teatro, de ópera, de tudo o que se queira com fundos europeus e fundos nacionais, com idas à televisão e direito a entrevista, tudo polvilhado com muitos mangas de alpaca que em milhentas repartições digitam relatos, relações e relatórios, em formulários, modelos e anexos distribuídos com e sem conhecimento até ao gabinete presidencial onde até indultos se dão, claro por razões humanitárias do mais elementar dos direitos humanos, sim que lá nisso nós somos um país de vanguarda.
E à “VÍTIMA”, quem entrevista? Quem protege? Quem defende? Quem se dá ao trabalho de ajudar ou de perguntar se precisa de ajuda?
Esse tipo de gente interessa pouco, só dá despesa, afinal se fossem de algum préstimo não eram “VÍTIMAS”!
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
1 comentário:
"...
E à “VÍTIMA”, quem entrevista? Quem protege? Quem defende? Quem se dá ao trabalho de ajudar ou de perguntar se precisa de ajuda?
.."
Digo isso tantas vezes...
Enviar um comentário