quinta-feira, dezembro 11, 2014

O mistério turco



O senhor Erdogan, uma espécie de Saddam, mas em versão islamita, anda há um ror de anos num diligente trabalho de sapa, para transformar a Turquia. Sobre o esqueleto do actual estado laico, tolerante e até certo ponto democrático, naquilo que é um excelente exemplo de evolução do Islão, na sua complicada transição para o século XXI, o senhor Erdogan, apesar da fatiota ocidental, quer construir um, mais um, antro islamita de estupidificante imposição religiosa.
A própria actuação da Turquia em relação aos ataques dos islamitas do Estado Islâmico a Kobane, é um mistério. A poucos metros da sua muito permeável fronteira sul, milícias curdas e terroristas islamitas massacram-se na cidade de Kobane, aviões americano, franceses e ingleses, bombardeiam as posições dos islamitas, impávidos e serenos do seu lado da fronteira homens e tanques do exército turco, assistem de camarote ao conflito, como que apenas à espera que os islamitas os invadam para se renderem e darem início à grande islamização radical da Turquia, a passibilidade dos turcos é confrangedora.
Entretanto numa atitude inesperada, ou talvez não, o Irão bombardeou posições islamitas na província de Diyala, e ficamos sem saber ate que ponto este aparente avanço do Irão é concertado com a coligação de países aliados encabeçada pelos EUA, dado terem existido recentemente alguns contactos, nomeadamente do secretário de estado John Kerry, com os representantes iranianos.
No entanto do lado turco a coisa, está como que adormecida, o senhor Erdogan, vai minando a sociedade, destruindo os seus pilares laicos e democráticos para impor a sua cosmo visão, redutora transformando a Turquia num possível novo foco de tensão.
Recordemos aquilo que alguns ingénuos chamaram “Primavera Árabe”, na altura escrevi sobre o assunto, exprimindo as muitas reservas que tinha, e continuo a ter, sobre o modo, como alguém que é muçulmano, lida com a Democracia. Exprimi muitas dúvidas sobre a natureza das convulsões, no Egipto, na Líbia, na Tunísia e noutros locais onde se declaram insurreições, mais ou menos promovidas por organizações islamitas, e é ver como estão esses países hoje, as flores da primavera foram arrancadas a tiro.
Até à chegada do senhor Erdogan, a Turquia, era um bom exemplo, do que a laicidade pode efectivamente fazer pelos país de maioria muçulmana, a Turquia apontava o caminho que devem seguir esses países, conseguindo uma solução de compromisso entre a religião e o Estado democrático. Infelizmente com o senhor Erdogan, a Turquia, tem recuado paulatinamente para a caverna. O senhor Erdogan, quer uma Turquia troglodita e religiosa, como a maioria dos países muçulmanos são, locais onde se atropelam os mais elementares direitos humanos e onde a Democracia faz muito pouco sentido.
O pior é que a Turquia é membro da NATO, putativo aspirante à entrada na União Europeia, e um espinho cravado no flanco sul da Europa, com eternas disputas territoriais com a Grécia. Não creio que a Turquia e a maioria do povo turco sejam um perigo, mas o senhor Erdogan e a sua camarilha islamita disfarçada, são com certeza um grande perigo! Tudo isto, transforma aTurquia num grande mistério.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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