O senhor Erdogan, uma espécie de Saddam, mas em versão
islamita, anda há um ror de anos num diligente trabalho de sapa, para
transformar a Turquia. Sobre o esqueleto do actual estado laico, tolerante e
até certo ponto democrático, naquilo que é um excelente exemplo de evolução do
Islão, na sua complicada transição para o século XXI, o senhor Erdogan, apesar
da fatiota ocidental, quer construir um, mais um, antro islamita de
estupidificante imposição religiosa.
A própria actuação da Turquia em relação aos ataques
dos islamitas do Estado Islâmico a Kobane, é um mistério. A poucos metros da
sua muito permeável fronteira sul, milícias curdas e terroristas islamitas
massacram-se na cidade de Kobane, aviões americano, franceses e ingleses,
bombardeiam as posições dos islamitas, impávidos e serenos do seu lado da fronteira
homens e tanques do exército turco, assistem de camarote ao conflito, como que
apenas à espera que os islamitas os invadam para se renderem e darem início à
grande islamização radical da Turquia, a passibilidade dos turcos é
confrangedora.
Entretanto numa atitude inesperada, ou talvez não, o
Irão bombardeou posições islamitas na província de Diyala, e ficamos sem saber
ate que ponto este aparente avanço do Irão é concertado com a coligação de
países aliados encabeçada pelos EUA, dado terem existido recentemente alguns
contactos, nomeadamente do secretário de estado John Kerry, com os
representantes iranianos.
No entanto do lado turco a coisa, está como que
adormecida, o senhor Erdogan, vai minando a sociedade, destruindo os seus
pilares laicos e democráticos para impor a sua cosmo visão, redutora
transformando a Turquia num possível novo foco de tensão.
Recordemos aquilo que alguns ingénuos chamaram
“Primavera Árabe”, na altura escrevi sobre o assunto, exprimindo as muitas
reservas que tinha, e continuo a ter, sobre o modo, como alguém que é
muçulmano, lida com a Democracia. Exprimi muitas dúvidas sobre a natureza das
convulsões, no Egipto, na Líbia, na Tunísia e noutros locais onde se declaram
insurreições, mais ou menos promovidas por organizações islamitas, e é ver como
estão esses países hoje, as flores da primavera foram arrancadas a tiro.
Até à chegada do senhor Erdogan, a Turquia, era um
bom exemplo, do que a laicidade pode efectivamente fazer pelos país de maioria
muçulmana, a Turquia apontava o caminho que devem seguir esses países,
conseguindo uma solução de compromisso entre a religião e o Estado democrático.
Infelizmente com o senhor Erdogan, a Turquia, tem recuado paulatinamente para a
caverna. O senhor Erdogan, quer uma Turquia troglodita e religiosa, como a
maioria dos países muçulmanos são, locais onde se atropelam os mais elementares
direitos humanos e onde a Democracia faz muito pouco sentido.
O pior é que a Turquia é membro da NATO, putativo
aspirante à entrada na União Europeia, e um espinho cravado no flanco sul da
Europa, com eternas disputas territoriais com a Grécia. Não creio que a Turquia
e a maioria do povo turco sejam um perigo, mas o senhor Erdogan e a sua
camarilha islamita disfarçada, são com certeza um grande perigo! Tudo isto,
transforma aTurquia num grande mistério.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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