Na passada segunda-feira dia 20 de Outubro, a RTP,
passou no dito horário nobre mais um episódio do seu programa “Prós e Contras”.
Pessoalmente consideramos o dito programa uma execrável pepineira, que não
merece 5 segundos de atenção, mas o tema era a Educação, por esse motivo e
apenas por esse motivo, aguentamos estoicamente o acto sacrificial de assistir
aquela balbúrdia.
O tema era alegadamente a Educação, no entanto o que
ali se discutiu foi o umbigo. Cada qual olhou para o seu umbigo e lá debitou as
falácias, patranhas e patetices que achou pertinente. A jornaleira de serviço
com aquele ar e proverbial capacidade de asneirar lá foi arrastando a coisa,
com aquela irritante mania de interromper as pessoas, sentada a meio do palco,
naquela pose muito ao estilo americano labrego, numa palavra, ridículo.
E o ridículo da coisa continuou, o ministério da
Educação achou tão importante o programa, que enviou um qualquer sub director
de um qualquer departamento esquecido, o pobre diabo estava tão à vontade como
um rato dentro de uma ratoeira, pobre homem, por outro lado, é muito bem feito
porque isto não é só ter cartão partidário e ir para o ministério, volta e
meia, quando o chefe quer fugir, lá toca aos arbustos da entrada apanhar com a
ventania, como foi o caso, no entanto, até não foi muito fustigado, a malta
estava mais interessada em falar de si própria do que discutir realmente a
miséria da Educação.
Esse foi outro aspecto miserável da suposta
discussão, a fulanização de tudo aquilo, os senhores professores com as
costumeiras estórias de colocações a centenas de quilómetros de casa, os
senhores directores e os seus dramas com objectivos, metas, projectos e tal e
coiso ou por outras palavras «bullshit», apenas isso, minudências e parolices,
de que infelizmente esta Educação está cheia, quanto aos reais problemas de que
enferma esta espécie de Educação, raramente foram sequer aflorados.
De notar que, a menos que numa das idas aos
sanitários, nos tenha escapado, a presença de representantes de alunos e do
pessoal não docente não foi visível, ora falar de Educação e não incluir os
seus actores principais, os alunos, e outra classe importante dentro do processo
educativo que é o pessoal auxiliar ou outro pessoal não docente, parece-nos que
é cercear completamente o tema e reduzir a questão da Educação aos senhores
professores, aos senhores directores ao ministério e aos delírios mais ou menos
falaciosos das teorias, correntes e estudos dedicados aos meandros da Educação.
Nada se falou da obscena engorda dos colégios e
escolas privadas que se sustentam basicamente com o dinheiro de todos os
contribuintes, dinheiro esse que deveria estar na Escola pública, mas que ao
invés serve para alimentar as negociatas dos amigalhaços que possuem escolas
privadas, num dos mais criminosos actos de vigarice institucional e que bem
prova que o Estado será muita coisa mas pessoa de bem, duvidamos.
Nada se falou da completa falta de segurança que hoje
existe nas escolas, somando-se a passividade das autoridades, à falta de
pessoal, com a falta de coragem dos senhores directores e do senhor ministro,
como se viu recentemente numa escola no Porto, onde um bando da escumalha
subsídio dependente do costume, faz o que quer fazendo as tropelias que quer
sem mais aquela perante a passividade das pessoas que qual carneiros
amedrontados ali ficam acobardados, triste, muito triste, mas desta falta de
segurança, inclusive em termos informáticos, em relação a isto nada.
Sobre a qualidade do pessoal auxiliar, a quem na sua
grande maioria falta tudo, seja competência, qualidades humanas, apetência e
formação para desempenharem tão importante cargo, também não ouvimos
comentários. O mesmo sucedeu sobre a qualidade dos professores, em que os maus
passam a péssimos, os assim-assim passam a maus e ou poucos bons, são cada vez
menos, vencidos pelas politiqueirices e desvarios dos vários ministérios de
incapazes que tem tutelado a pasta. Em relação à qualidade dos senhores
directores de Agrupamento e de Estabelecimento o melhor é nem falar, porque
estamos em crer que a bitola é realmente muito baixa.
Também não ouvimos falar das secretarias e do seu
quase nulo papel nas escolas, do papel ainda mais atrofiante dos Municípios que
afilam já o dente para ficarem donos e senhores das escolas naquilo que com
algumas excepções, que sempre as haverá, será a machadada final nas Escola
pública, onde não duvidamos que campeará a falta de qualidade geral, o
compadrio e a vigarice, dada a quase nula apetência e competência dos
municípios para a gestão da Educação.
E sobre muito mais não se falou, naquele programa,
mal empregue o tempo perdido a ouvir aquele conjunto de abetardas, o tema era a
Educação, mas o que ficou patente no fim de toda aquela arenga foi que Educação
é algo estranho e avesso a toda aquela gente, recentemente um artigo num jornal
diário, titulado “Que Falta na Educação? A resposta pode parecer difícil mas
não é. Falta ensinar, falta brincar, faltam escolas decentes e não os aviários
estéreis e incaracterísticos que temos, leia-se centros escolares, falta
música, teatro, escultura, pintura, dança e brincar, as crianças quase não
brincam, atulhadas de trabalhos, fichas e fichinhas, actividades extracurriculares
que são pura perda de tempo, falta sobretudo o tempo do sonho, da imaginação,
infelizmente o que temos é uma Educação castradora, cinzenta, e burra muito
burra, que produzirá indubitavelmente asnos da pior categoria, como já muito
bem se vê pelos actuais contingentes, por outro lado as futuras casas dos
segredos terão as suas audiências e actores assegurados assim como os futebóis
e as procissões. Educação, qual Educação, vocês sabem lá o que é Educação, isto
é tudo «bullshit».
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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