Onde está o Exército Islâmico a comprar as armas para
sustentar a ofensiva que mantêm há tanto tempo? Que tipo de logística utiliza e
por que fronteiras entra todo esse equipamento? Que fontes de financiamento
utiliza e como é que movimenta os recursos financeiros de que dispõe?
Os conflitos contemporâneos têm sido verdadeiros
milagres para a indústria do armamento, dadas as quantias astronómicas de armas
ligeiras e munições que foram gastas nestes conflitos. Por exemplo e a título
meramente informativo, os Aliados gastaram cerca de 25,000 munições por cada
inimigo abatido, esse rácio subiu para 100,000 durante a Guerra da Coreia e
atingiu as 200,000 durante a Guerra do Vietname, sendo que as últimas
estatísticas consultadas dizem que no conflito do Afeganistão se gastam 250,000
munições por elemento inimigo abatido.
Através deste breve exercício estatístico, se
verifica que sustentar um conflito prologado no tempo exige um gasto muito
elevado de munições, e se nos ativermos aos números observados veremos que eles
dizem respeito a exércitos de soldados mais ou menos profissionais, que apesar
de tudo exercem algum controlo sobre o fogo que fazem, o mesmo não se passará
com milícias militarizadas com são as dos Islamitas, cuja disciplina de fogo a
existir deverá ser praticamente nula, logo o dispêndio de munições deverá ser
gigantesco.
Os conflitos armados modernos necessitam de uma base
logística muito organizada e capaz, falamos claro está dos necessários
reabastecimentos de munições, de alimentos, de combustíveis e de bens de todo o
tipo, além de protocolos de evacuação de baixas, transportes e deslocações,
manutenção de estradas e unidades terrestres, num grande esforço de
coordenação, que tem sido o grande calcanhar de Aquiles de quase todas as operações
militares de envergadura dos últimos duzentos anos.
O financiamento e as rotas de abastecimento são
outros itens problemáticos das operações militares, os militares são caros, os
sistemas de armas mesmo os mais convencionais são caros, os combustíveis são
caros, acaso um país não produza em quantidade aquilo que necessita esse
material tem de ser importado, existe todo um aspecto económico nos conflitos
armados que os torna uma grande dor de cabeça para todos os que estão
envolvidos no planeamento de operações.
Os Jiahdistas parecem ter uma boa organização, tem ao
seu serviço militares de carreira principalmente Iraquianos e Sírios, falamos
claro está de oficiais superiores com conhecimentos sobre planeamento e gestão
de operações militares complexas, que estão a coordenar o esforço militar daquilo
que era olhado pelos especialistas ocidentais como turba desorganizada. Em
termos de fontes de rendimento, sabe-se que a queda de Mossul permitiu desviar
cerca de 308 milhões de Euros, que se encontravam guardados em cofres dos
bancos da cidade, especula-se também sobre o facto de países do Golfo Pérsico
como a Arábia Saudita o Qatar, Kuwait e os Emirados estarem a financiar os
insurgentes.
No entanto existem factos preocupantes, como perceber
que bancos utilizam os terroristas para movimentar as quantias necessárias para
efectuarem as transacções, como é possível que esses montantes estejam a fugir
ao controlo das entidades internacionais, como é possível que uma organização
terrorista possa ocupar poços de petróleo, continuar a extrair o petróleo e a
transacciona-lo, que países e organizações empresariais estão a dar cobertura a
essa situação e o que estão a entidades internacionais a fazer para combater
tais atropelos à legalidade. São demasiadas questões que até agora estão sem
resposta e tem profundas implicações na actual situação do conflito.
Outro dado interessante é o da logística. Onde estão
os aeroportos que recebem os aviões que estão a alimentar as necessidades dos
terroristas, que companhias aéreas estão a fazer esses transportes, quem está a
vender entre outras coisas as armas de que os terroristas necessitam, porque
mesmo utilizando o argumento de que os terroristas capturam grandes arsenais, a
campanha quase ininterrupta de combates que têm sustentado em várias frentes,
ainda que se falem de conflitos de baixa intensidade, o consumo de munições e
de armas é astronómico, logo a conquista de tais arsenais não explica tudo, que
países permitem esses voos?
Muito pouca coisa está por ora explicada, sobre como
uma organização terrorista, consegue surgir aparentemente do nada, ainda que o
fenómeno fosse expectável há algum tempo, por causa da implosão e vazio de
poder existente quer no Iraque quer na Síria, bem como por causa das clivagens
étnico religiosas que dividem as populações daqueles estados falhados e em
larga medida estado fictícios, produto do acordo Sykes-Picot de 1916, que criou
entidades territoriais fictícias, sem ter em conta as tensões étnicas, sociais
e religiosas daqueles locais.
Nada neste processo parece ser claro, o facto
indesmentível é que os terroristas continuam de vento em popa, não fora o caso
de ter sido preso em 2008 e estar a cumprir uma pena nos Estados Unidos,
diríamos que o famoso “Mercador da Morte” Viktor Bout, mantêm o seu negócio, ou
será que mesmo detido as suas empresas de fretamento aéreo continuam a
desempenhar a sua missão, afinal os arsenais russos são uma quase inesgotável
fonte de armamento. Outra incógnita parece ser a China que curiosamente a par
de algumas declarações governamentais inconsequentes se mantêm “a leste” deste
grande problema.
Apesar de todas as intenções declaradas, a Europa
continua o seu normal processo atabalhoado de reacção a várias vozes, sem
realmente reagir enquanto entidade política una, quer através das suas
estruturas militares supranacionais como a NATO e ou o Common Foreign and
Security Policy, mesmo a Comissão Europeia revela-se titubeante e amorfa, sendo
que as reacções mais acaloradas vem como de costume da velha Albion e da
França.
Muito está então por esclarecer, muitas vítimas
inocentes irão ainda perecer, vitimadas pela barbárie dos terroristas até que
os países que alegadamente sustentam os pilares da Democracia e do respeito
pelas liberdades e garantias dos cidadãos, se resolvam a actuar conforme,
enquanto isso, é absolutamente patético, lembrando algumas guerras do século
XIX, ver os tanques turcos parados na fronteira enquanto a uma curta distância
os islamitas massacram a cidade Curda de Kobani!
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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