sábado, setembro 29, 2012

Panem et circenses!



Sempre que os nossos mitos caem, ficamos tristes e angustiados, durante o nosso processo de crescimento criamos a nossa mitologia, e muitas vezes erramos, erramos porque somos imperfeitos nesta nossa essência, porque obscurecidos pelo coração, não damos pleito à razão e distorcemos a realidade, para lhe conferir os laivos e cores da realidade que queremos.
Estes mitos vão-se esbatendo com o passo inevitável desse Cronos maléfico da antiguidade que nos devora, caiu um dos meus mitos em relação a algumas pessoas que conheço, a dignidade que tem por sinónimos, decência, decoro, distinção, honestidade, honra, honradez, integridade, probidade, pudicícia, pundonor, rectidão, respeitabilidade e seriedade.
Caiu para mim, esse mito, em relação a algumas pessoas que vi, uns, sabia-os de antemão, uns meros sevandijas aproveitadores, mercenários senhores de uma capacidade de velhacaria inaudita, logo perigosos, outros ainda apenas meros capachos do poder, daqueles a quem os poderosos limpam os pés e de quem esperam sempre o apoio, no entanto outros, muito poucos nos quais eu depositava muita confiança, carinho e até muita amizade, revelaram-se pessoas sem alma e sem carácter, meros títeres de barraca de feira de antanho.
Aquilo a que assisti foi a um puro acto de opereta bufa, uma farsa sobre como não exercer a cidadania, como ser um mero apêndice anódino, acéfalo e amorfo, peso morto apenas de um exercício de democracia, que não é senão uma encenação, desprovida de toda a dignidade, de acerto e de objectividade, fiquei triste e desencantado, porque a mentira foi substituída, pela ainda maior mentira, a vergonha que senti, foi profunda, vergonha em pertencer a uma sociedade que persiste em viver na mentira, ingénuo que sou!
“Panem et circenses”, diziam os nossos patrícios antepassados romanos, assisti apenas ao circo, a um circo patético, com palhaços tristonhos e embezerrados, não admira que o país esteja no estado miserando em que está, porque miserável é a prestação das suas gentes, entre carneiros capados, palhaços disfarçados e verbos de encher, está esta sociedade espartilhada por uma mediocridade atroz, uma pobreza franciscana intelectual e moral pavorosa, falta em dignidade e honra o que sobeja em velhacaria e imbecilidade!

Um abraço, desencantado deste vosso amigo
Barão da Tróia

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