Sempre que os nossos mitos caem,
ficamos tristes e angustiados, durante o nosso processo de crescimento criamos
a nossa mitologia, e muitas vezes erramos, erramos porque somos imperfeitos
nesta nossa essência, porque obscurecidos pelo coração, não damos pleito à
razão e distorcemos a realidade, para lhe conferir os laivos e cores da
realidade que queremos.
Estes mitos vão-se esbatendo com o
passo inevitável desse Cronos maléfico da antiguidade que nos devora, caiu um dos meus mitos em relação a algumas pessoas que conheço, a dignidade que tem por sinónimos, decência,
decoro, distinção, honestidade, honra, honradez, integridade, probidade,
pudicícia, pundonor, rectidão, respeitabilidade e seriedade.
Caiu para mim, esse mito, em relação a
algumas pessoas que vi, uns, sabia-os de antemão, uns meros sevandijas
aproveitadores, mercenários senhores de uma capacidade de velhacaria inaudita,
logo perigosos, outros ainda apenas meros capachos do poder, daqueles a quem os
poderosos limpam os pés e de quem esperam sempre o apoio, no entanto outros,
muito poucos nos quais eu depositava muita confiança, carinho e até muita
amizade, revelaram-se pessoas sem alma e sem carácter, meros títeres de
barraca de feira de antanho.
Aquilo a que assisti foi a um puro
acto de opereta bufa, uma farsa sobre como não exercer a cidadania, como ser um
mero apêndice anódino, acéfalo e amorfo, peso morto apenas de um exercício de
democracia, que não é senão uma encenação, desprovida de toda a dignidade, de
acerto e de objectividade, fiquei triste e desencantado, porque a mentira foi substituída,
pela ainda maior mentira, a vergonha que senti, foi profunda, vergonha em
pertencer a uma sociedade que persiste em viver na mentira, ingénuo que sou!
“Panem et circenses”, diziam os nossos
patrícios antepassados romanos, assisti apenas ao circo, a um circo patético,
com palhaços tristonhos e embezerrados, não admira que o país esteja no estado
miserando em que está, porque miserável é a prestação das suas gentes, entre
carneiros capados, palhaços disfarçados e verbos de encher, está esta sociedade
espartilhada por uma mediocridade atroz, uma pobreza franciscana intelectual e
moral pavorosa, falta em dignidade e honra o que sobeja em velhacaria e
imbecilidade!
Um abraço, desencantado deste vosso
amigo
Barão da Tróia
Sem comentários:
Enviar um comentário