Foi apenas há uns meros 38 anos, meros pós de
tempo cósmico, que Portugal sacudiu o capote e se viu livre de uma ditadurazeca
torpe e bafienta que nos arrastava por uma mísera guerra colonial sustentada
pelo interesse pátrio de grupos económicos gananciosos e elites militares cuja
cupidez fez empalidecer de vergonha os grandes militares que esta pátria
produziu.
No entanto os meios castrenses redimiram-se e
deram um pontapé no traseiro aquela ditadura. Quase quatro décadas depois
eis-nos aqui, continuamos pobres, analfabetos e aperreados pela ditadura, desta
vez por uma “ditadura” democrática, coisa que é aparentemente uma
impossibilidade politica, mas se cuidarmos bem de analisar percebemos que é bem
real.
Hoje mais uma vez se reuniram na assembleia
da república, casa desta “Demos Kracia” miseranda que somos, os actores e
fantasmas dessa sonâmbula revolução, infortunadamente uns bem lhes aprouve não
estar, percebemos porquê, não querem ou antes preferem dar um tom de desagrado
às politiqueirices rafeiras que nos estão a fazer regredir décadas, condenando
as gerações futuras ainda a mais servidão e a maior distância dos “civilizados”
europeus. Entendo-os perfeitamente, não concordo, mas entendo-os!
Sua Excelência o Senhor Presidente da
República foi à casa da democracia, fazer o mais insalubre e falacioso discurso
dos últimos tempos, um discurso do “menino bonitinho” que só deseja a paz, uma
pepineira asquerosa, ainda para mais vinda de um dos maiores culpados do actual
estado de vergonha ou antes de falta dela que se vê neste país. Preferiu Sua
Excelência o Senhor Presidente da República mostrar que é o Presidente do PSD e
não de Portugal, como se não o soubéssemos, foi simplesmente horrível de ouvir,
mas vindo de quem vem até nem admira!
Esteve bem o governo ao colocar o cravo na
lapela, o cravo é um símbolo da revolução um hino à liberdade, uma perfeita
imagem desse sonho libertário, com isso não é de esquerda nem de direita é de
todos os que se dizem democratas e amigos da democracia, por isso nunca percebi
porque alguns parolos labregos, como as avantesmas do CDS, nunca o utilizaram,
enfim eles lá saberão que problemas lhes advém desse pequeno detalhe, que
mácula faria a singela florzita, mas quem se sente ameaçado por uma tão bela criação
da natureza não pode com certeza ser gente de bem.
Passou assim mais uma comemoração do 25 de
Abril, entre a nostalgia de alguns, a vergonha de outros e a burrice colectiva
de muitos. Passados 38 anos, estamos quase na mesma, mas não sou dos que acha
que necessitemos de outra coisa semelhante, o que precisamos é de gente com
honra, com honestidade, educada, diligente, capaz e íntegra, só precisamos
disso para que possamos ser um país sério e que seja levado a sério. Ainda que
a fazer uma revolução, a próxima teria de ser a doer e aproveitando para passar
a tiro a muita trampa que aqui assentou arraiais!
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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