quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Diário de um desempregado – O Fado da mentira!

Procurar trabalho em Portugal é mais difícil do que acertar com a chave do euromilhões, o próprio portal do IEPF, disponibiliza novecentas e poucas ofertas, para um total de setecentos e cinquenta mil desempregados, sabendo nós que o número real ultrapassa o milhão, ao despedir-se de mim no dia em que me inscrevi no centro de emprego a funcionária advertiu-me,
- Não se esqueça de procurar trabalho activamente! Sorri para a simpática senhor e disse-lhe, “com certeza minha senhora vou fingir que procuro trabalho”, a outra arregalou os olhos encolheu os ombros e virou a cara para o ecrã do computador com um encolher de ombros cúmplice, ela sabe que tenho razão, antes não a tivesse penso eu.
De quinze em quinze dias vamos à apresentação, ao bom estilo policial, na brincadeira digo que vou ao oficial de liberdade condicional. Ainda temos de cumprir várias tarefas, a mais detestável é a dos carimbos, passo a explicar, numa folheca miseranda, vamos de local em local pedinchar que nos possam apensar nesse folio um carimbo que comprove que lá nos dirigimos à procura da miragem de um emprego, os donos de lojas e empresas, já cansados de perderem tempo com estes pedintes, que lhes fazem perder tempo e ainda lhes fazem gastar tinta de carimbo, já reagem mal a esta situação. Uma verdadeira palhaçada, o truque para quem não sabe é coleccionar vinte ou 30 carimbos e ir gerindo a coisa.
Depois temos de enviar currículos, candidaturas espontâneos e concorrer a ofertas de trabalho, imprimir tudo aquilo para fazer uma capa de lixo muito bonita para ir mostrando e justificando o emprego a essa corja toda de técnicos do IEFP, assistentes disto e daquilo e politiqueiros sem que daí algum préstimo advenha naquilo que é com certeza a mais inenarrável das palhaçadas. Notem que um pobre diabo que ganha quatrocentos euros tem ainda de gastar dinheiro a tirar fotocópias e mais fotocópias de imbecilidades para irem para o lixo, porque não há emprego e porque cada vez há menos pois as falências são diariamente às dezenas, pior é que na era do digital, andarem pessoas com dificuldades financeiras a gastar dinheiro em papeis inúteis, num gasto de recursos que dificilmente se compreende, só entendivel por vivermos neste país de energúmenos incompetentes.
Esta farsa vai-se adensando, entre papeis e mais papeis, carimbos apresentações e cartas de comparência aqui e acolá, só para chegarem à conclusão que alguém com a minha idade, 42 anos, é velho demais para o mercado de trabalho, ou seja dificilmente alguém nos dará emprego, sequer a limpar ruas! Dificilmente se pode compreender o que andam estes tipos a tentar fazer, a quem querem enganar, que enorme mentira que palhaçada tão grande.

Um abraço deste vosso desempregado amigo
Barão da Tróia

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