quinta-feira, maio 05, 2011

A Troika

O acordo da comissão tripartida para o salvamento económico desta torpe realidade está aí, hoje a comissão ou alguém por ela mandatado irá proferir uma declaração, dirigindo-se ao país na tentativa, presumo eu, de explicar o acordo lavrado entre essa comissão e o actual governo.
Assim que o acordo foi conhecido, apareceram as primeiras reacções, do lado do governo, o Primeiro-ministro apresou-se a vir à televisão, acompanhado por um espectro que nada disse e se limitou a fazer figura, uma espécie de missa de corpo presente, dizia eu que, o senhor Sócrates, limitou-se a, como seria óbvio, colher dividendos políticos do acordo, falando apenas, e bem, daquilo que mais preocupava os labregos portugueses, que a bem dizer nem era o mais relevante. Falou e disse, mais fora, que calado estivera.
Assistimos nessa mesma noite, a um debate na RTP, sobre o tema, onde o mais interessante foi dito pelo editor de economia do mesmo canal televisivo e pelo director do Diário de Notícias, os politiqueiros de serviço, limitaram-se a abrir as bocarras e a dizer inutilidades entrecortadas com frase em idiomas estrangeiros, podiam pelo menos falar português com correcção e deixarem-se de estrangeirismos cretinos, aliás foram intervenções risíveis e quase anedóticas, Manuel Pinho o ex ministro da Economia, a quem o telemóvel tocou em plena emissão, com certeza com instruções do chefe, para ter cuidado e não dizer disparates, do lado do PSD, o doutor, professor catedrático, como fez questão de anunciar declarando ao mesmo tempo que Pinho no campo académico lhe era inferior porque não era doutorado, sintoma que revela bem a qualidade, patética, desta gente, como se os doutoramentos quisessem dizer competência, Nogueira Leite, que ora tratava Pinho por tu ora por doutor, afinal se o homem não é doutorado porque é que o trata por doutor, outra acusação do senhor doutor foi dizer que Sócrates “…encheu o país de betão…”, não sei se é verdade mais se é, limitou-se a seguir as pisadas do grande guru do alcatroamento e do betão, um Primeiro-ministro, que na década de 90 espalhou essa moda a esmo, um senhor chamado Cavaco Silva, quão curta é a memória, uma anedota que só visto.
As reacções partidárias, foram as usuais, o comunistedo com os lugares comuns da cassete, PSD e CDS, tentando colher dividendos políticos do acordo, ou seja fazendo o mesmo que o PS a quem apontavam o dedo, curioso que a reacção dos bloqueiros foi a mais contida e tecnicamente a mais relevante, quando, pessoalmente esperava, um dos seus arraiais típicos, foram os únicos que revelaram sentido de Estado.
O acordo é sem dúvida um bom acordo, porque corríamos o risco de ficar sem dinheiro já este mês, por isso é um bom acordo e ponto final. Quanto à importância deste o daquele partido para a obtenção do mesmo, esqueçam, os partidos não tiveram importância nenhuma, cantar vitória, fazer de vítima ou declarar posições de desafio, que não assina de cruz e por aí adiante, são atitudes imbecis, porque a comissão, redigiu o acordo, pô-lo em cima da mesa e disse, vamos assinar, era assinar este ou outro pior.
Na prática o acordo é um aumento brutal de impostos! Algumas das imposições, como diminuição de cargos e de custos, de autarquias e freguesias e por aí adiante, ficam aquém daquilo que esperava. A comissão teve o bom senso, de incluir mecanismos de verificação draconianos, sinónimo de que a confiança em Portugal é residual, e fazem muito bem, porque se tais mecanismos existissem com a mesma acuidade, a partir de 1986, e se tivessem verificado o real uso dos dinheiros dos quadros de apoio, sancionando os politiqueiros que tivemos desde essa altura, não estaríamos seguramente neste calamitoso estado.
Em resumo, estamos quilhados, vamos penar muito e durante muito tempo, há coisas que gostava de ter ouvido os partidos dizerem, reformular a constituição e sistema de governo, alterar o modelo político despesista, cortar nas vergonhosas prebendas dos políticos, moralizar o país através de um efectivo combate à corrupção e à economia paralela, infelizmente quanto a isso, batatas! Resta-nos caros amigos, aguentar e cara alegre!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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