terça-feira, março 02, 2010

Ao Sabor deste Rio!

Tomada está a decisão que fará desaparecer mais, do pouco que resta, património natural desta pobre terra de Portugal, um dos últimos rios verdadeiramente selvagens da Europa, desaparecerá, engolido pelas promessas da modernidade cabotina e dos engulhos míopes dos quais se diz que nos governam.
Nas entranhas da Sierra de la Culebra, nasce esse curso de água que fazendo jus ao local onde nasce serpenteia descuidado por barrancos e vales, vindo aterrar a este malfadado antro de canhestros imbecis, que se preparam para o entaipar, amuralhado, o ria perderá a sua personalidade, levando com ele fauna e flora muita endémica e pouco estudada, que sem dúvida fará deste inferno de Dante na Terra, um local ainda mais pobre.
O discurso oficial e oficioso é o mesmo de sempre, o desenvolvimento e o progresso, viu-se no que esse progresso dá com a catástrofe da Madeira, acena-se com os empregos e o desenvolvimento económico, se assim fosse, Trás-os-Montes seria das províncias mais ricas de Portugal, tal é a quantidade de açudes, represas e barragens que possui. Rotunda mentira, disparate cretino, que mostra bem o tempo de palonças e títeres que ocupam as cadeiras da decisão, nem sequer vou atirar aos autarcas, são na maioria uns pobres diabos que se viram no cadeirão por mera oportunidade casuística de engrandecer o seu ego, para ali atirados pela politiqueirice rafeira, que tanto adoram, competências técnicas, bem basta ver o estado deste país e mais não digo.
O homicídio do Rio Sabor, deixará mais uma mácula inevitável no depauperado e desrespeitado património natural deste país, querem no entanto fazer-nos engolir a patranha, do emprego, do evitar a desertificação, bem como de outras patranhas que se sabe de antemão serem falsas, a barragem será feita, durante 5 ou 6 anos, haverá trabalho braçal para as bestas de carga do costume, que depois irão à sua vida tentando alimentar as proles de outra forma, de seguida a barragem começara a funcionar e a meia dúzia de funcionários especializada terá de vir de fora. Restará uma grande albufeira, os terrenos em volta serão comprados por espanhóis, holandeses, alemães e por aí adiante, como no caso do Alqueva, o autóctone, perderá, perderá tudo!
Foz Côa, teve sorte, só falhou a dinamização do espaço, sintoma da falta completa de apetência para a gestão e promoção de projectos que não envolvam betão, sinal característico dos espoliadores da terra, que assentam arraiais nas várias cadeiras do poder, central e local, enfermam ambos de uma pobreza de espírito atroz e de uma miopia galopante, que hipotecará ainda mais o futuro desta coisa a que continuamos a chamar país. Aos arautos do progresso, desejo um bom dia!

Imagens como esta serão isso mesmo, fantasmas de um passado, irrepetível!

foto emprestada daqui!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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