Estamos no dia 11 de Março de 1975. Aviões da FAP, sobrevoam Lisboa. O PCP, forçara a mão do General Spínola, e dos sectores da extrema-direita intimamente solidários com o General, que intenta nesse dia de Março de 1975, um golpe de estado que iria inverter o rumo da situação a favor da direita e em detrimento do PCP, que já percebera que o seu peso eleitoral, não chegaria para lhe assegurar uma posição dominante, nas eleições próximas que seriam em Abril desse mesmo, posição essa que seria essencial para catapultar os secretos desígnios do PCP, para transformar Portugal num estado socialista avançado, uma espécie de Cuba da Europa.
Vasco Gonçalves, era então primeiro-ministro do III governo provisório, esse governo, utilizando uma expressão habitual, era um grande saco de gatos, com tendências, dissidências e divergências. Do outro lado da barricada um outro duro, Otelo Saraiva de Carvalho, coloca o COPCON em acção.
Os paraquedistas numa manobra orquestrada por Spínola, que garantira o apoio da sua Base de Tancos como da Base Aérea 3 também em Tancos, assaltam o aeroporto de Lisboa e o RAL 1 – Regimento de Artilharia Ligeira 1. O MFA, apela à mobilização popular, Otelo desdobra-se em contra ofensivas, pela noite de 11 de Março o golpe estava dominado. Tinham existido pilhagens de sedes de partidos de direita, alguns oficiais revoltosos presos, de imediato foram libertados, Spínola estava em Espanha, o prelúdio do Verão Quente de 1975 estava aí, a situação só voltaria aos eixos com Eanes e Jaime Neves e o 25 de Novembro de 1975.
Há quem diga que o poder económico, os mesmos que hoje mandam, tentou usar os militares para tomar o poder, há quem desminta, há quem afirme que era a extrema-direita que queria uma contra revolução, para voltar a colocar Portugal sobre a mordaça do fascismo, há quem diga que o PCP sabia do golpe e que o deixou concretizar para capitalizar o seu resultado nas eleições de Abril, facto que também não consegui, daí para a frente e até ao 25 de Novembro o PCP, vai perdendo as ilusões.
Neste dia houve agitação em Washington, o CV 60 USS Saratoga, é enviado para Portugal fundeando no Tejo, a cobertura legal era dada pela operação NATO Locked Gate-75, ao mesmo tempo a base aérea espanhola de Torrejon entra em prevenção, estado que só abandona por volta de 1980, esta base era operada pela força aérea americana e pertencia ao SAC – Strategic Air Command. Franck Carlucci e Henry Kissinger, lançam alertas sobre o perigo vermelho, a CIA, em especial o seu escritório de Lisboa, está em delírio. Com consciência ou não do perigo de intervenção estrangeira, a esquerda portuguesa, debela o golpe sem forçar demasiado e sem cair na tentação de reagir com um contra-golpe que tomasse o poder e instituísse uma república de cariz soviético.
Há 34 anos, sectores da direita e da extrema-direita reaccionária, intentaram um golpe, mas perderam! Mantiveram-se activos posteriormente, queimando sedes dos partidos de esquerda, perpetrando alguns assassinatos, que ficaram impunes, mercê da muito mais mediática actividade das FP-25.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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