A França procurou em desespero resolver, nesta eleição, os problemas que não soube resolver nos últimos 40 anos, a França pode e deve ser o exemplo a estudar, a Europa pode rever-se na França, antever os problemas que irá enfrentar nos próximos anos, da sua resolução ou não, dependerá o futuro da Europa, não só como instituição, mas como civilização, digo isto sem nenhuma pretensão apologética de futurismo bacoco e ou xenófobo, até porque a história nos ensinou que o mundo andou sempre em mudança, impérios caem e outros surgem, raças extinguem-se e outras ocupam o seu lugar, aqui não há lugar a juízos de valor, antes a constatações históricas evidentes.
Eu estou em crer que estamos já a viver esse processo de convulsão, étnico-cultural que erradicará a “nossa” Europa e criará algo que terá obviamente de se erguer das cinzas pois creio que este processo mais ou menos pacífico até ao momento, tenderá a agudizar-se por força das circunstâncias próprias da natureza humana, o mais básico dos instintos, o da sobrevivência será factor determinante para o conflito latente.
A França elege Sarkozy, o filho de minorias, para debelar essas mesmas minorias. A França espera por uma nova “Joana de Arc” que a livre das hordas da “barbárie”. Quem conhece França entende perfeitamente o dilema desta França que foi incapaz de gerir a penetração de migrantes nas suas fronteiras, nós, os portugueses, somos prova disso, também lhes interessava, mas a nossa grande comunidade, não é sequer preocupação para a França, alias nem para qualquer outro país onde estamos, a preocupação são os magrebinos, “les arabes”.
Os subúrbios das grandes cidades sufocam com as segundas e terceiras gerações destas comunidades, gente desenraizada, duplamente vítima de racismo porque são racistas e porque sofrem o racismo dos outros, os magrebinos em particular fizeram da França o seu Marrocos ou a sua Argélia, os mais jovens abandonam a escola, que acusam de colonialista e de não lhes interessar, trabalhar também não é das coisas que mais lhes agrada, além disso os patrões não gostam deles, por muitos motivos, por racismo óbvio, por serem muito absentistas e porque não gostam de trabalhar, por tudo, isso vão engrossar as longas listas dos subsídio dependentes da nação francesa, as suas atitudes selvagens de escumalha sem lei, só servem para exacerbar ainda mais o ódio que alguns sectores da comunidade francesa lhes dedicam, não sem alguma razão.
Este pequeno universo francês é hoje o problema número um da Europa, a segurança social europeia soçobra sob o peso dos milhões de pessoas que se instalam na Europa de papo para o ar, a apanhar sol, juntem-se os que já faziam isso, e facilmente se percebe que o problema é grave, a Europa é hoje uma grande Santa Casa da Misericórdia mundial. A integração das comunidades em particular das que professam o islamismo é deveras complicada, entre o deve e o haver, há que considerar com seriedade a justeza da entrada destas gentes no espaço europeu, os Muçulmanos são o reverso daquilo que nós, Portugueses somos, como comunidade migrante, se noutros países a questão do racismo pode ser colocada como entrave à integração destas gentes, como explicar que na mega liberal Holanda, particularmente em Amesterdão, os jovens marroquinos sejam neste momento, a ponta de um icebergue que um dia colidirá connosco, não trabalham não estudam, preferem rezar, roubar e traficar droga, porquê, numa terra em que tudo lhes é dado?
E que efeito é este, que espera a França deste “redentor”, espera um novo De Gaulle, um sorriso e um cassetete, talvez, a França tal como a pouco e pouco toda a Europa procura respostas, para o fenómeno das migrações, do que esse fenómeno está a provocar, a extinção da Europa segundo uns, a reinvenção da Europa segundo outros, sejam o que for que esteja a acontecer, é bom que o percebamos, que olhemos a França e os seus métodos, ela é neste momento o tubo de ensaio de toda uma Europa, uma última ressalva aos países de Leste, porque isolados durante quase todo o século XX, permaneceram longe da problemática das migrações, como irão reagir quando começarem a surgir as “invasões” migrantes, a Polónia, a Roménia, a Bulgária a República Checa e os outros, sabendo nós que no seu passado recente as suas populações sempre se mostraram feéricas defensoras do seu espaço. Não esquecer também as alterações climáticas, que não duvido lançarão o mundo no caos, nos próximos cem anos, sempre assim foi, as alterações do clima ou as ameaças físicas sempre concorreram para as migrações, foi assim no passado, assim será também no futuro, e ontem como hoje, o problema atingirá um clímax, que invariavelmente culminará num conflito, não será um conflito de brancos contra pretos ou de cristãos contra muçulmanos, será um conflito de homens contra homens, em luta pela sobrevivência.
Tudo isto tem de nos fazer pensar que as coisas são muito mais complexas que as dicotomias básicas que nos servem ao pequeno-almoço, esperando que entre um trago de leite e umas dentada na sandocha, a malta tenha paciência para entrever o longo espectro de realidades que a aparente realidade esconde, as decisões torpes das elites, acabam por afectar o povaréu, somos sempre nós que sofremos, com os ostracismos, os racismos e todas as diatribes, que os cérebros do poder engendram, para além das parvoíces estúpidas da extrema-direita, das lamechices parvas da extrema-esquerda existem realidades que são partes da equação, mas que a maioria prefere ignorar reduzindo tudo ao preto e branco.
Um abraço deste vosso amigo
Barão da Tróia
10 comentários:
Até o debate esquerda/direita já é uma coisa forçada e quase anti-natura...
Para os próximos tempos valha-nos nossa senhora dos ateus.
A Europa está a colher os frutos do que semeou. E não acredito que atitudes racistas e xenófobas como as que Sarkozy veicula resolvam esse problema.
Beijos
Olá!
Passei para deixar um abraço!
Eu não sei onde isto vai parar. nós andamos agora às voltas porque não sabemos o que havemos de fazer a tanta gente que para cá vem - vem fazer o trabalho que os de cá rejeitam, mas tb vem entupir de pedidos de ajuda e alguns problemas um sistema que já está sobrecarregado. A frança já lida há que tempos com este problema e ainda não o resolveu. e a avaliar pelo pouco q sei, tem lá havido problemas mais graves. Não sei se o novo presidente vai resolver... mas pelo menos que tente. é que os nossos políticos já desistiram há muito tempo de fazer seja o que for.
Excelente texto, barão. Como sempre.
Uma análise excelente dum problema social complexo e cuja solução será dificil atingir
Sarkozy já se mostrou disposto a cooperar, de mãos dadas, com os tipos que inventaram as armas de destruição maciça no Iraque. Para início de conversa não é famoso.
esse era outro para ser queimado em praça publica!
abraço e bom fds
Uma análise muito profunda da actual realidade europeia e francesa. Não há dúvida de que os imigrantes para o espaço europeu - em especial o dos países ricos - constitui uma situação nova, que cresce no início deste século. Se, por um lado, há o imigrante que quer trabalhar, por outro, há o que quer viver à sombra da bananeira, do chapéu de sol de uma apurada segurança social.
Este último é, sem dúvida, o caso mais problemático e difícil de resolver... Devo dizer que, através da parca informação de que disponho sobre esta questão tão complexa - os próprios políticos e técnicos sociais andam "às aranhas" - acabo por achar imprescindível que se ponha fim ao velho fosso Norte-Sul. Ou estarei apenas a repetir um velho cliché?
Um abraço amigo e... Bom domingo!
Como sempre coerente. Excelente texto. Desejo-te uma boa semana :)
Beijo
Ausente mas não zangada, apenas com muito trabalho, venho pedir-te que passes no
www.oeiraslocal.blogspot.com
porque temos lá uma pequena surpresa para ti.
Um abraço.
I.
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