Completam-se este mês 40 anos do regresso do meu pai a casa, em Janeiro de 1967 passava à disponibilidade depois de 27 meses 4 dias e 3 horas de Angola, sítio para onde foi atirado de junto com outros milhares, sem saber bem o que lá andava a fazer, mas é como ele diz, “…os homens mandavam e nós íamos…”.
Vem este comentário a propósito de se lembrarem, todos aqueles que deram a sua juventude, sangue e lágrimas em prol da Pátria, os antigos combatentes, os veteranos, os velhos lobos das guerras, de todas as nossas guerras, a quem devemos respeito e carinho, mas que como sociedade nunca soubemos apoiar.
Noutras paragens, os veteranos, são acarinhados louvados e apoiados, por cá como de costume, nada, uma fria sensação de esquecimento, uma vergonha não sei de quê, como sociedade rejeitamos durante muito tempo os combatentes, os seus estropiados e mortos, colocados numa prateleira fechada e remetidos para o passado, o seu passado, cheio de fantasmas, de noites sem dormir de mil lágrimas e imagens de terror.
Neste país de trampa, anda tudo ao contrário, os heróis são esquecidos e vilipendiados, as ratazanas, chupistas condecoradas e engordadas. Pouco ou nada se tem feito para apoiar estes homens, o stress de guerra, as feridas que não saram, as maleitas físicas, quase tudo fica por apoiar, ainda que num arroubo de demagogia barata um pedante Ministreco da Defesa tenha enchido a boca dos jornais e televisões com uma mirabolante compensação da reforma, para os antigos combatentes, uma falácia como muito bem sabem os homens que deixaram a sua juventude, nas bolanhas, chanas e picadas da terra vermelha de África.
Noutras terras até existem vejam lá o disparate, casas de acolhimento específicas para velhos combatentes, onde são tratados com todo o carinho e atenção, existem departamentos de ministérios, próprios para solucionar os problemas de quem lutou em nome do país, por cá é o absurdo do esquecimento, a tristeza do abandono, a vergonha de assumir a responsabilidade.
Vão calando as vozes porque essa geração está a desaparecer, como aconteceu aos veteranos da Primeira Grande Guerra, é cada um por si, nem mesmos as associações como a Liga dos Combatentes ou a Associação dos Deficientes das Forças Armadas, parece conseguir que os governos acertem agulhas e de uma vez por todas rectifiquem a sua conduta e façam justiça a estes homens.
Na cabeça de muita gente ainda andam muitos macaquinhos, pede-se tudo para toda a gente, todo o gato sapato traposo que aqui cai vindo de qualquer pardieiro, vem logo reclamar, casa, escola, subsídio e demais mordomias sem nada dar em troca, ao invés a estes homens que deram o melhor do que tinham, nada lhes é dado a não ser desprezo, mentiras e promessas vãs.
Deixo aqui a homenagem sentida a estes homens que deram muito e receberam quase nada, homenageio os homens, não as politicas e as guerras ou as doutrinas, nada disso me interessa, é aos homens que devemos respeito e dedicação, pela entrega e pelo sacrifício, porque lutaram em nome de uma Pátria que lhe virou as costas, é para todos esses soldados anónimos que vai o meu obrigado.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
26 comentários:
"Neste país de trampa, anda tudo ao contrário, os heróis são esquecidos e vilipendiados, as ratazanas, chupistas condecoradas e engordadas...."
Junto-me à tua homenagem ... eu acompanhei alguns casos bem de perto ... fui madrinha de guerra de alguns ...
boa semana
Bjs
Faço também a minha homenagem.
Votos de uma excelente semana de trabalho :)
É assim, amigo barão:
as pessoas sonham com a pacificidade, mas criam as guerras...
Foi e continuará sempre a ser assim, enquanto o ser humano existir neste planeta...e as sequelas ficam para sempre.
Um beijão, obrigada pela visitinha e um ano 2007 fabuloso, pelo menos que tudo o que tens em mente concretizar,se vá desenrolando da melhor maneira.
a sonhadora
En spaña, pasa o mesmo cos que defenderon a República, que era o legalmente establecido, hasta que o Fascista, Franco, dou o traste cas ilusions e esperanzas de todo o país, agas dos fascistas. Pro os que loitaron nos dous bandos eran simples personas que non lles quedaba outra que obedecer, se non querian ser fusilados. Irmans contra irmans, pero a dia de hoxe, uns seguen a ser esquezidos, e os seus corpos, continuan tirados en calquera foxa das estradas que percorren este pais de tolos. Boa semana
Quem por lá passou sabe-lo bem que não foi pera doce.
Compensações é que se esqueceram.
Só os oportunistas tiveram sorte na vida .
Compreendo bem a situação que discriminas pois eu fui um dos que em 64 embarquei.
Mas um dia os VETERANOS darão a resposta a quem hoje se julga superior.
A não ser como dizes a fase dos VETERANOS está aos poucos desaparecendo e seremos esquecidos .touaqui42
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toca a malhar!!!
uns preocupados com o relógio de ponto, que pena que eu tenho desses
outros sem lhes darem o devido ponto de honra, assim é amigo
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Abraço
ola, amiguinho...
pois é as vezes nem nos damos conta de certas coisas ou nem keremos mas é verdade muita gente em outros tempos eram obrigados a fazer coisas k nao keriam e agora com mais experiencia de vida sofrem as consequencias do passado. um bem aja a esses soldados eles merecem.
beijinhos
A nomenclatura que nos desgoverna só respeita quem tiver dinheiro, muito dinheiro. Com o que deram ao berardo, podiam bem tratar so Combatentes de África com a dignidade que merecem. Mas não. Pobre País que não respeita os seu combatentes.
Tens razão e agradeço-te por o lembrares. Continua.
Um abraço
Quando lá estavam a dar o corpo, e muitos a vida, ao manifesto eram esquecidos e despresados nas cidades por aqueles a quem guardavam as costas. Quando da Descolonização onde estive; e sou testemunha de muitas injustiças e ingratidão, por parte daqueles a quem assegurávamos a sua segurança na medida do possível, com muito sacrifício e risco. Hoje é o Estado que bota ao ostracismo aqueles que quando em nome da Pátria os chamou,não fugiram, disseram presente. Um abraço Barão
gande barrao smp em forma.
boa semana
abraço
Viva Barão:
Sem cair em exageros, estamos num país em que toda a gente reclama mais direitos sem pensar nas obrigações nem nas limitações económica do país, penso que os militares que combateram em África e que de algum modo ficaram afectados, após a respectiva triagem, devem ser merecedores duma expecial atenção pelas entidades competentes.
Penso que isso é concensual.
Um abraço,
Uma observação ...ou é 40 anos ou o teu pai regressou em 1966... quanto ao resto devo lembra que os que fizeram o 25 de Abril foram os militares ...mas quem tomou de assalto o poder foram os politicos que tinham fugido da patria ...como poderão eles e os outros que só ouviram falar da guerra nos filmes, entender as dificuldades que tiveram ou têm os seus compatriotas que pegaram em armas nas ex-colonias...
FORÇ'AÍ!
js de http://politicatsf.blogs.sapo.pt
completamente de acordo!
em vez de darem reformas chorudas a politicos, deviam dá-las a quem por qualquer infelicidade pagou com o corpo, uma guerra para a qual nem sequer foi ouvido nem achado
JS ,a vaidade dos politicos actuais desonra quem defendeu a Pátria no antigamente.
Eu regressei em JULHO de 1966 e levei um pontapé nos entrefolhos na chamáda de anos para a reforma que me obrigaram a pagar anos de tropa ao preço actual .
Por cada 50 centavos paguei 12577 escudos mensais , estás a compreender a questão não estás??.
Costumo dizer que favores fez a minha avó que já está no Paraiso á 52 anos.
Tambem deixo minha homenagem a todos que por isso passaram,e meu rasto___________Cõllybry
http://olharindiscreto.blogs.sapo.pt/
É uma pena o governo esquecer por completo os homens que um dia lutaram pela sua pátria.
:)**
Prazer em conhecer !
Vou passando ...
A propósito, o Museu do Trabalho Michel Giacometti está sediado em Setúbal, numa antiga fábrica de coservas de peixe.Completa este ano 20 anos. Aos Sábados (no ùltimo de cada mês ), realiza " Tardes Interculturais" temáticas. Dia 24 de Fevereiro -Timor (poesia,conversas,pintura,gastronomia, música, etc.)
Tertúlias abertas à livre participação ...
Bem, tenho uma opinião um pouco polémica sobre essa época... e é polémica porque as pessoas ainda não sabem como foi feita a descolonização. A informação que não era dada na altura não foi dada depois e as pessoas permanecem ignorantes e dão opiniões ignorantes.
De qualquer forma, os soldados que defenderam o que era nosso (porque era nosso!) merecem homenagem sempre!
Fica bem :)
P.S. Quando me refiro a opiniões ignorantes não me estou a referir a ti, claro.
Caro Barão
Como de costume, um texto cheio de realismo sobre um tema que mexeu com toda uma geração.
Uns comeram a carne e para outros ficaram os ossos.
Um abraço e votos de um bom 2007
A minha postura na blogosfera é normalmente irónica. Tento brincar com a realidade e abordar as questões de uma forma caustica e ao mesmo tempo interventiva!
Este teu post é talvez o primeiro que me faz comentar de uma forma mais séria. Eu sou ex-militar, sei do que falas e apesar de não me vitimar, considero, tal como tu , que há uma enorme falta de respeito por quem tudo deu sem nada ter pedido.
Sauadções infernais!
Ainda ontem revi o filme "A vingança do herói",vem de encontro ás tuas palavras neste post. Pelos vistos nem só em Portugal, os heróis são esquecidos e vilipendiados!Eles pagam é a factura dos erros dos outros que os mandaram.
beijinhos a ti e ao teu pai
Tudo isso não seria assim se vivessemos num país de politicos sérios. Não preciso dizer mais nada. Tudo bom.
Caro amigo o teu pai tal como muitos foram dar a vida por um páis que não passa duam ingrata província de Espanha
Meu caro Barão,
“Se serviste a pátria e ela te foi ingrata, tu fizeste o que devias, ela o que costuma.”
Padre António Vieira
Os verdadeiros heróis foram os que fizeram o derradeiro sacrifício e não voltaram. Outro tipo de heróis voltou estropiado no corpo, na alma e no espírito. Depois, depois há os “heróis” de Argel, Paris, Londres e outros santuários da cobardia e ainda queres que esses “castanhos” reconheçam os veteranos?
Quando há hoje chefes militares que tinham medo, enquanto aspirantes tirocinantes, de agarrar numa granada de morteiro 81mm e mete-la pelo tubo abaixo e hoje são chefes…
A grande maioria assemelha-se ao whiskey Passport…sabes? Verde, cheio de medalhas mas é uma grande merda!
Um abraço
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