sexta-feira, outubro 17, 2014

As armas do terror!



Onde está o Exército Islâmico a comprar as armas para sustentar a ofensiva que mantêm há tanto tempo? Que tipo de logística utiliza e por que fronteiras entra todo esse equipamento? Que fontes de financiamento utiliza e como é que movimenta os recursos financeiros de que dispõe?
Os conflitos contemporâneos têm sido verdadeiros milagres para a indústria do armamento, dadas as quantias astronómicas de armas ligeiras e munições que foram gastas nestes conflitos. Por exemplo e a título meramente informativo, os Aliados gastaram cerca de 25,000 munições por cada inimigo abatido, esse rácio subiu para 100,000 durante a Guerra da Coreia e atingiu as 200,000 durante a Guerra do Vietname, sendo que as últimas estatísticas consultadas dizem que no conflito do Afeganistão se gastam 250,000 munições por elemento inimigo abatido.
Através deste breve exercício estatístico, se verifica que sustentar um conflito prologado no tempo exige um gasto muito elevado de munições, e se nos ativermos aos números observados veremos que eles dizem respeito a exércitos de soldados mais ou menos profissionais, que apesar de tudo exercem algum controlo sobre o fogo que fazem, o mesmo não se passará com milícias militarizadas com são as dos Islamitas, cuja disciplina de fogo a existir deverá ser praticamente nula, logo o dispêndio de munições deverá ser gigantesco. 
Os conflitos armados modernos necessitam de uma base logística muito organizada e capaz, falamos claro está dos necessários reabastecimentos de munições, de alimentos, de combustíveis e de bens de todo o tipo, além de protocolos de evacuação de baixas, transportes e deslocações, manutenção de estradas e unidades terrestres, num grande esforço de coordenação, que tem sido o grande calcanhar de Aquiles de quase todas as operações militares de envergadura dos últimos duzentos anos.
O financiamento e as rotas de abastecimento são outros itens problemáticos das operações militares, os militares são caros, os sistemas de armas mesmo os mais convencionais são caros, os combustíveis são caros, acaso um país não produza em quantidade aquilo que necessita esse material tem de ser importado, existe todo um aspecto económico nos conflitos armados que os torna uma grande dor de cabeça para todos os que estão envolvidos no planeamento de operações.
Os Jiahdistas parecem ter uma boa organização, tem ao seu serviço militares de carreira principalmente Iraquianos e Sírios, falamos claro está de oficiais superiores com conhecimentos sobre planeamento e gestão de operações militares complexas, que estão a coordenar o esforço militar daquilo que era olhado pelos especialistas ocidentais como turba desorganizada. Em termos de fontes de rendimento, sabe-se que a queda de Mossul permitiu desviar cerca de 308 milhões de Euros, que se encontravam guardados em cofres dos bancos da cidade, especula-se também sobre o facto de países do Golfo Pérsico como a Arábia Saudita o Qatar, Kuwait e os Emirados estarem a financiar os insurgentes.
No entanto existem factos preocupantes, como perceber que bancos utilizam os terroristas para movimentar as quantias necessárias para efectuarem as transacções, como é possível que esses montantes estejam a fugir ao controlo das entidades internacionais, como é possível que uma organização terrorista possa ocupar poços de petróleo, continuar a extrair o petróleo e a transacciona-lo, que países e organizações empresariais estão a dar cobertura a essa situação e o que estão a entidades internacionais a fazer para combater tais atropelos à legalidade. São demasiadas questões que até agora estão sem resposta e tem profundas implicações na actual situação do conflito.
Outro dado interessante é o da logística. Onde estão os aeroportos que recebem os aviões que estão a alimentar as necessidades dos terroristas, que companhias aéreas estão a fazer esses transportes, quem está a vender entre outras coisas as armas de que os terroristas necessitam, porque mesmo utilizando o argumento de que os terroristas capturam grandes arsenais, a campanha quase ininterrupta de combates que têm sustentado em várias frentes, ainda que se falem de conflitos de baixa intensidade, o consumo de munições e de armas é astronómico, logo a conquista de tais arsenais não explica tudo, que países permitem esses voos?
Muito pouca coisa está por ora explicada, sobre como uma organização terrorista, consegue surgir aparentemente do nada, ainda que o fenómeno fosse expectável há algum tempo, por causa da implosão e vazio de poder existente quer no Iraque quer na Síria, bem como por causa das clivagens étnico religiosas que dividem as populações daqueles estados falhados e em larga medida estado fictícios, produto do acordo Sykes-Picot de 1916, que criou entidades territoriais fictícias, sem ter em conta as tensões étnicas, sociais e religiosas daqueles locais.
Nada neste processo parece ser claro, o facto indesmentível é que os terroristas continuam de vento em popa, não fora o caso de ter sido preso em 2008 e estar a cumprir uma pena nos Estados Unidos, diríamos que o famoso “Mercador da Morte” Viktor Bout, mantêm o seu negócio, ou será que mesmo detido as suas empresas de fretamento aéreo continuam a desempenhar a sua missão, afinal os arsenais russos são uma quase inesgotável fonte de armamento. Outra incógnita parece ser a China que curiosamente a par de algumas declarações governamentais inconsequentes se mantêm “a leste” deste grande problema.
Apesar de todas as intenções declaradas, a Europa continua o seu normal processo atabalhoado de reacção a várias vozes, sem realmente reagir enquanto entidade política una, quer através das suas estruturas militares supranacionais como a NATO e ou o Common Foreign and Security Policy, mesmo a Comissão Europeia revela-se titubeante e amorfa, sendo que as reacções mais acaloradas vem como de costume da velha Albion e da França.
Muito está então por esclarecer, muitas vítimas inocentes irão ainda perecer, vitimadas pela barbárie dos terroristas até que os países que alegadamente sustentam os pilares da Democracia e do respeito pelas liberdades e garantias dos cidadãos, se resolvam a actuar conforme, enquanto isso, é absolutamente patético, lembrando algumas guerras do século XIX, ver os tanques turcos parados na fronteira enquanto a uma curta distância os islamitas massacram a cidade Curda de Kobani!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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