Nada anima tanto o espírito
português como o “sem-vergonha”, este verdadeiro hussardo do campo de batalha
social, foi elevado à categoria de quase mítico herói nacional, muito se
percebe de um país pela qualidade dos seus mitos e heróis, no que a Portugal
diz respeito estamos pois conversados, o “sem-vergonha” é um sólido indicador
daquilo que é este país.
O “sem-vergonha”, atravessa a
sociedade de lés a lés, prospera e engorda, Portugal é dos mais extraordinários
paraísos para os “sem-vergonha”, animados com os bons ares, alumiados com os
solarengos dias sem par acima do equador, o “sem-vergonha” almeja o mundo o céu
é o limite e a imaginação, não conhece limites o que torna perigoso o “sem-vergonha”,
qual infante desconhecedor dos limites, enérgico o “sem-vergonha” nunca se
queda se estar a congeminar futuras sem vergonhices, os mais anónimos vão
passando impunes nas suas terrinhas, com as suas trafulhices sem vergonha,
assegurando os seus lugares em círculos de amizades onde se insinuam por forma
a conseguirem aceder a outros locais, e é vê-los em clubes de futebol, em
associações, em confrarias e autarquias, aos mais famosos dos “sem-vergonha”,
espera-os, a consagração, deputados, ministros, até presidentes da república.
Com os amigos nos locais certos,
ou servindo-se dos amigos, a quem enfia o barrete sem qualquer pejo ou
obstáculo moral, coisa que aliás desconhece, o “sem-vergonha” não sabe o que
moral, desconhece a consciência e é completamente omisso ao conceito da honra e
da honestidade.
Não conhecemos país em que o “sem-vergonha”
se sinta tão à vontade como em Portugal, por mais que seja a sua falta de
vergonha, por pior que seja a sua trafulhice, por mais hedionda que seja a
vigarice que o “sem-vergonha” perpetre, não só tem defensores, como pessoas que
até temos na conta de inteligentes e integras se desvelam no apoio ao “sem-vergonha”,
aliás só num país absolutamente labrego e falho em honestidade se aponta mais
facilmente o dedo e discrimina alguém por causa da sua orientação sexual, do
que pela falta de honestidade, esta subversão pervertida dos valores morais da
honestidade é completamente estúpida. Chegamos ao cúmulo de ver insultar e agredir
alguém por ser homossexual, e ver exultar desculpar e à boa maneira labrega e
subserviente tratar por “doutor” o maior dos, sem-vergonha.
É confrangedor assistir ao
branqueamento que se faz do “sem-vergonha”, é absolutamente triste, constatar
que ao “sem-vergonha” tudo se lhe permite, e que a atitude normal do cidadão comum
é desculpar, compreender e procurar apoucar a sem vergonhice, o que nos leva a
pensar que em cada português existe veladamente escondido um potencial “sem-vergonha”
que sob as condições certas despontará qual flor corrupta e malévola, esta
obscura lembrança não nos deixa augurar nada de bom para um país que possui tal
qualidade de gente, será que somos um povo de trafulhas, vigaristas, aldrabões
e trapaceiros sem vergonha?
Resposta fácil, se olharmos
atentamente para a nossa sociedade, se olharmos para as instituições e para os
seus representantes, se olharmos para nós próprios, facilmente descobrimos a
resposta, sim, somo um mais de velhacos, trapaceiros, aldrabões e vigaristas
sem vergonha!
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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