sexta-feira, julho 03, 2009

Ai Verde Pinho!

Naquele tempo o Profeta, andava já de orelhas murchas, os Filisteus laranjas, atazanavam-lhe constantemente a vida e como se isso não bastasse tinha de andar constantemente a vigiar os apóstolos, que volta e meia, metiam cada argolada, que valha-me o meu Pai! Como dizia o Profeta, enquanto calçado com as caligae da moda, importadas de Roma, corria para descontrair e pensar, à volta das ruas daquela terra da Samaria, onde os Macabeus vermelhos e os Fariseus bloqueiros, assim chamados porque traziam sempre à cinta um bloco de pedra para atirar a quem quer que fosse por qualquer motivo.
Mas o perigo não vinha de fora vinha de dentro, naquele dia, o Profeta disse aos seus discípulos.
- É pá, vocês tomem tino que isto está de resto, portanto tentem não estragar o arranjinho a ver se ainda consigo o milagre de salvar isto, a culpa é do Benfica, foram buscar Jesus, tramaram-me logo, mas andando, muita atenção a todos, em especial tu ó Pinho Verde…
- Com certeza Mestre, podes ficar descansado que nem abro o bico, ontem estive a ver umas largadas de toiros no Colete Encarnado e a debicar uns petiscos, aquela poeirada toda deixou-me a boca toda seca e a saber a papel de música, como me deitei tarde fiquei com estes olhos de Goraz, por isso estou um pouco mole, nem me vou mexer fica descansado.
- Assim espero, o resto de vós, tento na língua e deixem a matilha ladrar, que eu trato deles. – Subiram a rua entraram na rua onde morava a viúva de um antigo camarada, era uma senhora bem conhecida, prestável e caridosa, muitas vezes tinha saciado a sede a Pinho Verde e a outros, tão conhecida que sempre alguém perguntava sobre aquela rua, fazia-o do seguinte modo.
- Olhe, por acaso sabe onde fica a rua da São Bento?
- A Dona São cuidava também do tabernáculo das reuniões para onde se dirigiam agora o Profeta e os apóstolos, até lhe chamavam o tabernáculo da São Bento, lá chegados, tocou o sino e entraram, iria começar o debate.
O debate ia a meio acalorado, o Profeta arengava à assembleia, terminado o seu discurso, eis que o chefe dos Filisteus, se levanta e pedindo a palavra inicia assim o seu discurso, pedindo ao Presidente do Tabernáculo que imponha a ordem, que actos inqualificáveis aconteceram dentro daquela casa sagrada, porque torna e porque deixa, logo depois seguiu-se um mesmo pedido feito pelo segundo chefe dos Macabeus logo seguido pelos Fariseus.
Na sua cadeira o Profeta virava-se para um e para outro lado sem perceber nada daquela treta de conversa, mas que raio de gestos foram, que dianho tinha ele dito, foi aí que apostolo Costa, se acercou dele e lhe confidenciou, que Pinho Verde fizera das suas.
-Rai’s parta o diabo do homem, perdoa-me Pai! Mas onde é que está essa grandessíssima cavalgadura? – Pinho Verde, entretanto agastado com a toirada tinha abalado. Ninguém sabia para onde, simplesmente esfumara-se, o Profeta ainda pensou que por uma intervenção do Pai, um milagre tinha ocorrido e Pinho tinha sido simplesmente volatilizado, evitando assim, desculpas e comentários infelizes, além de ter de ir pedir desculpa aquela corja de rafeiros pulguentos que enchiam o Tabernáculo, que sapo teria de engolir, valha-me o meu Pai! Exclamou o Profeta.
Mais tarde explicaram-lhe que, após umas bojardas lançadas pelo Macabeu de serviço contra Pinho Verde, este se exaltara e declarara com gestos a complementar.
- Tu ó comuna do c….. devias era ir para a largada também, ser picado à vara, ganda boi!
-Óh desgraça das desgraças, já demiti o cretino, alias, devia tê-lo, feito no dia em que ele decretou o fim da crise, ainda ela nem tinha começado, devia ter logo suspeitado de que ali andava água corada!
- Mais triste que uma noite de breu, o Profeta voltou para casa, a demissão de Pinho Verde em nada ajudava a causa, além disso, aquela Fariseia esgalgalhada, não o deixava descansado, com aquele ar de matrafona desenxabida iria dar a volta aos papalvos para a elegerem, maldita sorte, sentado no pequeno banco talhado em bela madeira de faia, erguera os braços para o escuro firmamento e soltara um grito…
- Pai, porque me abandonas-te!
- De seguida levou com a bota cardada de alguém no cara, que lhe disse, que se ele repetisse a gracinha chamava a Ronda da Noite, porque aquilo não eram horas para andar a gritar e se quisesse uivar que fosse para o monte Gólgota, que era ali perto.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

2 comentários:

Aufwiedersehen disse...

Brilhante ò Barão.
Bela "estória". Até pensei que poderia ter acontecer na nossa era.
Mas claro que é só imaginação e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Jóias destas só ocorrem depois de uns valentes garruços numa qualquer taberna.
E tu até parece que estiveste por lá, tal a precisão da croniqueta.
Só não percebi aquela tirada do "abandonas-te".Não dá com nada. Deve ser do tintól a martelo, que, àquela hora da madrugada e na confusão dos corninhos atirados pelo Verde Pinho, causaram grande alarme.
Muita gente no Tabernáculo Republicano deve ter indagado: “Será que este par de galhos são para mim. Dizem que somos sempre os últimos a saber”. Grande sentido de cidadania demonstrou o pintalgado Pinho ao especificar, com precisão, a quem eram dirigidos.

A. João Soares disse...

É com prazer que visito o espaço do Barão, embora a falta de tempo não permita deixar comentários.

Convido a visitar o post Que futuro teremos?.
Trata de um assunto que merece ser comentado, com seriedade. O tema merece profunda reflexão.

Abraço
João