sexta-feira, março 21, 2025

Labreguices…


 Fonte:https://discover.hubpages.com/literature/Top-10-redneck-stereotypes

 

Portugal está em plena mudança, a população autóctone declina, em breves décadas seremos um país de velhadas caquéticos, talvez o primeiro país da Europa que verá a sua população autóctone extinguir-se, não é bom nem é mau, é apenas a dinâmica da História a seguir o seu curso natural.

Mas não liguem ao meu pessimismo excessivo, que não é disso que vos quero falar. Quero isso sim falar-vos da labreguice, e vou atribuir ao vocábulo um dos seus vários significados, a saber, «Que ou quem é considerado demasiado ingénuo ou ignorante ou seja "Lorpa"», esta tal labreguice corre impante pelo país, voltassem hoje reerguidos da tumba os Vencidos da Vida, e estou seguro que prestes morreriam todos de apoplexia, não que as mudanças sejam muitas, são é ainda mais gravosas, a politiquice continua mais ou menos na mesma, com os seus miserandos actores, porém cada vez com pior qualidade, não estranhariam isso esses “vencidos”, provavelmente ficariam apenas espantados como é possível descer tanto e tão baixo, como é possível tanta mediocridade, mas não creio que estranhassem.

Já no que toca a algumas peculiaridades da sociedade, creio que esses bravos “vencidos” se vissem tentados a arrepelar os cabelos, com por exemplo, entre outros fenómenos patéticos, no que toca à utilização da língua portuguesa, e já não falo na cada vez maior perda dos sotaques regionais, que são noutros países uma riqueza, por cá sempre o foram olhados de soslaio. Não falo na moda dos “doutores”, nem na moda dos nomes compostos, coisas labregas que eram do “tempo” dos vencidos e que hoje deveriam ser arcaicas, são surpreendentemente moda, não falo na dupla acentuação de algumas palavras, mais uma labreguice dos que têm a mania de bem falantes.

Falo de modas estúpidas que desvirtuam a nossa língua, por exemplo, o «póssamos» ao invés do «possamos» ou o ainda mais labrego «fáçamos» ou invés do correctíssimo «façamos», um outro exemplo, hoje já é raro ouvir alguém dizer - «vou falar-lhe», o mais comumo é ouvir a labreguice «vou falar a ele», aplicando-se essa formula labrega a todas as formas, «vou falar a ele», «falei a ele» ou «falei a elas», num orgia de labreguice nunca antes vista.

Tão mau quanto isso é uma outra labreguice, que nos entrou pela casa adentro propalada por uma luminária do telelixo nacional que referindo-se a si próprio como um cultor da língua nacional, declarou, que ao cumprimentar alguém dizia sempre – é um gosto, porque prazer é outra coisa – afirmou a galhofeira e pateta criatura, que entende tanto da língua que fala com eu entendo de lagares de azeite.

E foi um ver se te avias, de «muito gostos», o coitado do “prazer” foi para o maneta, arremessado para o oblívio por uma horda de sevandijas labregos que achando-se muito cultos, demonstram que são apenas uma bela e refinada corja de labregos, e assim meus caros vai o nosso pacífico caminho para a extinção, começando nestas pequenas coisas, nestes pequenos detalhes que parecem irrelevantes mas que bem pelo contrário revelam o estado de miséria deste país.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

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