sexta-feira, setembro 27, 2024

Vestir a camisola e outras patranhas…

 

Fonte da imagem: https://www.dicio.com.br/tiranete/

 Esta semana que passou, entre muitos outros disparates, deparei com duas publicações que me deram volta ao estômago, tal é a labreguice de uma e de outra. Começo por uma delas, ambas proferidas por finos exemplos de “autarqueiros” que é o que temos ao invés de autarcas dignos desse nome, na cada vez maior falta de autarcas de qualidade, o mais que vamos tendo é esta súcia “autarqueiros”, mas também é minha convicção que este poveco que somos, não merece mais.

Vai daí que então, um destes dias um desses “autarqueiros” vai-se aos pasquins, quase todos sempre ávidos de repicar as novas vindas dessas avantesmas, até porque, muitos desses pobres e medíocres exemplos de jornalismo vivem das tenças que as edilidades lhes vão dando em troca da publicação de anúncios, ora dizia eu que esse dito “autarqueiro” vai-se aos microfones e anuncia que de uma assentada, vai gastar 14 milhões de Euros em equipamentos desportivos.

Disse o tal “autarqueiro” que “ este será o maior investimento de sempre nas infraestruturas desportivas do concelho.” O homem justifica-se com a promoção do desporto e por consequência a promoção da saúde, aduzindo ainda uma conta, que carece de verificação, de que “cada euro gasto em desporto são quatro euros poupados em saúde.”

Ora vamos lá então zurzir nesta alimária. Não é que não concorde com o “desporto”, mas numa cidade com muitos jardins e escolas com condições a roçar o medíocre, numa cidade envelhecida, tal como o país, desbaratar tanto dinheiro em idiotices desportivas, parece-me um pouco demais, se o prezado “autarqueiro” vociferasse a intenção de construir dois ou três lares para idosos, ainda que construisse mais um campo da bola, parecer-me-ia muito mais ajuizado, até porque equipamentos e infraestruturas desportivas temos em barda, mesmo que algumas estejam em condições menos boas, agora lares e locais para cuidar de idosos não temos de todo, será que merecemos este tipo de gentalha “autarqueira”? Sim! É minha convicção que este poveco que somos, não merece mais que isto.

Uma outra publicação que me deu vómitos profundos, foi uma publicação de outro “autarqueiro”, que a propósito de um “fait diver” labrego, resolveu elogiar alguns dos seus funcionários, da turma dos eleitos, porque apesar de serem técnicos superiores, como se isso fosse relevante, fizeram um lanche, logo pela lógica desse “autarqueiro”, são exemplos frutuosos daqueles que “vestem a camisola”.

Ora vai daí que, esta expressão do “vestir a camisola” que sempre me deu asco, acho-a aliás asquerosa, na imediata proporção de que se eu desempenho as minhas funções de forma isenta e profissional, se cumpro horários e se respeito as hierarquias e colegas, já estou a vestir a tal camisola, não é por fazer “lanchinhos” que advém essa qualidade.

E devo ser portanto respeitado, acarinhado e pago por essa minha disponibilidade de desempenhar de forma profissional as minhas funções, isso deveria bastar. Infelizmente sabendo nós de antemão como funciona esta súcia “autarqueira”, o estar disposto a fazer “lanchinhos” entra directo na categoria da pura sabujice, o mais puro lambecuzismo, a que gente que não se respeita enquanto profissional se predispõe para, claro está, colher sempre os louros, distribuídos pela benévola mão do dono, das prebendas que lhes asseguram os concursos martelados para aceder aquela promoçãozita que lhes rendera mais uns valentes cobres ao fim do ano, e o “vestir a camisola” é basicamente isto.

O “vestir a camisola” é muitas vezes não ter coluna vertebral, é ser sabujo, para estar sempre de bem com o “chefe”, infelizmente isto é o prato do dia, isto tudo é tão mau, tão absolutamente medíocre que até dói, mas é a mais pura e dura das realidades, sem prejuízo de as pessoas poderem fazer todos os lanches que quiserem, para quem quiserem, coisa que não fazem, pois são muito selectivos e trabalham exactamente com o intuito da sabujice, isto na maior parte das vezes, e mal andam também os sindicatos que enchem a boca com a “valorização das carreiras”, as carreiras estão sobejamente valorizadas, falta isso sim valorizar as pessoas, valorizar a sua formação académica e profissional isso é que faz realmente falta, deixar as pessoas estagnadas em carreiras miseráveis quando possuem qualificações académicas e profissionais de excelência, apenas porque não caíram nas graças de um qualquer chefe aspirante a tiranete, mas disso ninguém fala.

Os exemplos que sucintamente descrevi foram apenas dois tristes exemplos, do modus operandi, dos “autarqueiros” típicos deste Reino do Faz de Conta a que chamamos Portugal, e será que merecemos isto? É minha mais profunda convicção de que sim, sem qualquer dúvida, este poveco que somos, não merece mais que isto, pior não tem sequer consciência cívica nem ética para almejar mais e melhor.


Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

 

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