quarta-feira, fevereiro 17, 2021

Esta coisa, a pandemia.

 

A pandemia está cada vez mais a trazer à tona o pior que há na Humanidade, cupidez, estupidez, boçalidade, estultice, labreguice e miserabilismo, mais o que se queira, evidente que no meio desta perfeita tempestade de disparate surgem ilhas de bom senso e de bondade que nos fazem ter esperança, mas no geral a pandemia, ao contrário daquilo que muitos quiseram acreditar quando propalaram até à exaustão que “vamos sair disto, melhores pessoas”, mostra-nos que estamos cada vez mais mesquinhos, mais patéticos, mais avarentos e egocêntricos.

Nem sequer falo das hordas de “negacionistas”, de teóricos da conspiração, mais das suas fabulosos e quiméricas para não dizer patéticas efabulações, aliás não tinha a percepção de que Portugal possuía tantos cientistas, tanta gente dedicada à pura ciência, basta correr as redes sociais internauticas e ver o ror de gente com teorias acerca de tudo, mais do seu contrário, é só cientistas, realmente somos um país de doutores, arre macho toca pra diante.

Também não me cinjo, aos exemplos biltres e nojentos de gentalha, que se tem abotoado com vacinas, invocando as mais das patéticas e mentirosas razões, não, esses representam apenas aquela quota-parte de gentalha que temos na nossa sociedade, que sempre cá estiveram e sempre cá vão estar, porque são inatingíveis, estão sempre acima da Lei, consequentemente fazem o que querem e quando querem, porque sabem que nada lhes vai acontecer como será o caso presente, bem disse a outra que são efectivamente “a fina flor do entulho”, nisso acertou, apesar do desbragado da linguagem que lhe fica mal, mas que subscrevo inteiramente, a maioria daquela gentalha, a provarem-se os factos merecia ser açoitada de nádegas ao léu na praça pública, zurzida sem dó, corja de bandalhos.

No entanto a minha maior preocupação não se prende com as horda de tontos, de que vos falei acima, prende-se antes com o estado cada vez mais periclitante da saúde mental de todos nós mas mais em especial dos mais novos, das nossas crianças, isto sabendo nós, com dados científicos fornecidos sobre a literatura sobre o tema, que Portugal tem uma elevada incidência de problemas mentais na sua população, temo bem que esta situação espoletada pelo vírus esteja a fazer piorar esses indicadores e a fazer perigar ainda mais a saúde mental das nossas crianças, colocando em risco o seu desenvolvimento e o seu futuro desempenho, o que me leva a questionar, que adultos serão estas crianças no futuro, acaso não se tomem as devidas precauções para atalhar, para tentar mitigar e ou para sarar as chagas que vão surgir no percurso destas crianças por causa da actual situação.

E quando digo crianças, não falo apenas dos mais pequenos, falo inclusivamente dos pré-adolescentes, dos adolescentes e até dos jovens adultos, falo destas faixas etárias, porque me parecem ser os que mais sofrem, com os confinamentos, desde logo porque mais novos, porque alguns ainda em estruturação com a consequente falta de maturidade própria do seu período etário, mas também talvez porque sejam de gerações menos habituadas a sofrer contrariedades, menos habituadas ao sacrifício, logo sem as adequadas ferramentas e ou mecanismos comportamentais, sociais e mentais para ter a necessária resiliência para passarem por este ordálio o melhor possível.

Preocupam-me pois estas crianças e estes jovens, preocupantes são também os exemplos que nós os adultos lhes estamos a dar, precisamos de lhes fornecer bons e sólidos exemplos, de bondade, de entreajuda, de disponibilidade, de decência e resiliência para que se possam fortalecer, infelizmente ao invés disso, o mais que se vê, são, infelizmente, muito péssimos exemplos de avareza, codícia e miserabilismo intelectual, que são dispensáveis, mas que parecem ter tomado conta desta nossa sociedade, ainda há tempo para inverter o caminho, pensem nas crianças.

 

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

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