domingo, dezembro 20, 2020

Um ministro calimero...

Depois de ter atentamente, escutado, o senhor ministro Cabrita durante aquela inenarrável e patética conferência de imprensa, convocado pelo próprio, a propósito da tragédia da morte de Ihor Homeniuk alegadamente às mãos de inspectores do SEF, naquela que é uma absolutamente miserável trapalhada que envergonha este país, várias coisas se me aprazem dizer, sobre o senhor Cabrita, nenhuma delas boa.

Nesta conferência de impressa, onde o senhor ministro da Administração Interna revelou ser alguém que padece de uma síndrome a que vou carinhosamente chamar, “Síndrome Calimero”, quero com isto dizer que o senhor ministro pouco ou nada de útil disse, preferindo vitimizar-se, queixar de tudo e mais um par de botas, numa atitude absolutamente patética vinda de um membro de um governo.

Dito isto, evoluamos para uma, a minha, observação, sobre a audição a que o senhor ministro foi sujeito, em sede de comissão parlamentar, a propósito da infausta e bárbara ocorrência acima descrita. Começo por dizer que na minha muito humilde opinião, as comissões parlamentares não valem sequer o ar que por lá se respira, são actos rituais que apenas servem para “dar ar à boca”, servindo essencialmente como espaço de luta partidária e politiquice reles e pouco mais, porque destituídas de quaisquer poderes, estas comissões não servem o pretenso propósito que se arrogam.

Despi-me portanto dos preconceitos que tenho sobre o senhor ministro, em especial achar que ele está para a Administração Interna como um selim está para as costas de uma vaca, ou seja o homem pode ser muito competente, noutras áreas, como ministro do MAI é uma absoluta nódoa, como as várias trapalhadas e atitudes, que tem protagonizado pela negativa, provam, para lá de qualquer dúvida. Assim despido destes preconceitos predispus-me então a ouvir o homem, abri o peito à redenção da criatura, infelizmente no fim da tal audição, fiquei com a mesma opinião, o pobre homem, que por boa pessoa que seja e acredito que é, como ministro de uma área tão específica e sensível com a Administração Interna, o homem como diz o povo “não dá uma para a caixa”.

Foi também muito revelador e igualmente muito triste, verificar que existem deputados deste país, pagos como o nosso dinheiro que vilipendiam do forma absolutamente miserável instituições deste país, de uma forma que eu diria quase criminosa, gente que de forma tão miserável não tem pejo em denegrir instituições basilares desta pretensa Democracia, não merece ocupar os lugares que ocupa, não merece o púlpito que tem, isto sem prejuízo de eu ter a firme convicção de que todas as instituições precisam de escrutínio e de firmeza mas complementarmente necessitam de ser defendidas e acarinhadas, cabendo aos deputados da Nação essa defesa, mas ainda que as não queiram defender, devem, abster-se de denegrir as forças de segurança, que são o garante primeiro do lugar e da segurança desses mesmos deputados que parecem ter algum distúrbio e não perceber nem ter qualquer sentido de Estado.

Mas voltemos ao senhor Cabrita, que é a estrela desta minha epístola «artigal», o senhor ministro desfilou mais um chorrilho de baboseiras, tentando, como sempre tem feito, desde o início desta tragédia, “fugir com o rabo à seringa”, na verdade, como eu sempre acreditei, desta audição aproveitou-se pouco.

Exigir a demissão do homem é pateta, exigir a extinção do SEF é apenas estúpido, o senhor Cabrita deve continuar, para que remedeie a trapalhada em que se meteu, infelizmente, o homem, desde que foi nomeado, que é muito pouco ou mesmo nada respeitado, pelas várias instituições que tutela, depois disto perdeu o resto do respeito que ainda lhe tinham, dado que Autoridade, não tem nenhuma, como a não tem este Estado representado por um governo tíbio cuja Autoridade se resume aos corredores dos ministérios e pouco mais, ainda assim demitir não é solução, ficar e arcar com as consequências, dar o corpo às balas, isso é que é de honra, é isso que exige a decência, se uma e outra existirem claro está.

Tenho amigos no SEF, gente decente, que não se revê nesta ocorrência, este infeliz incidente, terá de ser escalpelizado, investigado sob várias perspectivas para que se perceba que descontrolo ali ocorreu, que anomalia foi aquela.

Isto tudo envergonha-me, primeiro porque não lhe prestei muita atenção, porque me esqueci inclusivamente que um homem morreu, assassinado, alegadamente por aqueles que o devem proteger, apesar de conhecer a endémica falta de condições do SEF, do improviso e da carolice, costumeira, que vai fazendo as instituições funcionarem, nada disso justifica esta barbárie, que nos deve envergonhar a todos enquanto sociedade, Portugal devia estar a discutir que raio se passou ali, uma vida humana perde-se sem que nada o justifique, ao invés disso estamos preocupados e a discutir a que horas e quantos podem comer rabanadas, povo triste este.

 

P.S. – Enquanto escrevia estas linhas, estava a ver pela televisão o bastonário da Ordem dos Médicos, que desmentia as informações, acerca da certidão de óbito do infeliz Ihor, prestadas pelo senhor Ministro na audição parlamentar, mais uma trapalhada, definitivamente o senhor Cabrita é um poço sem fundo de trapalhadas, omissões e inverdades.

 

Um abraço, de Festas Felizes, deste vosso amigo

Barão da Tróia

 

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